“…A difusão das vertentes matematizadas da ciência econômica promove uma transição de um estágio no qual havia um conflito entre os "técnicos", com orientações assumidamente políticas que poderiam e deveriam ser debatidas -entre os pares -, e os "políticos", que eram rejeitados pelos intelectuais por serem desprovidos das ferramentas que julgavam ser necessárias para atuar sobre a economia -como no conflito entre os desenvolvimentistas não nacionalistas e os homens de Getúlio Vargas, que tomou o BNDE em meados dos anos 1950 (item 2.3) -para um estágio no qual a discussão sobre os fundamentos políticos das discórdias entre os técnicos e os intelectuais são obnubiladas por debates acerca das ferramentas, medidas, cálculos, construção e uso de indicadores e coleta de dados, sem consideração pelas finalidades últimas da condução econômica praticada com base nas -e legitimadas pelas -análises e instrumentais mobilizados pelos economistas (PÉCAUT, 1989, pp. v-vii;KLÜGER, 2015b Não bastaria trazer a Escola de Chicago para Santiago, era preciso que, no Chile, ela encontrasse um universo preparado para recebê-la, quer dizer, um espaço no qual as pessoas fossem cosmopolitas e partilhassem dos valores aportados pelos novos missionários. O lema da Grange School Nunquan non paratus, nunca despreparado, e o regulamento interno ajudam a vislumbrar que tipo de disposições eram ali cultivadas:…”