“…A identificação dos moradores com seu "pedaço" é um processo antigo e já descrito por antropólogos desde a década de 1980 (Magnani, 2003;Zaluar, 2000). Contudo, o que parece estar aumentando nos últimos anos é uma reconstrução, ainda que retórica, de um espírito de solidariedade pelo sofrimento e opressão a que estão sujeitos todos que habitam essas regiões (Fontes, 2021). A alcunha de "otário", utilizada em alguns contextos para se referir aos trabalhadores que "trabalhavam cada vez mais e ganhavam cada vez menos" presente em outros tempos (Zaluar, 2000), vai se convertendo em rótulos que aproximam e se solidarizam como "sofredor" ou "oprimido".…”