Nietzsche entre a Pólis Grega e o Terceiro Reich Alemão

Abstract

Resumo: O objetivo deste ensaio é o de analisar a interpretação que Nietzsche faz da política grega antiga e as suas implicações na crítica que ele remete à cultura moderna. Críticas essas que, muita das vezes, comprometem a sua filosofia com formas de pensamentos protofacistas. Para tal tarefa, privilegiamos, sobretudo, os estudos de juventude, nos quais, o filósofo trata da política entre os gregos, mas sem negligenciar passagens, em textos, de outras fases, quando forem relevantes para a nossa análise. Palavras-chave: política -Estado -aristocrático Nietzsche e o Terceiro Reich AlemãoNietzsche, em Ecce homo, teve certo presságio de que algum dia o seu nome estaria associado a algo de terrível, assim exprimiu: "como uma crise sem igual na Terra, o mais profundo embate de consciência". (EH/EH, Por que sou um destino, 1, KSA 6.365). Sem dúvidas que o filósofo-profeta acertou quanto ao destino que lhe reservava a história, pois, o seu nome está ligado, de uma vez por todas, ao cruel e abominável movimento nazifascista que aterrorizou o mundo, poucas décadas depois de sua morte, em 1900, devido ao uso abusivo que fizeram da sua obra. Portanto, por mais que se tenha tentado desvencilhar o nome de Nietzsche do nazismo,

A dimensão subjetiva da dominação social: a recepção de Nietzsche na teoria crítica de Horkheimer nas décadas de 1930 e 1940

“…189 Para uma revisão das fontes sobre a relação entre a ideologia nazista e Nietzsche, veja-se o ensaio "Nietzsche como precursor da estética fascista" (1934), de Lukács; o artigo "Interpretações nazistas" de Montinari (1999), publicado em 1981; o livro The Nietzsche Legacy in Germany (1890-1990), de Aschheim (1994); a coletânea Nietzsche, Godfather of Fascism? On the Uses and Abuses of a Philosophy, de 2002; e o artigo "Nietzsche entre a Pólis Grega e o Terceiro Reich Alemão", de Julião (2016). Em 1934, Lukács escreve sobre estas apropriações nazistas de Nietzsche do ponto de vista de alguém que considera que este filósofo de fato favorecia estas interpretações.…”