“…Essa legitimidade é atribuída pela reiteração de como cada um(a) deve se comportar, agir e pensar, supondo " [...] o sexo como um 'dado' anterior à cultura, de caráter imutável, a-histórico e binário" (LOURO, 2008, p. 15).Para esse processo de normalização, a Educação Física valeu-se do discurso médico higienista e obteve reconhecimento acadêmico ao ensinar que o disciplinamento do caráter e a higiene do corpo se constituem por meio de uma educação moral, física e intelectual heterossexual, transmitindo a ideia de família nuclear como a mais adequada.A Educação Física,nesse sentido,associou uma educação saudável à prevenção e à profilaxia, disseminando a ideia de um corpo forte, resistente e adequado aos parâmetros de produtividade (CASTELLANI FILHO, 1988;FRAGA, 2006;GOELLNER, 2009). Assim, um conjunto de medidas profiláticas que objetivavam conformar, definir e propor um determinado estilo de vida saudável (heterossexual, familiar e reprodutivo) foi ensinado em práticas escolares, especialmente na primeira metade do século XX no Brasil, paragarantir a manutenção da ordem social (GOELLNER, 2003;GÓIS JUNIOR;LOVISOLO, 2003;SOARES, 2000;2001). A Educação Física entra, portanto, no contexto escolar pela lógica biológica, em que o corpo é educado nas ideias de hierarquia, ordem, disciplina, higiene e esforço individual (SOARES, 2001), guiada, sobretudo, por uma racionalidade moral do sexo.…”