Experiências de mulheres no gestar e parir fetos anencéfalos: as múltiplas faces da violência obstétrica

Abstract

A anencefalia é uma malformação congênita caracterizada pela ausência total ou parcial do cérebro, resultando em incompatibilidade com a vida extrauterina do feto, não sendo incomum relatos de violências sofridas por mulheres que deram à luz a tais fetos. Os objetivos deste trabalho foram identificar as violências sofridas pelas gestantes de fetos anencéfalos e discutir a violência experienciada por mulheres em gestações e partos de fetos anencéfalos. O método foi composto por Narrativas de Vida, sendo o estudo realizado entre junho e novembro de 2016 em uma maternidade do Rio de Janeiro com 12 mulheres com diagnóstico de feto anencéfalo. Após análise compreensiva e comparativa dos dados, a violência obstétrica surgiu predominantemente na forma de julgamento moral das escolhas das mulheres, má assistência, abusos, utilização de jargões, entre outras. Nessas experiências permeadas por sofrimentos e perdas, a violência obstétrica amplia a situação de vulnerabilidade das mulheres, havendo a necessidade de um debate mais aprofundado.

Percepção Sobre o Cuidado à Perda Gestacional: Estudo Qualitativo com Casais Brasileiros

“…Assim, a maneira pela qual os profissionais se comunicam pode ser sentida como positiva ou negativa, a depender de características pessoais, conjugais e sociais dos envolvidos (Walsh, 2016), das circunstâncias em que a perda ocorreu (Worden, 2013) e da forma como são transmitidas as informações aos usuários (Marramon et al, 2011). A capacidade da equipe de comunicar sobre a PG é um dos aspectos determinantes para a percepção de atendimento humanizado (Fernandes et al, 2019;Deslandes, 2004).…”

“…Os tipos mais relatados de violência obstétrica englobam não oferecimento/ negação de analgesia, realização de exame de toque doloroso, ausência de informações sobre procedimentos realizados, gritos e recusa de atendimento (Venturi & Godinho, 2013). Tais achados, similares aos encontrados neste estudo, demonstram que, nas situações de PG, a violência obstétrica também ocorre, ampliando a vulnerabilidade física e emocional das mulheres e casais (Fernandes et al, 2019).…”

“…O casal 2 acessou somente clínicas de reprodução assistida. A percepção de ausência de acolhimento e cuidado em saúde mental também foi identificada nessas clínicas de ecografia obstétrica e reprodução assistida, locais nos quais, muitas vezes, acontece ou é confirmada a PG (Fernandes et al, 2019). Ainda, o tipo de serviço acessado (público ou privado), por si só, não pareceu determinar as percepções dos casais.…”

Investigação de marcadores de percepção de violência obstétrica por gestantes

“…Outro estudo, semelhante ao nosso, com metodologia descritiva quantitativa, demonstrou haver 95% de respostas indicando pleno entendimento do conceito de VO em uma amostra de 1040 mulheres (Sadim, 2017). Uma possível explicação para estas elevadas porcentagens, encontradas em ambos os estudos, pode ser atribuída ao fato de que narrativas e histórias de mulheres que passaram por condutas violentas na assistência ao parto têm sido crescentemente divulgadas pela imprensa e também nas redes sociais (Fernandes et al, 2019).…”

Scientific Evidence that Make Visible the Obstetric Violence Suffered by Women in the Healthcare Setting

“…The best contribution that can be made to effectively deal with the problem of violence against women, including obstetric violence, is to promote its prevention. (Fernandes et al, 2019) Brazil…”