Eu quero acreditar! Da importância, formas de uso e limites dos testes de confiabilidade na Análise de Conteúdo

Abstract

RESUMO Introdução A análise de conteúdo (AC) tem sido normativamente definida a partir de três princípios fundamentais: validade, replicabilidade e confiabilidade. Neste trabalho, identificamos que os estudos empíricos, no Brasil e no exterior, têm negligenciado esses princípios, em especial o último (confiabilidade). Métodos Diante disso, oferecemos uma contribuição tanto operacional quanto crítica à AC. Em relação à contribuição operacional, o trabalho apresenta uma listagem detalhada de procedimentos sobre como se realizar um teste de confiabilidade em diferentes circunstâncias de pesquisa (com um ou mais pesquisadores). Resultados Já a contribuição crítica é uma reflexão epistemológica acerca das vantagens e limites dos usos mais comuns desse tipo de teste, usos esses que, no limite, podem comprometer a própria confiabilidade científica dos resultados publicados. Discussão De modo a evitar esse risco, propomos que pesquisas com AC podem reivindicar a presunção de confiabilidade quando (a) oferecem plenas condições de replicabilidade e (b) quando oferecem um teste de confiabilidade realizado por um ou mais codificadores, teste esse que seja aceitável como significativamente não-aleatório. Por fim, concluímos que, nos periódicos de alto impacto, predomina a importância de (b) em detrimento de (a), o que demonstra que, mesmo na elite da produção científica, ainda prevalece uma compreensão pouco exigente sobre a confiabilidade na AC.

How Do Older Portuguese and Mexican Adults Experience Their Sexual Well-Being? A Cross-Cultural Qualitative Study

“…The coding scheme followed important rules to allow replicability and reliability (e.g., mutually exclusive codes, applied consistently, with comprehensive coding formats for each item). This coding system identified at least three aspects of text content: frequency, direction and intensity (Bengtsson, 2016;Elo et al, 2014;Erlingsson & Brysiewicz, 2017;Neuman, 2011;Sampaio & Lycarião, 2018). Two psychologists coded exactly the same materials independently (Sampaio & Lycarião, 2018) and high inter-coder agreement was observed (kPortuguese = 0.87, p < .01; kMexican = 0.83, p < .01).…”

“…The coding process began by conceptualizing and categorizing data into relevant dimensions for further analysis. Then, a number code was attributed to each category, giving rise to a codebook (Sampaio & Lycarião, 2018;Singh, 2007). The coding scheme followed important rules to allow replicability and reliability (e.g., mutually exclusive codes, applied consistently, with comprehensive coding formats for each item).…”

“…(1) Inventory: isolation of the elements, and (2) Classification: distribution of the elements by seeking or imposing a certain organization on the content (Bardin, 1977;Sampaio & Lycarião, 2018). This categorization process was achieved through an a posteriori approach, with no previous category system, but as the result of the analogical and progressive classification of the elements (Bardin, 1977;Vala, 1989).…”

“…This categorization process was achieved through an a posteriori approach, with no previous category system, but as the result of the analogical and progressive classification of the elements (Bardin, 1977;Vala, 1989). A set of general classification principles were applied in order to constitute a categorization of consensual and robust themes (Sampaio & Lycarião, 2018;Vala, 1989). Such principles included: mutual exclusion (each element can exist only in one category); homogeneity (a single classification principle must prevail in the organization within a single set of categories); relevance (categories belong to the defined theoretical framework and reflect the research intentions); objectivity and fidelity (categorized variables must be clearly defined and the parts of the same material must be similarly coded, specifying the indexes that determine classification of an element into a category); and productivity (the categories provide fertile results, inferences, new hypotheses, and exact data; Bardin, 1977;Vala, 1989).…”

Violences Publiques – Public Violence – Violências Públicas

“…Esse cenário reflete ainda o que Moretzsohn (2015) chama de hiperinformação superficial dos cidadãos, um processo em que os jornais se centram em fornecer cada vez mais informação em sentido estrito, sem explicar os fatos. Como demonstraram Prudencio, Rizzotto e Sampaio (2018), o jornalismo político brasileiro tem se afastado do fato em si para centrar-se em personagens, declarações e conflitos.…”