“…Nesse período, acelerado por um boom de commodities que foi até 2012, a extração de minério de ferro nesse território quase dobrou, passando de 160 milhões para 294 milhões de toneladas ao ano entre 2002 e 2015. Essa expansão contribuiu para a estabilidade econômica vivida no Brasil na primeira década do século XXI, mas motivou resistência de ambientalistas e inúmeros conflitos ambientais com populações urbanas e rurais, afetadas por remoções, risco de deterioração de recursos hídricos, além das perdas recorrentes a ecossistemas endêmicos, como campos de altitude, áreas de Cerrado e Mata Atlântica (Gazzinelli, 2021;Döring et al, 2017;Santos & Milanez, 2015;Milanez et al, 2019;Losekann, 2017;Coelho, 2016;Acselrad, 2017;Zhouri et al, 2017;Zucarelli, 2018;Santos et al, 2017). Um argumento abordado em outros trabalhos (Motta, 2021;Motta & Mendonça, 2022) é de que esse é um cenário de violência lenta (Nixon, 2011), distribuída espacial e temporalmente, em que os desastres de Brumadinho e Mariana são parte de outro, mais abrangente, que inclui grande conjunto de processos de violação de direitos e conflitos ambientais.…”