Adesão à alimentação escolar e fatores associados em adolescentes de escolas públicas na região Sul do Brasil

Abstract

Resumo Objetivou-se analisar o índice de adesão à alimentação escolar e os fatores associados entre adolescentes matriculados em escolas públicas estaduais do município da Lapa, Paraná, sul do Brasil. De caráter transversal e analítico, incluiu 492 adolescentes de 10 a 19 anos de cinco escolas urbanas e cinco rurais do município. Foi aplicado um questionário sobre o consumo da alimentação escolar e de alimentos competitivos (aqueles comprados ou trazidos de casa) e realizada a avaliação antropométrica nos adolescentes. Os seus pais/responsáveis responderam um questionário demográfico e socioeconômico. Foi utilizado modelo de regressão de “odds” proporcionais ajustado para verificar as associações. O índice de adesão efetiva à alimentação escolar foi de 30,1% nas escolas rurais e de 23,7% nas urbanas. Não gostar das preparações servidas foi o principal motivo apontado para a não adesão. Observou-se menor adesão entre os adolescentes que possuíam maior renda familiar per capita e entre os que consumiam alimentos competitivos de 4 a 5x/semana. A adesão foi maior entre aqueles que consideravam a alimentação escolar saudável. Diante do baixo índice de adesão à alimentação escolar, a universalidade do atendimento não está sendo atingida. Os fatores apontados podem auxiliar em melhoras na execução do programa.

Desafios à Atuação dos Conselhos de Alimentação Escolar ## Challenges to School Food Advice Activities

“…Tendo em vista que uma das principais atribuições dos conselheiros é a fi scalização e a análise de documentos fi nanceiros e contábeis (BANDEIRA et al, 2013;SILVA et al, 2018;), a falta de qualifi cação pode ser um ponto crítico para o sucesso da atuação dos CAEs, sobretudo nas entidades pesquisadas. Além disso, a baixa presença de conselheiros com conhecimentos nutricionais faz com que o controle nutricional dos alimentos servidos não seja supervisionado pelas atribuições técnicas, comprometendo assim a qualidade alimentar e impactando no processo nutricional das crianças atendidas (CESAR et al, 2020).…”

“…Os conselheiros dos CAEs precisam passar por capacitações que contribuam para a execução de suas atividades. Dentre os temas, debatidos nessas capacitações, inclui-se o nutricional, visto que os cardápios das escolas devem estar em consonância com o que é estabelecido pelo PNAE em termos de necessidades nutricionais diárias e da cultura alimentar da região (GALLINA et al, 2012;BANDEIRA et al, 2013;PEDRAZA et al, 2018;CESAR et al, 2020).…”

“…Além da importante elaboração dos pareceres, a visita regular dos CAEs nas escolas contribui para a efetiva execução do PNAE. Com a presença frequente, o controle de estoque pode passar a ser executado de forma adequada (BANDEIRA et al, 2013;PEDRAZA et al, 2018) e o controle nutricional passa a ser efetuado (PEDRAZA et al, 2018;CESAR et al, 2020). Em consequência, as compras passam a ser realizadas de forma planejada, evitando desperdício de recursos públicos (BANDEIRA et al, 2013).…”

Perfil alimentar e percepção de escolares sobre alimentação servida em escolas municipais segundo a vulnerabilidade à saúde

“…2,4,21,23,24 Apesar da taxa de adesão verificada no presente estudo, ressalta-se que manter e aumentar a adesão à alimentação escolar, bem como aumentar a frequência de consumo e aceitação entre os alunos, ainda estão entre os principais desafios do PNAE. 8,21,[23][24][25] Uma revisão sistemática verificou que a maioria dos estudos que investigaram se os alunos gostavam da alimentação escolar encontraram índices de aceitação superiores a 50%, porém, inferiores a 85%, o que implica inadequação das refeições servidas. 25 Uma forma de melhorar a aceitação da alimentação escolar e, consequentemente, obter maior adesão é o autosserviço.…”

“…6 A cobertura do PNAE é bastante significativa, mas tem sido observada baixa adesão entre escolares do Brasil (38,1%), com grande variabilidade entre as regiões do país (Norte: 32,3%; Nordeste: 35,9%; Sudeste: 37,2%, Centro-oeste: 47,3% e Sul: 43,9%). 7 Além disso, percebe-se menor adesão entre os escolares adolescentes (25,6%) e entre os de melhor nível socioeconômico (diferença de quase 20% entre o menor e o maior estrato socioeconômico), 8 o que ratifica os discursos e práticas de caráter assistencialista, que conferem uma identidade de pobre e necessitado aos escolares que consomem a alimentação escolar. 9 Adicionalmente, esta baixa adesão pode decorrer das características da alimentação escolar (quantidade, variedade, temperatura, forma como é servida, tempo para se alimentar) e pode implicar diferentes estratégias alimentares, como levar alimentos de casa ou comprá-los próximo à escola.…”