A música é um dos elementos essenciais nos cultos de Candomblé. Junto à dança colabora com a identificação de cada orixá e seus ritos. É uma forma de expressão que divulga e mantém viva a história de algumas tradições orais africanas colaborando na formação identitária e na percepção do caráter sagrado dos lugares de celebração. A memória é o elo entre dois lugares em tempos diferentes: o Orúm e Ayê que espacializam a cosmogonia do Candomblé. Compreendendo a religião como um sistema cultural – o qual caracteriza-se por modalidades diferenciadas de cultos e celebrações – este, tem na música um dos elementos de elaboração de vínculos entre o humano e o sagrado que mobiliza maneiras de ser e existir no espaço imediato celebrativo. Com isso, à luz da teoria do espaço sagrado de Zeny Rosendahl e de música e sagrado de Lily Kong, discorremos, neste ensaio, um exercício de compreensão da maneira pela qual a música é um elemento essencial que colabora com a produção do espaço simbólico dos terreiros de Candomblé.
O presente texto propõe uma reflexão sobre os ritos mortuários no candomblé e a tentativa de reconstruir uma ancestralidade dentro de um contexto de violência epistêmica e necropolítica. A interrupção destes processos litúrgicos nega a estas populações a possibilidade de construção de uma ancianidade onde são transmitidos valores sociais, políticos e filosóficos. Ao relacionar estes processos com o epistemicídio e a necropolítica, o texto traz abordagens acerca da violência enquanto mecanismo de apagamento no qual a morte transita de um status de longevidade e ancestralidade para o status de tecnologia de biopoder no qual o Estado aplica uma política de extermínio sobre a população negra, controlando as possibilidades materiais destes grupos e também negando a possibilidade de ascensão social. A partir de uma perspectiva racial, este ensaio traz reflexões sobre a necropolítica e a destituição da população negra de sua ancestralidade rompida pelo processo colonial.
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