Processos de transição com ingresso de bebês na educação infantil: revisão bibliográfica

Abstract

Resumo Como consequência do complexo, multifacetado e contraditório processo de aquisição de direitos das mulheres trabalhadoras e das crianças, tem havido grande aumento de frequência de bebês em instituições de educação infantil. Interrogou-se, assim, como a literatura discute a transição de cuidados/educação mais centrados em contextos domiciliares para os compartilhados com a instituição. Esta revisão bibliográfica sistemática utilizou termos transição, adaptação, bebês e creche em cinco línguas e em seis bases de dados. Os resultados indicam crescimento da temática nas duas últimas décadas, com maior produção no Brasil e nos Estados Unidos. Atentando-se à complexidade do processo, autores focalizam processos e ações antes e após o ingresso nas instituições, além de mudanças de longo tempo. Discutem-se questões teóricas, relação família-instituição, papel do professor e estratégias de acolhimento.

Construção de vínculos com as professoras no processo de transição com início de frequência de bebês em instituições de educação infantil

“…No Brasil, historicamente, o processo de início de frequência em IEI tem sido nomeado a partir do termo "adaptação": a maioria dos estudos nacionais encontrados em nossa busca (Dentz et al, 2023) utilizaram-se deste termo (por exemplo Bossi, Brites, & Piccinini, 2017;Rapoport, Bossi, & Piccinini, 2018;Rappoport & Piccinini, 2001). Além disso, nosso próprio grupo de pesquisas se referia a esse processo utilizando-se do termo "adaptação" (Amorim et 11 Dar-se-á atenção aos termos "adaptação" e "transição" em decorrência da tradição do primeiro em território brasileiro e de justificar a opção deste trabalho por transição.…”

“…O termo "transição" permite, assim, em contrapartida com o termo "adaptação", considerar a situação em sua complexidade, indo além das transformações da criança (e da sua adaptação), englobando também a família, as professoras e a própria instituição dentro do processo. Após essa breve contextualização da opção deste estudo pelo termo "transição" e de uma apresentação geral desse momento, será descrita de modo bastante sucinta a revisão sistemática integrativa realizada em Dentz et al (2023), com o intuito de oferecer um panorama dos estudos sobre o processo de transição/adaptação/inserção de bebês de 0 a 3 anos que passam a frequentar Instituições de Coletiva 13 .…”

“…Uma primeira questão suscitada pela revisão referiu-se ao período no qual se desenrola essa transição com o início de frequência (Dentz et al, 2023), na medida em que este não é consensual, e varia entre os 10 primeiros dias de frequência (Ahnert, Gunnar, Lamb, & Barthel, 2004;Datler, Datler & Funder, 2010), entre três e quatro semanas, (Cryer et al, 2005), também ao longo de três meses (Amorim et al, 2000) e até por 24 meses (Bernal et al, 2019).…”

“…14 O pertencimento da Teoria do Apego à psicanálise, após a incorporação de preceitos da etologia, teorias do sistema de controle não é um consenso na literatura (Fonagy, 2001;Gullestad, 2001) e, desta forma, em consonância com Souza e Neder (2022) optou-se por considerar essas abordagens separadamente. da sociologia da infância (2,1%), revisão bibliográfica sobre o processo de adaptação (2,1%) e outros (7,6%) (Dentz et al, 2023).…”

“…Define-se o termo transição e defende-se a opção por este termo, em contraste com os termos "adaptação" e "acolhimento". Ainda, realiza-se um breve apanhado do modo como esse processo é tratado pela literatura e pela legislação brasileira contemporânea, a partir de uma síntese de artigo de revisão realizado em conjunto com Marisa von Dentz, Cíntia Castro e Katia Amorim (2023), às quais sou extremamente grata pela parceria. Por fim, a ideia deste capítulo foi concebida através da sugestão da professora Niina Rutanen e se mostrou extremamente importante para esta dissertação.…”