“…De fato, não se pode avançar no ambiente da análise crítica sobre a política criminal sem considerar sua principal marca e característica, isto é, a de ser fruto de acordos políticos, que envolvem os mais diversos interesses que se contextualizam no amplo espectro da democracia. Tudo isso, sem dúvida, faz com que o sucesso ou o fracasso de uma política dita criminal não se atribua com exclusividade ao Parlamento, mas antes às contingências da realidade social e econômica, tanto que, atualmente, se discute enfaticamente sobre a ideia de que a superação da criminalidade em alguns contextos não faz mais sentido, de forma que se torna ilógico desenhar a política criminal operando sobre o infrator individual, a partir de teses sobre as causas do delito, pretendendo incidir sobre as disfunções que geram essas condutas criminosas (WERMUTH, 2017(WERMUTH, , p. 2047. Sob essa óptica, se poderia argumentar que, embora fatores sociológicos e econômicos possam afetar a efetividade da política criminal, desenhada e posta em vigor pelo Parlamento, este, ainda assim, estaria resguardado pela democracia e isto minimizaria ou até mesmo excluiria sua responsabilidade diante de eventuais fracassos verificados.…”