O artigo traz análises dos processos de trabalho e uso de tecnologias de cuidado e competências nas relações interpessoais e de vínculo. Em pesquisa multicêntrica sobre clínica ampliada e saúde bucal no Sistema Único de Saúde (SUS), utilizou-se o método clínico da clínica ampliada envolvendo pacientes e equipe de saúde. Este texto tem o objetivo de discutir a prática clínica em saúde bucal e o cuidado em saúde centrado no paciente, tendo por base os referenciais teóricos da bucalidade, do acolhimento e das tecnologias de cuidado em saúde. Traz reflexões sobre um dos cenários do estudo com a participação de quatro pesquisadores e oito estagiários (alunos de Odontologia), tendo como lócus a clínica de saúde bucal de uma UBS de São Paulo/SP As atividades ocorreram por 13 meses (2014 e 2015), atendendo 135 pessoas. Foram realizados 375 procedimentos odontológicos no escopo da APS, com média de 1,54 retornos e de 6,38 intervenções por paciente, em 2014, e 7,25 em 2015. A maior parte das pessoas teve suas necessidades de saúde bucal atendidas em único retorno. Os pesquisadores e estagiários produziram diários de campo com impressões e percepções sobre atendimentos e este artigo traz análises a partir de uma narrativa à luz da Análise do Discurso. Ao ressignificar as práticas, assume-se novas possibilidades para o cuidar, dentro da singularidade de cada caso e com tecnologias leves, de comunicação e acolhimento/vínculo e de processos que integrem o ser, o pensar, o fazer e o estar. Destaca-se a potencialidade de práticas de saúde que se constituem no devir, na retomada da clínica como espaço de produção da subjetividades, da produção de si, apontando para a (re)construção do campo de sinais e sintomas, valorizando diferenças e descontinuidades, convidando a todos para pensar e discutir as práticas clínicas hegemônicas da Odontologia, desde a formação até os serviços de saúde.