Competências Coletivas: Considerações Acerca De Sua Formação E Desenvolvimento

Abstract

RESUMO Os processos e o desempenho das organizações são construídos por meio de ações coletivas as quais são especialmente resultantes da interação entre pessoas. Entretanto, as formas de gestão predominantes nas organizações permanecem orientadas pela atuação individual. Uma das dificuldades é a escassez de cultura e instrumentos teórico-empíricos para lidar com configurações coletivas. Assim, o objetivo deste trabalho é ampliar os conhecimentos acerca das configurações coletivas a partir da seleção de categorias de análise que viabilizem a identificação de elementos e dinâmicas que constituem os coletivos. Nesse sentido optamos por um estudo de caso desenvolvido no ambiente de Recursos Humanos, mais particularmente nas práticas de gestão de RH de uma empresa que atua no setor financeiro, a fim de construir conhecimentos sobre essa dimensão coletiva. A análise dos resultados revelou não apenas a presença de elementos capazes de configurar os coletivos de trabalho, mas também uma dinâmica de formação e desenvolvimento de competências coletivas, principais contribuições do artigo. O uso desse instrumental revelou a presença de duas competências coletivas dentre as práticas de RH examinadas: (a) relacionamento e colaboração e (b) capacidade de desenvolver soluções conjuntas, observando-se que a primeira foi avaliada em estágio mais avançado de consolidação. Finalmente, ainda como resultado deste estudo, foi elaborado um framework que sistematiza os resultados obtidos na perspectiva da formação e desenvolvimento de competências coletivas.

Collective Competencies and Strategic People Management: A Study Carried Out in Federal Public Organizations

“…As highlighted by Silva and Ruas (2016), the interest in collective competencies arises from studies associated with the Resource Based Vision (RBV) theories that highlight the role of work collectives in organizational performance, developed from Nelson and Winter's (1982) seminal work on Organizational Routines (OR). Silva and Ruas (2016, p. 256) argue that collective competencies are based on the notion of collective work configurations, understood as "the work configurations in which collective action supplants individual action; that is, individual work must follow the determinations of collective work."…”

“…According to Silva and Ruas (2016), four theoretical perspectives serve as reference for the analysis of the collective dimension: concepts of collective practices, from the perspective of Organizational Routines (Michaux, 2011;Nelson & Winter, 1982); different forms of sharing, cooperation, interaction and socialization of work and individual expectations (Frohm, 2002;Sandberg, 1996;Zarifian, 2001); management policies capable of mobilizing the cooperation and interaction of individual work (Pauvers & Schieb-bienfait, 2011); and the attributes of collective competencies (Retour & Krohmer, 2011).…”

“…According to Michaux (2011), the action deserves to be highlighted because the concept of competency has a dynamic character and involves the mobilization of resources in order to act. The very use of the term competency, when referring to this collective capacity, allows to privilege the productive potential of this social phenomenon, as well as to highlight the respective contribution to the capacity of organizations to maintain and manage collective performance (Michaux, 2011;Silva & Ruas, 2016). …”

“…In spite of the fact that "organization" refers to a collectivity -the organizational system -there is a flagrant disregard for factors that emerge from collective work practices, that is, from interactions between groups -an intermediate class between the individual and the organizational level (Defelix, Le Boulaire, Monties, & Picq, 2014;Lima & Silva, 2015;Silva, 2013;Silva & Ruas, 2016). Now, knowing that the aspects of organizational culture can influence individual behavior, that the organizational climate brings an impact on the daily life of the organization, and that the constitution of effective work teams can contribute to increase productivity at work, why should so much emphasis be placed on the contributions of the individual to the organization?…”

Sustentabilidade nas organizações: uma proposta de gestão a partir das inter-relações entre estratégia, competências organizacionais e competências humanas

“…Mas, a despeito do amplo reconhecimento da associação entre a gestão da sustentabilidade e stakeholders, ainda há várias lacunas no conhecimento e um vasto campo de pesquisa a ser explorado (Hörisch et al, 2014). Sendo assim, se as competências coletivas por si só representam um campo ainda difuso (Silva & Ruas, 2016), neste âmbito, seriam necessários esforços de pesquisa que extrapolam os objetivos desta tese. Dessa forma, a fim de atender aos pontos de reforço da pesquisa, buscou-se incluir de maneira mais explícita os stakeholders nas definições operacionais e entregas das competências humanas para a sustentabilidade.…”