2018
DOI: 10.11606/issn.2316-901x.v0i69p159-178
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Sobre a vida multiespécie

Abstract: O artigo a seguir apresenta uma discussão sobre a ideia de uma vida mult iespécie, através de dois passos. O primeiro deles se refere a um questionamento do dispositivo antropocêntrico que opera no pensamento antropológico, discutindo seu processo recorrente de delimitação da vida humana como uma vida qualificada, polít ica, em detrimento da vida animal como desqualificada, mecânica. O segundo passo indica elementos constitutivos de um pensamento ecológico que não se subordina ao tipo de reducionismo presente … Show more

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“…La perspectiva multiespecie (Van Dooren, Kirksey y Münster, 2016;Tsing, 2015;Süssekind, 2018) invita a abandonar la concepción de los organismos como entidades monádicas y ahistóricas, considerándolos aglomerados que se multiplican con y a través de otras especies.…”
Section: Multiplicacionesunclassified
“…La perspectiva multiespecie (Van Dooren, Kirksey y Münster, 2016;Tsing, 2015;Süssekind, 2018) invita a abandonar la concepción de los organismos como entidades monádicas y ahistóricas, considerándolos aglomerados que se multiplican con y a través de otras especies.…”
Section: Multiplicacionesunclassified
“…Não é preciso tanta imaginação para pensar os animais, em diferentes contextos, como representantes contemporâneos dessa figura que é capturada ao ser excluída, capturada por uma política de exclusão (40); dessa figura que representa vidas desqualificadas, vidas nuas, que podem ser mortas sem que existam assassinos -como é o caso dos milhões de animais que morrem anualmente nos laboratórios de pesquisa científica. O ponto que estamos tentando destacar, no entanto, é que a operação de transformar vidas animais em homo sacer, em vidas nuas, não se restringe ao ato de matar em si (este é o episódio final de uma trajetória), mas também a todo o conjunto de saberes canônicos que construíram, ao longo de séculos, o animal como um ser inferior e complementar necessário ao humano elevado (19,41,42); que associaram suas vidas à animalidade, à selvageria, à brutalidade; ou que associaram seus modos de ser -em toda sua imensa diversidade -ao signo do negativo: seres sem razão, sem linguagem, sem cultura. No mesmo sentido de nossa argumentação, Felipe Süssekind (42), ao realizar o esforço de pensar outras maneiras de coabitar o mundo entre espécies, isto é, de levar uma "vida multiespécie", problematiza, a partir do conceito agambeniano de "máquina antropológica", aquilo que ele chama "dispositivo antropocêntrico": a afirmação da humanidade, ao delimitar sujeitos de direito, sujeitos de uma vida qualificada, se constitui, nesse sentido, como uma máquina que reduz os viventes desprovidos de humanidade à condição de objetos ou de instrumentos.…”
Section: Poderes Instrumentais: O Animal Mais Perto Do Objetounclassified
“…O ponto que estamos tentando destacar, no entanto, é que a operação de transformar vidas animais em homo sacer, em vidas nuas, não se restringe ao ato de matar em si (este é o episódio final de uma trajetória), mas também a todo o conjunto de saberes canônicos que construíram, ao longo de séculos, o animal como um ser inferior e complementar necessário ao humano elevado (19,41,42); que associaram suas vidas à animalidade, à selvageria, à brutalidade; ou que associaram seus modos de ser -em toda sua imensa diversidade -ao signo do negativo: seres sem razão, sem linguagem, sem cultura. No mesmo sentido de nossa argumentação, Felipe Süssekind (42), ao realizar o esforço de pensar outras maneiras de coabitar o mundo entre espécies, isto é, de levar uma "vida multiespécie", problematiza, a partir do conceito agambeniano de "máquina antropológica", aquilo que ele chama "dispositivo antropocêntrico": a afirmação da humanidade, ao delimitar sujeitos de direito, sujeitos de uma vida qualificada, se constitui, nesse sentido, como uma máquina que reduz os viventes desprovidos de humanidade à condição de objetos ou de instrumentos. A categoria do animal funciona, neste caso, como uma categoria em negativo: o não humano genérico, aquilo que está excluído da esfera da vida política.…”
Section: Poderes Instrumentais: O Animal Mais Perto Do Objetounclassified
“…A partir desses trabalhos, observa-se então um questionamento do exclusivismo humano (Sussekind, 2018) enquanto objeto de estudo das Ciências Humanas e enquanto portador de características ou competências próprias. Nesse sentido, a distinção entre natureza e cultura vem sendo desestabilizada a partir de trabalhos teóricos e etnográficos que, como Donna Haraway discute em entrevista a Nicholas Gane (2010), colocam em questão a nossa relacionalidade com o que não é humano.…”
Section: Introductionunclassified