foi organizada como um convite para pensarmos juntos a Educação Física como matéria de ensino escolar. Não apresenta muitos argumentos de autoridade, ou seja, citações, etc.; ela não é uma demonstração sistemática de afirmações mas, certamente, é um apanhado de dúvidas e de algumas certezas provisórias. Deixo registrado também nesta breve introdução que minhas aspirações acadêmicas hoje, estão mais no terreno da concordância do que naquele da discordância. São os pontos convergentes apresentados pelo meu interlocutor que se constituem em ponto de partida e não os divergentes. Esta atitude tem me permitido um enorme crescimento acadêmico e pessoal. Tenho aprendido que há muitos pontos em comum que permitem o aprofundamento das questões acadêmicas, os quais, muitas vezes ficavam submersos em discordâncias e não eram percebidos como emergentes para a compreensão da Educação Física (EF), do homem e da sociedade. Assim, penso que estamos sempre aprendendo e só deixamos de fazê-lo quando morremos. Estar vivo é, sobretudo, estar aprendendo. Mas há diferentes saberes no mundo em que vivemos e há também múltiplos itinerários para sorvê-los, para neles mergulhar. É possível até dizer que "os itinerários para a cultura sâo múltiplos, mas nunca inteiramente sinalizados "2. Talvez a escola pudesse auxiliar nesta sinalização, pudesse ser um lugar onde se vai para aprender coisas, coisas que não se sabe ou que, se sabe apenas na superfície. A escola então seria um momo oceano onde se mergulha para conhecer. Como não se chega vazio até ela, este mergulho não é cego... ele é parte de um impulso humano para aprender. A escola então estaria tratando de saberes mais elaborados ou, conforme Snyders, rompendo com a cultura primeira, ampliando o horizonte do aluno para coisas, lugares e saberes que ele não atingiria sem ela. Esta escola como lugar de conhecer, estaria colocando, para o aluno, o que há de grandioso na ciência, ou seja, o homem diante da dúvida, diante de um processo que se constrói pelos erros e pela negação... por rupturas e continuidades e, sobretudo, por interesses humanos3 Neste lugar de conhecer haveria um respeito profundo pela inteligência do aluno, haveria a convicção de que "a inteligência dos alunos não é um vaso que se tem de encher; mas é uma fogueira que é preciso manter acesa Por vezes a escola se transforma num enorme balde de água, talvez num esguicho. Mas se ela pensar nesta fogueira que precisa ser mantida acesa, então poderá ser um sinal no itinerário da cultura. Para isto é preciso o desafio. Não se desafia a inteligência do aluno com a repetição do que ele já sabe ou com a reprodução superficial do que os mídia oferecem, ou ainda, com o pronto atendimento do desejo da criança e do jovem. O desejo também é construído socialmente... gosta-se, em princípio, do que se conhece. Rejeita-se, on princípio, o desconhecido, o difícil, o elaborado. Papel da escola, da metodologia do ensino, do planejamento: organizar criativamente o conhecimento a ser tratado no tempo... produzir desafios com este desconhecido...
