Maus-tratos e discriminação na assistência ao aborto provocado: a percepção das mulheres em Teresina, Piauí, Brasil

Abstract

Maus

Aborto inseguro no Brasil: revisão sistemática da produção científica, 2008-2018

“…Taking into consideration the illegality of abortion, one may assume that these delays occur either because women delay seeking services due to lack of social support 88 , fear of admitting an illegal practice 82 or due to the stigma associated with abortion 88,89 ; or because of the difficulty accessing health care services or a timely offer of care 88 . Studies conducted in the Northeast showed low quality of the care offered to women hospitalized due to complications from abortion, measured through an analysis of the service structure and of women's perception of the care they received 90,91,92 . The delay in seeking care and the occurrence of delayed complications from induced abortion increase the distance between the death and the abortion itself, which may contribute to its omission as an underlying cause in the death certificate, favoring its under-reporting as a cause of maternal death 55 .…”

Vulnerabilidade racial e barreiras individuais de mulheres em busca do primeiro atendimento pós-aborto

“…Discrimination appears to be redoubled by institutional racism and becomes a barrier to access even before entry into the health system. This negative expectation towards care at the hospital, expressed in the experience of other women that reported discrimination due to abortion at public health services, has been recorded in studies in various Brazilian cities 35,36,37,38 . The treatment received at hospitals even affects women with miscarriage, suspected of having induced the abortion.…”

VViolência obstétrica em serviços de saúde: constatação de atitudes caracterizadas pela desumanização do cuidado [Obstetric violence in health services: verification of attitudes characterized by dehumanization of care] [Violencia obstétrica en servicios de salud: constatación de actitudes caracterizadas por la deshumanización del cuidado]

“…Os estudos demonstram mobilizações institucionais e profissionais para mudança da decisão da mulher em relação à interrupção legal da gestação 16 , falta de acolhimento, negligência e perguntas repetitivas em relação à violência sexual sofrida, que responderia à veracidade do direito à ILG. Por outro lado, vítimas de aborto espontâneo lidam com constrangimento e "busca" insistente por medicação, relatos contraditórios e ameaças de denúncia à polícia 17 De um total de 72 mulheres, 26 relataram desrespeito e abuso durante a internação. Caracterizadas pelos autores como "violências institucionais", o estudo aponta: práticas discriminatórias (como julgamento moral), tratamento não digno (ameaças de denúncia à polícia, uso de linguagem ríspida e grosseira e internação conjunta com puérperas), negligência (longa espera para realização do esvaziamento uterino), ausência de consentimento (procedimentos médicos realizados sem explicação), além de violação da privacidade e confidencialidade (entrevista e exame físico realizados com outras pacientes).…”

“…Demonstrar que os processos de simbolização que integram a atenção hospitalar às mulheres afetam, de modo contundente, suas experiências. 17 Pesquisa caracterizada como qualitativa e quantitativa, sendo realizada com 11 mulheres internadas em decorrência do abortamento e 19 profissionais de saúde do Hospital Maternal da Bahia de 2002 a 2003.…”

“…Compreendida igualmente como violência obstétrica, durante o processo de parto e nascimento, à medida que não cumpre com os direitos garantidos as mulheres por meio da constituição e dos princípios das políticas públicas (Sistema Único de Saúde e Rede Cegonha, por exemplo), a peregrinação em busca de atendimento torna-se uma prática corriqueira que aumenta a vulnerabilidade do binômio, caracterizando-se dessa forma como uma atitude de não cuidado/desumanização 25 . No que se refere à violência obstétrica inserida na assistência ao processo de abortamento (voluntário ou espontâneo), os estudos 17,26,27 demonstram como aspectos de desumanização: práticas discriminatórias (barreiras morais e religiosas), tratamento não digno (ameaça de denúncia à polícia, uso de linguagem ríspida/grosseira e internação conjunta com puérperas), negligência (longa espera para esvaziamento do conteúdo uterino) e proibição da presença de acompanhantes, dentre outras atitudes institucionais e desempenhadas por profissionais de saúde.…”