O naturalista Veloso

Abstract

O artigo analisa a atuação de frei Veloso como naturalista e busca demonstrar que tanto sua atividade de botânico quanto o trabalho de editor eram consistentes com as características da história natural do Iluminismo. A celebridade adquirida posteriormente por Veloso foi sendo construída no âmbito da exaltação de “grandes homens” do período colonial e na utilização de suas pesquisas pela botânica. O fato de Veloso e sua equipe terem adotado o sistema lineano permitiu que sua obra fosse reconhecida pelos taxonomistas como válida, mesmo posteriormente, apesar de estar desatualizada na época de sua publicação.

Museus, coleccionismo e viagens científicas em Portugal de finais de Setecentos

“…Teve igualmente um papel pedagógico junto da população, ensinando-a na execução mais moderna, e rentável de muitas actividades. Dirigida por frei José Mariano da Conceição Veloso (Kury, 2015;Nunes e Brigola, 1999, pp. 51-75), a Casa do Arco do Cego foi responsável pela publicação de descrições, compêndios, ensaios, colecções, tratados, cartas, manuais, muitos deles traduzidos e ilustrados.…”

“…De entre elas destacam-se, pela sua importância, as de frei José Mariano da Conceição Veloso, que, entre 1782 e 1790 e no cumprimento das directrizes do vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa, realizou à capitania do Rio de Janeiro, percorrendo trajectos que incluem a Serra do Mar em direcção a Santos, a Ilha Grande, Paraty e a serra de Paranapiacaba. Destas explorações destinadas à produção da Flora Fluminense, resultou o envio de enorme quantidade de espécimenes de flora e fauna para o Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda (Kury, 2015;. Há igualmente a destacar as investigações mineralógicas feitas por Baltasar da Silva Lisboa à ilha das Cobras e à Serra dos Órgãos entre 1787 e 1797; as de José Álvares Maciel a Sabará, Caeté e arredores de Vila Rica em 1788-9; as de Simão Pires Sardinha a Minas Gerais; as viagens botânicas, agronómicas e mineralógicas de Joaquim de Amorim e Castro à Bahia entre 1787 e 1796 (Pataca, 2015).…”

L'expédition scientifique de João da Silva Feijó aux îles du Cap Vert (1783-1796) et les tribulations de son herbier

“…Around 1778, in order to enrich the natural history collections of the newly constructed Museum of Ajuda and to explore regions that were still unknown, a grand scientific expedition to Brazil was planned by Vandelli (Vandelli 1987;Kury 2008a). Ordered by the Portuguese Crown, these expeditions best known as the "Philosophical Journeys" incarnated the Portuguese spirit of the Enlightenment in the Sciences.…”

Typifications in Passiflora L. (Passifloraceae) described by Frei José Mariano da Conceição Vellozo

“…Vellozo's morphological descriptions usually mentioned the place of collection and popular or indigenous names and uses, and followed the sexual classifi cation system proposed by Linnaeus (Kury 2015), but without indicating vouchers (Lima 1995). Th ese factors have made it diffi cult to identify these species, and many names have since been treated as problematic or altogether ignored by science (Knapp et al 2015).…”

“…According to Kury (2015), the illustrations of Flora Fluminensis, especially of the reproductive parts of flowers, serve as valuable references because no information exists regarding herbarium or type material fixed to species names. Prior to the 20 th century, modern rules of the International Code of Botanical Nomenclature were not in force, thus adding even more value to the illustrations.…”