IntroduçãoDiante dos avanços das tecnologias e das buscas incessantes por corpos perfeitos, transformados e adaptáveis, o que esperamos do nosso futuro próximo? O que poderemos esperar de nossos corpos? Seremos, no futuro imediato, apenas sofisticados e adaptáveis avatares? Ciborgs? Robôs? Matrix poderá surgir como uma hipótese viável? Teremos corpos híbridos entre o biológico e o artificial ou entre a máquina e a humanidade?Viveremos adaptados e confortáveis num mundo das máquinas inteligentes e mirabolantes? Enfim: o que esperar do corpo do homem do futuro? Se, por um lado, o destino do dualismo platônico instalado nos leva a desdenhar ou duvidar da capacitação de nosso corpo em busca de um mundo imaterial, fantasioso e perfeito, o mundo das idéias, por outro lado, na perspectiva da tecnologia e da inteligência artificial, da nanotecnologia e do ciberespaço, tanto propagado por parte de cientistas, engenheiros, filósofos e artistas da cibernética, tem como meta (ou sonho) promover o transporte de nosso espírito para uma máquina superior.Analisando assim, num exercício de futurologia seria como escanear nosso espírito para uma outra dimensão: do corpo-máquina sofisticado e preciso (ou precioso, virtuoso) e capaz de ser mais competente e funcional que nosso antigo corpo biológico. Poderemos superar todas nossas marcas e ir muito além da restrição atual de cem trilhões de sinapses no cérebro: sabemos que o raciocínio biológico é estacionário e estimado em 1026 operações por segundo. Então, essa quantidade, determinada biologicamente, não aumentará; no entanto, a inteligência não biológica cresce exponencialmente e nos fará melhor dotado desta capacitação, seremos razoavelmente mais capacitados.Também Minsky (apud Le BRETON, 2003) indica seu desprezo pelo corpo biológico ao sugerir uma data para o teletransporte do espírito ao computador. Outra fantasiosa idéia, de Stelarc, o artista plástico da Body Art, aquele que implantou uma mão robótica em seu abdomem e, com isso, quis validar seus postulados em relação à obsolescência do corpo biológico, afirma que simplesmente o corpo humano criou um ambiente de informação e tecnologia, sobre o qual mal tem o controle e não mais consegue lidar.Esse impulso vertiginoso para acumular de forma contínua e progressiva mais e mais informação estabelece uma situação na qual a capacidade do córtex humana simplesmente não consegue absorver e diagnosticar de forma criativa todos os elementos processados. Foi Motriz, Rio Claro, v.17 n.4, p.728-737, out./dez. 2011 Artigo Original
O corpo, o desenvolvimento humano e as tecnologias
Body human development and technologiesAbstract: The aim of this work is to study and analyze the relationships among body, technology and human development. Technological advances and human relations are going through changes in contemporary societies and these changes can be noticed in all environments. It seems that the school environment and the physical education are passing through technological changes and their teachers try to perform actions that...