Interculturalidade nas Escolas: um estudo sobre práticas didáticas no Pibid

Abstract

Resumo: O estudo analisa a interculturalidade e suas possíveis contribuições para as práticas didáticas na escola de ensino fundamental no Brasil. O objetivo do trabalho foi identificar, nas práticas descritas nos relatórios do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - Pibid, fazeres didáticos que demonstrassem determinado compromisso com situações de aprendizagem baseadas no diálogo, na polifonia e no ineditismo das compreensões sobre os temas em estudo. A conclusão do estudo traz algumas possibilidades, compreendidas como interculturais, para as práticas didáticas na escola.

Para entender as veias abertas do Brasil e do povo brasileiro: a presença da interculturalidade crítica e da decolonialidade na produção de um material didático de Português Língua Estrangeira

“…É importante ter em mente, em primeiro lugar, duas coisas: 1) a interculturalidade não existe apenas entre pessoas de países diferentes, ela é um fenômeno que também pode ser observado entre pessoas de um mesmo país que têm vivências diferentes (por exemplo, entre pessoas ricas e pobres); 2) por isso mesmo, é importante que o trabalho com a dimensão intercultural não fique restrito às aulas de língua ou de língua estrangeira, mas ele deve aparecer também nas demais disciplinas da educação básica. Fetzner (2018), por exemplo, a partir de um trabalho desenvolvido com bolsistas do Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), no qual havia bolsistas trabalhando com professores de várias disciplinas da educação básica, conclui que O trabalho identificou potencialidades da interculturalidade como um movimento que se ocupa do entendimento crítico dos processos de globalização e transnacionalização e dos processos de subjetivação envolvidos na escola, comprometidos com a criação de oportunidades de sucesso escolar e com as identidades minoritárias (Fetzner, 2018, p. 527).…”

As transformações do programa institucional de bolsas de iniciação à docência a partir da análise de seus editais

“…Criando em 2007, o Pibid foi se consolidando como uma importante ação relacionada às políticas de formação docente devido ao seu caráter inovador e à sua abrangência. Diversos relatórios (BRASIL, 2013d(BRASIL, , 2015GATTI et al, 2014) e uma vastíssima produção acadêmica (CHAPANI; LUZ, 2018;NOGUEIRA;FERNANDEZ, 2018;OLIVEIRA;ALGEBAILE, 2019;FETZNER, 2018; VILLAS BÔAS; D'AVILA; MARTINS, 2016, entre outros) atestam a importância do Pibid para: a melhoria da formação profissional de docentes da educação básica e superior; a construção da identidade docente; o estreitamento das relações entre escolas e IES formadoras; a dinamização das atividades didáticas nas escolas; a valorização dos cursos de licenciatura, entre outros aspectos. Tais estudos também apontam as insuficiências, limitações e necessidades de aprimoramento do Programa, como por exemplo: o excesso de burocracia, o baixo valor da verba de custeio, alta rotatividade de bolsistas etc.…”

“…Mais do que estimular o desenvolvimento de metodologias inovadoras, o Pibid pode ser considerado, ele próprio, uma inovação no campo da formação docente ao buscar superar a racionalidade técnica, criando condições para que coletivos locais de professores-pesquisadores estudem a realidade concreta das escolas em que os projetos estavam inseridos, levantem problemas e busquem soluções. Inúmeras pesquisas mostram o acerto dessa proposta, apesar de algumas dificuldades e limitações (CHAPANI; SANTOS;RIBEIRO, 2016;FETZNER, 2018;GATTI et al, 2014;NOGUEIRA;FERNANDEZ, 2019).No entanto, em 2018, o edital explicita a pretensão de controle do currículo escolar ao condicionar os projetos do Pibid aos objetos do de aprendizagem da BNCC, indicando uma tendência à instrumentalização do Programa. Muito embora tal determinação não esteja presente no edital do Pibid em 2020, ela continuou a fazer parte do edital do PRP.…”