Da Formação Cultural À Mobilização Social: Espaços De Formação E Mobilização Ao Longo De Três Gerações Nas Periferias De São Paulo

Abstract

<jats:p>Resumo O objetivo deste artigo é analisar empiricamente como uma “cultura pública” foi formada e tornou-se capaz de dar forma e material a mobilizações coletivas nas periferias de São Paulo. Para tanto, o artigo dá um passo atrás em relação ao que é tradicionalmente entendido como análise dos movimentos sociais e da ação coletiva e se concentra nas experiências de formação individual e coletiva dos sujeitos políticos. A pesquisa aqui apresentada baseia-se em uma etnografia realizada em dois bairros da periferia de São Paulo e em uma análise histórica sobre a luta política de três gerações de moradores das periferias da cidade. Assim, além de explorar as mudanças históricas em termos de repertórios de ação, o artigo analisa as conexões entre o modo de vida dos sujeitos, os espaços de deliberações e de formação política - aqui entendidos como “esferas públicas subalternas” - e ações coletivas nas periferias de São Paulo para cada uma das gerações estudadas. Argumenta-se que para a primeira geração, os espaços prioritários de formação estavam situados em torno da Igreja Católica, sobretudo nas Comunidades Eclesiais de Base. Para os pertencentes à segunda geração, os espaços mais relevantes foram as próprias instituições formadas a partir da mobilização dos anos anteriores com destaque para ONG e canais oficiais de participação popular. Finalmente, para a terceira geração, coletivos culturais e principalmente os saraus de poesia ganham destaque.</jats:p>

Workers and Peripherals: Identities Under (De)Construction in São Paulo’s Outskirts

“…Em oposição a esse estigma de ser periférico, associado ou ao crime ou à falta de empenho em melhorar de vida, é possível notar o aparecimento de uma resposta que pode ser interpretada como uma reafirmação identitária, uma vez que busca valorizar justamente seus atributos que são estigmatizados. Em minha pesquisa de campo, notei que a emergência dessa resposta aparece sobretudo entre os moradores mais jovens, com menos de 30 anos, ligados a movimentos culturais e identitários (Fontes, 2018a(Fontes, , 2020a(Fontes, , 2020b. Essa reafirmação identitária é o interesse primordial deste texto, pois é a partir dela que uma nova identidade é forjada pelos moradores das periferias de São Paulo.…”

Beyond the Institutional Order: Culture and the Formation of New Political Subjects in the Peripheries of São Paulo

“…I would add that they want to be seen without having to move to the center of the city, since the pride of being on the periphery is central to their identity. More than claiming the "right to the city" they demand the "right to the periphery" (Fontes, 2018b). Their conception of citizenship does not reject the demand for broadening the channels of popular participation and social rights but points to the boundaries of an unfinished democracy that is unable to recover our "urban culture of tolerance and the arts of negotiation" (Zaluar, 2009).…”

“…The lyrics of "Quilombo cultural" also reinforce the political character that the organizers attribute to the recitals by stating that they are not just events but a movement and that artists are citizens insofar as they express their thoughts. The recitals' aim is to return to a view of politics in the periphery that interacts with the tradition of workers' struggle for citizenship (Fontes, 2018a;.…”

“…In addition, historical activists complain that the holders of important posts in recent PT administrations, with a more technocratic background, are not interested at all in popular participation and have withdrawn power from these spaces, making them merely formal and of little effectiveness in the formulation and implementation of public policy. There are also complaints about the loss of individual and collective autonomy of activists and their organizations due to the relations they establish with the state and politicians (Fontes, 2018a;.…”

Histórias de quem quer fugir e de quem quer ficar: laços comunitários nas cambiantes periferias de São Paulo

“…Para mais detalhes a respeito do mundo da cultura como espaços de formação política dessa terceira geração, verFontes (2018b;2020a;2020b).…”