Desde março de 2020, a pandemia da COVID-19 vem afetando, globalmente, inúmeras áreas da vida humana, incluindo aquelas pertencentes à cultura. Os necessários protocolos de distanciamento e isolamento sociais para conter a disseminação do vírus provocaram, por exemplo, fechamento das salas de teatro ao redor do mundo; mas também incentivaram a experimentação de espetáculos baseados em tecnologias digitais. Considerando a conjuntura mundial articulada em reação à pandemia do novo coronavírus e a consequente migração de artistas teatrais de palcos físicos para palcos virtuais, o presente estudo objetiva analisar como a ressignificação dos elementos e funcionalidades da plataforma de videoconferências Zoom motivaram uma nova reconfiguração de três das cinco constituintes teatrais: público, texto e tempo. Para empreender tal percurso, partiremos da revisão bibliográfica da teoria das affordances e da teoria da remediação e aplicaremos tais conceitos à análise de duas peças: “Caso Cabaré Privê” e “Onde Estão as Mãos, Esta Noite?”. Em seguida, a partir dos estudos de caso, buscaremos estabelecer não só como as tecnologias midiáticas são fundamentais para a prática teatral, como também o teatro desenvolvido durante a pandemia reflete diretamente a conjuntura externa – pandêmica e “platafórmica” – que o alicerça.