Violências e afetos: intercâmbios sexuais e econômicos na (recente) produção antropológica realizada no Brasil

Abstract

Neste texto apresento uma leitura crítica de parte da recente produção antropológica sobre intercâmbios sexuais e econômicos, realizada no Brasil. Delineio primeiro alguns traços do contexto no qual foram realizados esses estudos. Considero depois aspectos marcantes dessa produção. Levo em conta a maneira como esses estudos incorporam diferentes dimensões de violência, como tratam das relações entre gênero e sexualidade e como analisam as articulações entre afetos e dinheiro no âmbito do sexo mercantilizado. Finalmente, realizo alguns comentários sobre as singularidades da produção brasileira, em termos da literatura internacional sobre esses temas.

Vidas vivibles. Reivindicación del trabajo sexual en sus escenarios sociales de Iquique

“…Considerando el contexto de nuestro estudio, es relevante señalar que el campo de la investigación del trabajo sexual es incipiente en Chile. A diferencia de lo que ocurre al otro lado de la cordillera de los Andes, las producciones argentinas o brasileñas han constituido un complejo y denso debate académico y activista sobre la prostitución y/o el trabajo sexual (Piscitelli, 2014, Leite, Murray y Lenz, 2015Morcillo, 2016;Daich, 2017). Las publicaciones de los últimos años en Chile se han interesado en explorar y tipificar los escenarios del trabajo sexual (Belmar et al, 2018); tal como señalamos anteriormente a propósito de contribuir a deconstruir estereotipos, han estudiado la prevalencia del VIH en estas trabajadoras (Carvajal et al, 2017) y el cuidado de su salud sexual (Ramírez et al, 2017).…”

Ciências Sociais Hoje: Antropologia

“…Aponta Piscitelli (2014) que as pesquisas recentes em antropologia, em diferentes contextos etnográficos, procuraram romper com as leituras binárias tanto do masculino/ feminino quanto da hetero e da homossexualidade. Além disso, os levantamentos e balanços analisados revelam preocupação com a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos, acompanhando as pautas dos movimentos feministas e LGBTQI+, com alguns "vazios" que aos poucos foram sendo preenchidos, como é o caso das(dos) intelectuais negras e, mais recentemente, das(dos) intelectuais trans (que não são mencionadas(os) em nenhum dos artigos que pesquisamos) 15 .…”

“…Quando a RBA foi sediada em São Paulo, em 2012, foram sete grupos que discutiram temas como prostituição, sexualidades e moralidades; família e geração; gênero entre povos indígenas; arranjos familiares e militâncias. Além disso, houve a organização de um workshop e um simpósio cujos textos foram publicados, posteriormente, em dossiê organizado por Adriana Piscitelli (2014), como já foi mencionado anteriormente. Foram organizadas também uma mesa-redonda sobre aborto e outra sobre estudos de gênero e família negras.…”

Sugar relationships: sexo, afeto e consumo na África do Sul e no Brasil

“…Trata-se de uma noção que compreende os intercâmbios de dinheiro, presentes, afetos e sexo entre dois polos desiguais como parte de um conjunto mais amplo de trocas (G'SELL, 2016;HUNTER, 2002;LECLERC-MADLALA, 2008;STOEBENAU et al, 2011). Essa noção destaca fundamentalmente uma separação entre, de um lado, formas de intimidade afetivo-sexual com intercâmbios materiais e, de outro lado, a prostituição (HUNTER, 2002;PISCITELLI, 2014;STOEBENAU et al, 2011).…”