A educação popular e o cuidado em saúde: um estudo a partir da obra de Eymard Mourão Vasconcelos

Abstract

O artigo analisa as concepções sobre o cuidado em saúde em autores da Educação Popular em Saúde, tomando como referência fundamental a obra de Eymard Mourão Vasconcelos publicada entre 1994 e 2009. Trata-se de pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, de nível exploratório e caráter analítico e que além de sistematizar as formulações deste autor, aponta para possibilidades de debate com diversos estudiosos do tema do cuidado. Os textos foram agregados nas seguintes categorias: relações de poder no cuidado em saúde; críticas à biomedicina; o atendimento individual; a abordagem à família. Procura-se estimular a produção de novos conceitos a partir da integração entre formulações de pensadores que não têm se aproximado, apesar de potenciais proximidades temáticas.

Educação em saúde: algumas reflexões sobre sua implementação pelas equipes da estratégia saúde da família

“…Para realizar cuidado em saúde na população, o serviço oferecido deve estar em condições exigidas pelo paciente e não nas condições que o serviço apresenta, sendo de fundamental importância colocar-se à disposição das necessidades do outro, em uma abordagem de seus interesses, um processo de trabalho pautado nas necessidades de saúde da população, pois, assim o processo de trabalho irá de encontro com essas necessidades por meio de uso de práticas de ação como vínculo e acolhimento e uma maior participação do usuário frente às atividades preconizadas pelas equipes de saúde (27) . Um dos problemas detectados para as ações de educação em saúde citados é a pouca/falta de adesão da comunidade as atividades: Para que ocorra sucesso nas atividades de educação em saúde, a motivação e a cooperação consciente do paciente são fatores essenciais para que se obtenha êxito.…”

Educação Popular em Saúde traçando linhas de conhecimento em Ilhabela: ferramentas de Análise Institucional desenhando processos de trabalho

“…Interessa-nos a experiência de -resistência‖ que faz surgir esses sujeitos como presenças reais. Troque-se o voo da pomba pela história humana, a resistência do ar pela presença inexorável do outro e entenderemos a tese que sustenta o presente ensaio: não existe o sujeito individual, ou, antes, que aquilo que aprendemos a tratar como indivíduo, o sujeito, não é menos nem mais que um -sonho‖ de individualidade nascido da experiência vivida de não estarmos sozinhos, de sermos sempre e imediatamente -o outro de cada um (Ricoeur, 1991 54 )¨ (Ayres, 2016, p. 66 as ações intersetoriais (Merhy, 2004;Stotz, 2004;Stotz et al, 2005;Vasconcelos, 2004Vasconcelos, , 2010Vasconcelos et al, 2015;Vasconcelos, Prado, 2017;Gomes, Merhy 2014a, 2014b Para que tal proposta se estabeleça, o que precisamos hoje no nosso país é difundir a nova forma de pensar e fazer saúde, que pressupõe a existência de problemas comuns às populações que vivem num mesmo território; para que as administrações se abram para a inovação e se proponham a vivenciar uma nova forma de gestão municipal e governabilidade (Santos, Westphal, 1999, p. 82 (Brasil, 2017b).…”

“…No entanto, a interpretação das delimitações desses aspectos apresentam diminuições da abordagem da psicanálise identificando uma deficiente leitura racional sobre a mente das pessoas (Gomes, Merhy, 2014a). Brasil (2007b, p.13) O profissional de saúde deve reconhecer a compreensão -também por dimensões que estão além da razão‖ (Vasconcelos, 2008, p. 182) para que se produza saúde, embora em muitos momentos essa dimensão emocional do trabalho em saúde dos sujeitos envolvidos não seja visualizada ou estabelecida.…”

“…Outra concepção na produção de EeS é a de gestão da saúde, na qual o Estado gera as possíveis produções em saúde a partir do local nas diversas questões de interpretação da ocupação das instâncias governamentais e sua estrutura. Esses movimentos locais em projetos, interesses e demandas associados à gestão deve seguir a racionalização gerencial de recursos, de recursos de produção de material, intelectual e do setor saúde descritos na Figura 1.6 (Gomes, Merhy, 2014a). O apontamento que os trabalhadores da saúde propõe em seu produto de trabalho dentro da estrutura do Estado, deve ir além da luta pela apropriação e incremento estatal, para que a compreensão administrativa dos recursos educacionais em saúde possam alcançar a racionalidade de seus conceitos e objetivos dentro do direito de participação.…”

“…Cria-se subsídios ideológicos e práticos para existência de parcerias em colaborações intersetoriais e multidisciplinares. Essas trajetórias são descritas na EPS (Brasil, 2007a(Brasil, , 2014Gomes, Merhy, 2014a, 2014b, e aparece nos registros dos PSS que enxergam a complexidade existencial do instituído na cidade com incertezas, mas também, em novas perspectivas: PSS 2 Eu acho que é enriquecedor (projetos de EeS), eu acho que (pausa, pensa) esse projeto (Projeto Professor Saúde), como eu disse, é uma base, é uma coisa que (pausa, em cara de dúvida) é uma educação que deveria existir em todas as escolas, porque é uma base, eu acho que a gente pode dentro da escola, prevenir, fazer a promoção de saúde para que o trabalho não seja somente quando ele esteja somente no posto de saúde, [...] (5/5) PSS 4 [...], eles tiraram bastantes dúvidas até em questão do acesso da unidade de saúde, eles tiraram dúvidas de como orientar essas crianças, então foi bem bacana a conversa, eu acho que pelo menos para os coordenadores e professores eles conseguiram entender até o motivo do projeto (Projeto Professor Saúde), o motivo de a gente estar ali. (4/8) PSS 5 [...] é legal a gente fazer uma parceria né, eu acho que se a gente programar bastante coisa dá para fazer coisas e ter resultados bem (pausa, pensa) bem excepcionais, ter uma experiência bem excitante.…”