“Para chegar ao Bojador, é preciso ir além da dor”: sofrimento no parto e suas potencialidades

Abstract

Este artigo se dispõe a refletir sobre os movimentos associativos e dissociativos que as experiências de dor/sofrimento podem desencadear, pensando sobre biossociabilidades, mas também sobre capturas discursivas e estigma. Para tanto, temos como terreno etnográfico cenas e relatos femininos de parto oriundos de uma pesquisa em dois grupos de gestantes e puérperas, ora articulada a um recente documentário brasileiro, Violência obstétrica – a voz das brasileiras. A ideia é refletir sobre concepções de dor e de sofrimento na atualidade, sua relação com a violência e com a produção da narrativa de si, conjugando ambientes e fontes de pesquisa, sem deixar de considerar hierarquias de gênero, políticas do corpo feminino, biopolítica e biomedicina. Pretende-se, antes e sobretudo, mapear deslocamentos e percursos, usos e desusos de concepções de dor e de sofrimento, a partir do que tem sido narrado pelas mulheres que têm criticado as taxas de cesáreas no Brasil e os procedimentos médicos de rotina.

Violência obstétrica: uma revisão integrativa [Obstetric violence: integrative review] [Violencia obstétrica: una revisión integradora]

“…Os 16 (100%) [12][13][14][15][16][17][18][19][20][21][22][23][24][25][26][27] artigos selecionados foram publicados entre os anos de 2004-2018 e em revistas brasileiras, e são demonstrados na Figura 1. Observa-se que 6 (37,5%) 13,16,18,[20][21][22] foram publicados em revistas de enfermagem, 2 (12,5%) 15,26 em revistas de saúde pública, e 8 (50%) 12,14,17,19,[23][24][25]27 em outras revistas.…”

“…Para chegar ao Bojador, é preciso ir além da dor 12 2015 Violência obstétrica na visão de enfermeiras obstetras 13 2014 Violência institucional em maternidades públicas sob a ótica das usuárias 14 2011 Violência institucional, autoridade médica e poder nas maternidades sob a ótica dos profissionais de saúde 15 2013 Poder, violência e dominação simbólicas nos serviços públicos de saúde 16 2004 O dilema de uma prática: experiências de aborto em uma maternidade pública de Salvador, Bahia 17 2016 Do parto institucionalizado ao parto domiciliar 18 2014 À margem da humanização? Experiências de parto de usuárias de uma maternidade pública de Porto Alegre-RS 19 2017 Percepção de enfermeiras obstétricas acerca da violência obstétrica 20 2018 Parto hospitalar: experiências de mulheres da periferia de Cuibá-MT 21 2006 Percepção das mulheres sobre violência obstétrica 22 2017 Meio grogue e com as mãos amarradas: o primeiro contato com o recém-nascido segundo mulheres que passaram por uma cesárea indesejada 23 2013 Nascer na prisão: gestação e parto atrás das grades no Brasil 24 2016 Fatores associados à violência obstétrica na assistência ao parto vaginal em uma maternidade de alta complexidade em Recife, Pernambuco 25 2016 Desigualdades raciais, sociodemográficas e na assistência ao pré-natal e ao parto 26 2005 Percepções de doulas naturólogas sobre gestação, parto e puerpério 27 2014 FIGURA 1: Artigos incluídos no estudo e ano de publicação.…”

“…Os tipos de violência no parto identificados nos artigos foram: ofensa verbal e psicológica (11 -68,8%) 12,14-24 ; expropriação do corpo feminino (10 -62,5%) 12,16,[18][19][20][21][22][25][26][27] ; privação de acompanhantes (7 -43,8%) 12,15,17,19,[22][23][24] ; não fornecimento de informações (8 -50%) 12,14,16,17,[20][21][22][23] , privação dos movimentos no trabalho de parto e parto (6 -37,5%) 17,19,[21][22][23][24] ; banalização da dor (3 -18,8%) 14-16 e falta de privacidade (2 -12,5%) 16,17 .…”

“…Dentre as possíveis causas apontadas nos estudos destaca-se o despreparo profissional e institucional (12 -75%) [12][13][14][15][16][17][18]20,21,23,25,26 , medicalização da assistência (10 -62,5%) [12][13][14]16,[18][19][20]23,25,27 , Autoritarismo/hierarquização profissional (8 -50%) [14][15][16]18,19,21,23,25 , nível socioeconômico e escolaridade (5 -43,8%) 16,19,21,25,26 e por último, a negação ou não reconhecimento da violência obstétrica (3 -18,8%) 14,15,20 .…”

Formas de violência obstétrica vivenciadas por puérperas que tiveram parto normal

“…La violencia, sea del orden físico, emocional o simbólica, es productora de alto grado de sufrimiento 2 siendo, a veces, presentada de una manera tan sutil que es difícil verla y, por lo tanto, dar mayor realce a este tema 3 . En este contexto, la violencia obstétrica incluye cualquier acción que produce efectos negativos de carácter físico y psicológico durante el proceso de parto natural.…”