Diagnóstico de malformações congênitas: impactos sobre a saúde mental de gestantes

Abstract

ResumoMalformação congênita, segunda maior causa de mortalidade infantil, constitui condição de vulnerabilidade importante na gravidez, que repercute desfavoravelmente na saúde mental da gestante. Objetivou-se estudar o impacto do momento do diagnóstico de malformação congênita sobre a saúde mental de 66 gestantes em atendimento pré-natal. Para isso, as participantes responderam ao Questionário "Momento da notícia", o qual identifica variáveis psicossociais relativas ao momento do diagnóstico da deficiência, e as Escalas Beck, para avaliar sinais e sintomas de ansiedade (Beck Anxiety Inventory) e depressão (Beck Depression Inventory). Todas receberam a notícia através de um médico, sendo 19 no segundo trimestre gestacional. Quatorze consideraram a transmissão do diagnóstico apropriada. No entanto, quando a notícia ocorreu no primeiro trimestre, tanto indicadores de ansiedade (p = 0,0009) quanto de depressão (p = 0,000004) se associaram ao momento da comunicação do diagnóstico; diferente de quando a gestante era comunicada no segundo trimestre, ao qual esteve associado somente os indicadores de depressão (p = 0,0462). Discute-se indicadores de ansiedade e depressão na gestação relacionados ao diagnóstico de malformação congênita como agravantes da vulnerabilidade física e psíquica durante a gestação. Palavras-chave:

Anxiety of mothers of newborns with congenital malformations in the pre- and postnatal periods

“…The news of the malformation in the first trimester showed association with anxiety. The number of pregnant women with signs of moderate anxiety (23%) also deserves attention 1 , which corroborates with the findings of the present study, in which 53.9% and 47% of the mothers investigated had moderate anxiety levels in both the IDATE-Trait and in the IDATE-State evaluation. Another research carried out in two cities in the interior of São Paulo state aimed at evaluating how maternal-fetal attachment is established, the coping modes, the clinical indicators and anxiety and depression in the prenatal phase in pregnant women who had received the diagnosis of the congenital malformation showed that the scores for anxiety were high.…”

“…Gestation is a phase of transition in the life of the woman in which, from the moment of fertilization until birth, the pregnant woman and the baby go through unique psychological, physiological and social experiences, causing the woman to have doubts and expectations in relation to the new being that is yet to be born and to the role she will have to assume 1 - 2 .…”

“…There has been scarcity of studies that evaluate the impact of the news of congenital malformation in the different periods of gestation 1 , and this encouraged the development of the present study, which shows to be relevant due to its great value in investigating the anxiety level experienced by the mothers during this transition phase of their lives. Thus, based on the results, health professionals, especially nurses, can encourage health promotion actions according to women’s needs, contributing to the strengthening of emotions, demystifying fantasies, creating bonds and fortifying the relationship between family and the newborn.…”

Ser gestante no meio repelente: orientações, medidas preventivas e ansiedade frente ao diagnóstico positivo para o Zika Vírus

“…Os dados corroboram com os achados por Saviani- Zeoti 20 , no qual gestantes em situações de vulnerabilidade para si mesma e seu feto apresentam índices de ansiedade mais elevados. O nível de ansiedade pode aumentar quando existe possibilidade ou mesmo quando se apresenta o risco para uma anomalia ou malformação fetal, podendo a ansiedade prolongar-se até o período pós-natal 21 .…”

Experiências de mulheres no gestar e parir fetos anencéfalos: as múltiplas faces da violência obstétrica

“…In view of this situation, the pregnant woman experiences very negative feelings, in addition to the fact that the anencephalic gestation itself can lead to physical complications, such as polyhydramnios, births with dystocia, hypertensive diseases, severe psychological conditions, among others 5 . There is a rupture with the expectation of the idealized and perfect child, which translates into a moment of intense emotional distress and anguish in most cases and the complex decision to interrupt or not to interrupt the pregnancy becomes real 9 .…”