Ambivalência Da Escola E Adolescentes Infratores

Abstract

RESUMO Propomos uma reflexão sobre a ambivalência da escola sobre os adolescentes com trajetória infracional. Nosso problema consiste em demonstrar como a escola opera como lugar de exclusão, operando a partir da lógica segregatória do privilégio cultural. O método foi a revisão crítica da produção científica da psicologia e sociologia, usando como descritores “educação” e “adolescente em conflito com a lei” nas plataformas SciELO e Pepsic. Nos resultados constatamos que os índices de evasão escolar coincidem com a entrada na trajetória infracional dos adolescentes, fortalecendo o estigma e a exclusão. Perguntamos se, mesmo excludente e tão precária, não seria ainda essa escola formal melhor do que a não escola? Após análise da literatura defendemos a hipótese de que a escola pode funcionar como uma alça que oferece um ponto de apoio, proteção e referência para o adolescente com trajetória infracional, ainda que seu modelo seja anacrônico em relação ao efetivo exercício dessa possibilidade.

Reflexos da vulnerabilidade social como pressuposto para a entrada de adolescentes na criminalidade

“…Os adolescentes são ludibriados com a facilidade proveniente do crime, atendendo aos seus desejos e sua imagem de sujeito de direitos perante a comunidade (LUCENA, 2016). Essa busca pela inserção na coletividade, diante das várias limitações do cenário social, se mostra como uma escora ante ao seu sentimento de desproteção (OLIVEIRA et. al., 2020).…”

“…O adolescente vulnerável é aquele que sofre limitações culturais e coletivas, vítimas da fragilidade familiar, escolar e do Estado (OLIVEIRA et al, 2020). A existência dos fatores de risco sociais, as condições emocionais em indefinição e a busca pelo encaixe em determinado grupo levam à vulnerabilidade do adolescente podendo contribuir para a entrada no submundo do crime, ao uso de drogas e bebidas alcoólicas (FONSECA et al, 2013).…”

“…Por outro lado, ressalta-se a importância das mencionadas entidades, já que são nesses ambientes que o adolescente desenvolve e estrutura sua identidade, cria uma saúde psicológica, do mesmo modo que se sente protegido na maioria dos casos (MORAIS et al, 2012). Oliveira et al (2020), levanta que apesar das entidades educacionais possuírem um valor grandioso para o adolescente, os preconceitos e agressões vividos em tal universo também o colocam em uma posição de violência, naturalizando-a. Igualmente, o uso de substâncias psicoativas que traz sentimentos de prazer e superação de opressões, é porta de entrada para a…”

“…A transição da infância para a vida adulta gera transformações inéditas ao indivíduo em aspectos biológicos, sociais e mentais. A adolescência é uma fase de grandes revoluções subjetivas, onde as influências da coletividade, bem como das tecnologias e do capitalismo, invocam novos comportamentos ao sujeito (MOREIRA et al, 2020).…”

Clínicas da violência: contribuições da psicanálise

“…Essa formulação acerca das ancoragens nos remeteu também à noção de alças e saídas, proposta por Moreira et al (2020) a propósito da função da escola na vida de adolescentes com trajetória infracional. A articulação do serviço com os diversos dispositivos da rede também permite o encontro com experiências que alavanquem o sujeito para fora da situação de violência.…”