A Práxis Do Trote: Breve Etnografia Histórica Dos Rituais Estudantis De Coimbra

Abstract

Este texto foi escrito originalmente em português de Portugal, onde a noção de trote tem a designação de praxe. A praxe é uma práxis que pode ser entendida em sentido amplo ou mais restrito. O Código que regula a praxe em Coimbra (com 290 artigos) 1 define-a simplesmente como "o conjunto de usos e costumes tradicionalmente existentes entre os estudantes". Numa linha que vai ao encontro da ideia de "ritual iniciático", do antropólogo Van Gennep (1981), o historiador Paulo Archer de Car valho, definiu as praxes como "a sobrevivência simbólica de rituais de passagem, de presentificação e de heterorreconhecimento, balizadas por gestos que tentam assinalar a desbestialização do aprendiz e a sacralização do ofício intelectual, partindo do princípio -consagrado na própria nomenclatura (o burro, a cabra, o chocalho, a "magna besta", etc.) -de que o ser humano é à nascença uma besta" (Assembleia da República, 2008). Tais rituais, por vezes considerados mecanismos de integração, visam "testar" ou "pôr à prova" o "novato", o "recruta", aquele que acaba de chegar a uma nova condição ou comunidade e que a ela deve submeter-se.Ao contrário do caso brasileiro, essas práticas (trote/praxe) são, ainda hoje, um verdadeiro fenômeno de massas nas universidades portuguesas.Segundo estudo internacional recente, 2 cerca de 73% dos jovens universitários portugueses afirmaram ter sofrido alguma praxe mais pesada quando entraram na universidade (enquanto a média dos países estudados era de 25%),

El rito de iniciación de las novatadas universitarias en la ciudad de Soria

“…Aunque son un ritual cuyos orígenes se remontan a la creación de las universidades en la época medieval (de Melo Costa, 2013), han sido poco estudiadas en la literatura sociológica (Alexander y Opsal, 2021). La gran mayoría se centran en países como Estados Unidos (Alexander, 2020;Allan et al, 2019;Campo et al, 2015;Cimino, 2013;Drout y Corsoro, 2003;Montague et al, 2008), Brasil (Albanaes et al, 2014;de Melo Costa et al, 2013;Kuester et al, 2019;Maito et al, 2022) o Portugal (Alexandre y Aguiar-Conraria, 2021;Días y Sá, 2014;Estanque, 2017;Fávero et al, 2018;Mouraz y Sousa, 2016;Oliveira et al, 2016); aunque también, de forma minoritaria, hay investigaciones en otros contextos como Sri Lanka (Premadasa et al, 2011;Wickramasinghe et al, 2022), Nigeria (Ezeonu, 2014) o India (Kumar y Gupta, 2012). En el contexto español, si bien hay trabajos que abordan este fenómeno desde una perspectiva descriptiva (Aizpún, 2021;Aizpún y García-Mina, 2013;Fernández, 2021;González-Dopeso, 2021), son prácticamente inexistentes las investigaciones empíricas.…”

Integração e inserção de calouros em Educação Física em uma Instituição Federal de Ensino Superior: Experiências da Semana de Recepção de Calouros 2020

“…Segundo Estanque (2017), atos violentos, característicos dessas práticas, também são identificados desde o início do século XVIII, na Universidade de Coimbra.…”

Elementos que incorporam vidas, reiteram lugares sociais, conectam e pertencem: agência dos não-humanos em um contexto estudantil

“…Importante destacar que o homenageado não ocupa a mesma posição de um ex-aluno, afinal, como explicitaram meus interlocutores em nossas conversas informais, eles não batalharam na nome do ex-aluno ou apelido e nome da república. Por fim, os rostos das pessoas que aparecem nas imagens e nos quadrinhos foram desfocados.No próximo subtítulo faço uma descrição de um rock de escolha12 do qual participei com uma interlocutora de pesquisa, outra festa importante na vida republicana e que desvela ainda a agência de elementos como o copo de vidro e a cachaça na manutenção das micro-hierarquias daquele cenário social.10 No léxico das repúblicas em Ouro Preto, rock é sinônimo para festa, ou melhor, representa esta palavra -já que o termo festa é raramente utilizado(FRANÇA, 2008). Existem vários tipos de rocks e todos eles se relacionam com as interações sociais no seio das repúblicas (FONSECA, 2016).11 Geralmente, inaugura-se o quadrinho com um público mais reduzido, amigos, moradores das repúblicas e familiares, na sexta-feira à noite, enquanto no sábado à tarde é o rock da formatura em que há público mais expressivo.…”