O presente artigo tem como objetivo compreender as adaptações que foram necessárias em uma Delegacia Especializada de Proteção à Crianças e Adolescentes (DEPCA) para lidar com a violência contra crianças e adolescentes no contexto da COVID-19. Como estratégia metodológica, realizou-se entrevistas com 2 psicólogas(os) e 3 delegados(as) e a análise temática de conteúdo da fala dos profissionais. Observou-se um impacto no número de denúncias em razão do isolamento social devido à COVID-19, mas os entrevistados não puderam precisar se houve uma diminuição na ocorrência de violência ou se houve apenas um represamento de dados. Ademais, afirma-se a importância da escola como um importante parceiro na denúncia de violência contra infantes e adolescentes, visto que era um espaço em que encontravam suporte. Ainda, como visto em dados de outros órgãos do Sistema de Garantia de Direitos, grande parte da violência sofrida por crianças e adolescentes são de cunho sexual, perpetrada por aqueles que residem com ou próximo à vítima, algo que trouxe preocupação em relação ao isolamento social na presença desses supostos abusadores. Por fim, sugere-se a criação de um fluxo padronizado de encaminhamentos para além das medidas judiciais, bem como estudos que investiguem os impactos psíquicos nas crianças e adolescentes vítimas de violência, que se apresentaram mais ansiosas para os profissionais.