RESUMOOs Sistemas Ginásticos são aqui compreendidos como um conjunto de conhecimentos sistematizado pelo pensamento científico que se consolida na Europa ao longo do século XIX constituindo, assim, formas modelares de educação do corpo. Revelam-se como mais um produto resultante do alargamento do urbano, da afirmação do urbano na vida em sociedade que tem a cidade como centro de poder. A cidade e os corpos que nela habitam tornam-se objeto de intervenção e de domínio da ciência. Os Sistemas Ginásticos têm a pretensão de contribuir para a regeneração física da sociedade, preservando a saúde da população em geral, assim como preparando o soldado para o combate. A Ginástica que surge e se afirma no período apresenta, então, uma competência tutelada, de um lado, pelo exército, através de certas técnicas e, de um outro, pela instituição médica de quem recebe a autoridade de seu saber. Constitui-se, portanto, como modelo técnico de educação do corpo, entendido como conjunto de forças capaz de por em movimento determinações precisas, conter e reprimir desejos, preservar energia. Palavras-chave: corpo, ginástica, educação. ABSTRACTThe Gymnastic Systems are understood here as a group of knowledge systematized by the scientific thought, which had been solidified in Europe along the nineteenth century, thus constituting shaped forms of body education. They are revealed as one more product resulting from urban enlargement, urban affirmation of life in society, which has the city as
RESUMO O texto parte da hipótese de que, em uma longa duração, uma educação do corpo é lentamente elaborada por diferentes sujeitos e instituições, com a finalidade de criar gestos comuns, usos comuns do corpo voltados ao cuidado de si, de sua aparência e, mais amplamente, da proteção de suas próprias forças. Trata-se, assim, de um tipo de educação que, neste tempo longo, produz, seja de forma silenciosa, seja de forma eloquente, conselhos, prescrições, normas voltadas ao corpo, constituindo, assim, processos educativos. O texto examina e analisa alguns desses processos educativos capturados em traços no conjunto de fontes constituído por textos religiosos, tratados de pintura, romance, tratados de boas maneiras e de civilidade produzidos entre o século XII e XVIII. Para os propósitos e o espaço deste texto, a breve análise realizada demonstra a existência de uma abundância de referências ao corpo e aos gestos nesses registros e constitui, sem dúvida, um bom ponto de partida para esboçar apontamentos acerca da historicidade da noção educação do corpo.
Resumo: As roupas possuem lugar privilegiado na história da humanidade e sua especificidade sexual, étnica, religiosa, política ou cotidiana, revela esse lugar. A vestimenta constitui característica fundamental dos seres humanos, e o ato de vestir-se obedece a determinações sociais, sendo resultado de um laborioso processo de transformação de sensibilidades em relação ao corpo e a sua exibição; de tolerância à nudez e à natureza corporal. Este trabalho dedica-se ao levantamento, à seleção e à análise de reportagens e imagens publicadas em revistas brasileiras pertencentes ao domínio da educação física e do esporte entre os anos de 1920 e 1940 e tem como objetivo compreender as justificativas elaboradas para o uso de roupas específicas nessas práticas, em suas dimensões higiênicas, morais e estéticas, presentes nos argumentos desenvolvidos no período. As fontes trabalhadas são três revistas publicadas no Brasil no período delimitado para este estudo.Palavras-chave: educação do corpo; roupas esportivas; higiene corporal.Clothes for physical activities and sports: new body awareness and education (Brazil, 1920(Brazil, -1940 Abstract: The clothes occupy a privileged place in the history of humanity and its sexual, ethnic, religious, political or daily specifics reveal this positioning. A piece of clothing constitutes a fundamental human being attribute and the act of dressing obeys social determinations, which are the result of a laborious process of awareness transformation related to the body and its exposure, the tolerance to nudity and body nature. This work aims to locate, select and analyze articles and images published in Brazilian newspapers that belong to the domain of Physical Education and Sports between the years of 1920 and 1940 and seeks to understand the reasons for the use of specific clothes in these practices in their hygienic, moral and aesthetic dimensions, present in the arguments developed in that period. The analysed sources consist in three magazines published in Brazil during the period delimited for this study.
É possível pensar numa composição entre Educação Física, linguagem e arte? A incorporação da arte nas reflexões concernentes à Educação Física poderia auxiliar na configuração de uma outra lógica para pensar o corpo e todos os fenômenos a ele ligados, inclusive no que diz respeito a sua expressão gestual. Neste artigo, apresentamos algumas discussões que apontam para a historicidade desta relação, tomando por base os estudos de Noverre, Delsarte e Dalcroze.
O corpo, em sua materialidade, pode ser trazido à cena como possibilidade para se pensar a vida humana e toda a complexidade de suas interações. Circuncrito em quadros relacionais bem precisos, é capaz de esclarecer um mundo (Vigarello, 2003, p. 4). Território construído por liberdades e interdições, é revelador de sociedades inteiroas, o corpo pode ser tomado como síntese visível da inegável inter-relação entre natureza e cultura. Seus múltiplos sentidos, assim, pedem múltiplos olhares para que dele se fale. O corpo, portanto, é também expressão do traço esculpido na pedra, no concreto, nos grãos de areia, contém esta memória e é, também, memória. Sua educação dá-se na relação com a materialidade do mundo. As implicações disso são claras quando se trata de pensar no papel da arqueitetura nesta educação.
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