“…As manifestações políticas de que o Brasil foi palco ao longo de 2013 e que restaram conhecidas, entre outros títulos, como Jornadas de Junho (SECCO, 2013; SCHERER-WARREN, 2014; CATTANI, 2014; WERNECK; LORETTI, 2018) 2 , tornaram-se, para um painel bastante variado de interpretações, uma espécie de ponto de inflexão em nossa atual ordem moral. Como demonstraram muitos trabalhos (MENDONÇA, 2018, CATTANI, 2014b, ainda está por se fazer um mapeamento completo das consequências daqueles protestos e dos que se seguiram nos anos posteriores: se, por um lado, boa parte das análises enxergou naqueles movimentos ecos de uma inovadora movimentação global de grandes manifestações libertárias fincadas em movimentos sociais em consolidação (ABREU; LEITE, 2016; GONDIM, 2016; ALONSO, 2017), por outro, alguns viram neles um prova de crescimento de uma "onda neoconservadora" (SCARTEZINI, 2016;ARRETCHE;ARAÚJO, 2017;PINTO, 2017). Mas seja qual for a análise sobre 2013, há consenso de que, muito embora aquelas passeatas contassem com um ponto de partida comum em torno do valor das tarifas de transporte coletivo e com uma interligação geral relacionada a uma crítica ampla à política no Brasil -e talvez mesmo por conta disso -, o período ficou marcado por uma enorme e desconcentrada diversidade de reivindicações .…”