A Relação Família-Escola e a Prática do “Dever de Casa” de Matemática: um estudo sobre seus tensionamentos

Abstract

ResumoO trabalho tem por objetivo problematizar os tensionamentos produzidos na relação família-escola mediante a prática do "dever de casa" de Matemática. Seu referencial teórico é a Perspectiva Etnomatemática concebida na interlocução com as formulações de Foucault e as de Wittgenstein que correspondem ao período de maturidade de sua obra. O lócus do estudo foi a (única) escola multisseriada de Morro dos Bois (município de Novo Hamburgo -RS) e entrevistas foram utilizadas como procedimento metodológico. Os resultados do estudo mostram que o "dever de casa" (de Matemática): a) mobiliza os alunos e suas mães que, assujeitadas pelos discursos que circulam na sociedade, sentem-se impelidas a prestar-lhes ajuda; essa ajuda opera de modo estratégico no controle, por parte da família, daquilo que é realizado na escola; e b) a prática do "dever de casa" de Matemática está marcada por tensionamentos produzidos pelo uso (da escola e dos familiares) de jogos de linguagem diferentes (apesar de suas semelhanças de família).Palavras-chave: Educação Matemática. Relação Família-Escola. "Dever de Casa" de Matemática. AbstractThis paper aims to problematize the tensions produced by the family-school relationship and the practice of mathematics homework. Its theoretical framework is a Ethnomathematics Perspective conceived by the interlocution * Este texto é uma versão modificada do trabalho "Educação matemática e relação família-

Teoria e Prática nos Projetos Pedagógicos de Cursos de Licenciatura em Matemática: do que estamos falando quando usamos essas expressões na formação de professores?

“…Essas ideias de aplicação na realidade de prática escolar como espaço para aplicação do aprendido (da teoria), de ação prática, têm perpassado os PPCs, alinhando alguns modos de ensinar mais voltados ao concreto e ao cotidiano do aluno, vinculandose, também, com as perspectivas de (trans)formação e de mudança a partir da aplicação de fórmulas para resolver os problemas. Com isso, ao ensinar matemática voltada à realidade do aluno, haveria garantia de aproximá-la dos jogos de linguagem da Matemática Escolar e, também, iria ao encontro da ideia de que "[...] trazer a 'realidade' do aluno para as aulas de matemática é importante para transformar socialmente o mundo" (Knijnik;Duarte, 2010, p. 874). De acordo com essas autoras, tais enunciações produziriam uma compreensão do mundo [única e essencialista], que aposta na perspectiva da reflexão e da discussão, com o objetivo de transformar a 'realidade'.…”

Matemáticas, Multiculturalismo e EJA: considerações sobre a proposta curricular dos anos finais do ensino fundamental

“…Explorar tais saberes e a partir deles delimitar uma ação pedagógica é possível a partir de práticas escolares fundamentadas numa perspectiva multicultural, com o reconhecimento das diferenças e um olhar atento às especificidades dos educandos. A questão da inclusão de práticas sociais no currículo de matemática está presente no trabalho de Knijnik (2001), que discute educação matemática e sua relação com o cultural, social e político. A autora, ao refletir sobre currículo, cultura e conhecimento matemático, reforça a necessidade de pensar as relações entre conhecimento e cultura, rejeitando a ideia de que o currículo é neutro e tem sua existência descolada do mundo social.…”

Relações entre a matemática e o seu ensino, e a dimensão sócio-político-cultural

“…pesquisa em história e filosofia da Matemática, com implicações de natureza pedagógica.Sinteticamente, o Programa Etnomatemática se preocupa com os modos de saber e fazer de grupos culturais, particularmente, com as práticas de natureza matemática Knijnik (2001). argumenta a favor da presença de saberes populares no currículo escolar, entendendo que este não é neutro e que o trabalho a ser realizado com tais saberes seja no sentido de não folclorizar ou tratá-los como exóticos, e sim de que esses sejam discutidos no currículo, sobre as relações de poder que levam a legitimar certos saberes como hegemônicos e outros como marginais.Da mesma forma, Duarte e Faria (2017), em estudo realizado em LEdoC e apoiados em pressupostos do Programa Etnomatemática, de autores pós-estruturalistas e da Filosofia da Linguagem, revelam como a Pedagogia da Alternância tem possibilitado destacar outras racionalidades diferentes da racionalidade acadêmica, visando não subordinar a primeira à segunda e sugerindo-a "como vetor de potência para pensar nas pesquisas ligadas à Etnomatemática"(Duarte & Faria, 2017, p. 94).Diante do exposto, consideramos pertinente destacar a especificidade da Formação de Professores(as) de Matemática em cursos de Licenciatura em Educação do Campo, particularmente, sobre a dimensão sócio-político-cultural.…”