Noções de sujeito e poder em leituras foucaultianas e sua influência nos estudos de organizações e gestão de pessoas

Abstract

Resumo O objetivo deste artigo é refletir sobre a noção de sujeito e poder caracterizada por Michel Foucault (1926-1984), considerando suas três fases intelectuais e suas possibilidades nos estudos de organizações e gestão de pessoas. Argumenta-se que os modos como o sujeito foi caracterizado em suas fases intelectuais reflete os modos como o indivíduo fora gerido nas organizações, bem como aponta o potencial que a abordagem foucaultiana oferece para as análises sobre os sujeitos e as relações de poder nas organizações. Na fase arqueológica, propõe-se priorizar o estudo dos discursos organizacionais; na genealogia, argumenta-se sobre a proposta de avançar nas análises do poder disciplinar, poder relacional e biopolítica; na ética, sugere-se a necessidade de analisar a constituição de subjetividades no espaço de trabalho.

O poder na educação pública e privada

“…A reflexão entre o sujeito e as relações de poder, na qual o indivíduo influencia nas estruturas sociais por meio das relações de poder estabelecidas, distribuídas e aceitas pela sociedade que é governada minuciosamente e indelevelmente pelas formas mais sutis de poder, evolui para os diversos setores de uma sociedade (AQUINO, 2019). No processo educacional, estas relações também são observadas, entretanto, de maneira mais sutil, mas não menos dominadoras, ao passo que rotineiramente passam despercebidas pela sociedade.…”

“…O mesmo ocorre em cenários institucionais. Entretanto, o foco não está nos processos disciplinares e sim em torno de um termo não muito comum no vocabulário, que Foucault o utiliza com veemência em suas pesquisas, denominada como governamentabilidade (AQUINO, 2019;GALLO, 2014). De forma sintetizada, Maia (1995, p. 101), descreve o termo como a arte de governar, na qual frisa a razão de Estado [...] como articuladora da análise política no sentido de racionalidade da atuação estatal.…”

Análise Documental Ilustrada em Administração Pública: uma Proposta Operacional (Re)Aplicável

“…Ou seja, a faculdade das individualidades é a responsável por definir o modo com que cada servidor público se relaciona com ordens emanadas por agentes de poder (Miranda, 2014), ou seja, neste caso ilustrativo, um decreto "disciplinador" emanado pelo Presidente da República. A centralidade do conceito de autoformação em gestão de pessoas consiste na sua instrumentalidade, servindo como uma técnica disponível a gestores públicos e políticos que tenham por objetivo o estabelecimento da coesão e do padrão comportamental das burocracias (Aquino, 2019). Destarte, foram elaborados os Quadros 2 e 3 com os significados e comparações acerca do conceito de ética, respectivamente.…”

“…Portanto, a afirmativa de Assmann (2012) de que as normas sociais têm sido historicamente colocadas e validadas para todos os servidores públicos federais encontra congruência com os resultados apresentados e discutidos neste artigo. Em contraponto, embora haja a técnica da autoformação como mecanismo em gestão de pessoas para a construção de padrões comportamentais ressaltado por Aquino (2019), este não pôde ser identificado única e exclusivamente pelos documentos analisados neste caso ilustrativo. Sinalizam-se, deste modo, limites de inferência e fixação de tendências de estudos que fazem uso de uma pesquisa documental rigorosa, conforme preceituado ao longo deste artigo.…”

“…o processo de pesquisa documental é passível de melhorias, por meio do caso ilustrado (significado de ética no serviço público federal), bem como dos cuidados sinalizados durante a Análise Documental Ilustrada(ADI). Atendeu-se assim, ao segundo critério de qualidade (explanar como o objetivo da pesquisa foi alcançado), pois, por meio do caso ilustrativo, ficam comprovados os limites de inferência e interpretação a se extrair de conteúdos documentais, conforme apurado no conceito de autoformação de Aquino (2019). Logo, essa constatação só foi possível em função da Análise Documental Ilustrada (ADI) demonstrada na Figura 7.…”