Introdução: o processo de reestruturação e reforma de um hospital do município de São Paulo despertava dúvidas e angustias nos profissionais, as quais exerciam impacto no cotidiano de trabalho. Neste cenário, identificou-se uma demanda de intervenção, a qual originou a elaboração de um projeto de apoio aos profissionais e preparação dos mesmos para o momento de transição. Objetivos: o projeto caracterizou-se pela atenção aos profissionais do hospital, com objetivos de fornecer apoio psicossocial aos funcionários para o enfrentamento das mudanças previstas, promover melhorias na qualidade da assistência prestada, dissolver dúvidas referentes ao projeto para reforma e proporcionar efetiva comunicação entre as lideranças e os colaboradores. Método: o projeto foi desenvolvido baseando-se em três frentes de atuação, a saber: 1) Grupos Operativos com colaboradores, coordenados por psicanalista clínico contratado pelo hospital, compostos por 20 funcionários, sendo três encontros programados para cada grupo; 2) Grupos Operativos com as lideranças do hospital, a fim de formá-las para conduzir suas equipes durante a transição; 3) Oficinas Assistenciais específicas para profissionais de enfermagem, que consistiram em quatro workshops que abordavam a construção do cuidar a partir da interface existente entre o autocuidado, o cuidar e o ser cuidado. Buscando uma comunicação clara com os colaboradores, boletins informativos divulgavam informações sobre o andamento das negociações e processos relativos à reforma. Após os grupos e oficinas, os participantes eram convidados a preencher avaliações que mediam o impacto da intervenção através de critérios quantificáveis de satisfação e espaço para comentários livres a respeito da atividade, os quais foram elencados em categorias. Resultados: do total de 174 colaboradores, 156 (90%) compareceram a pelo menos um encontro e 110 (63%) participaram dos três encontros previstos. dos 156 colaboradores que participaram de um encontro, 109 (70%) responderam à avaliação. Destes, 54,1% considerou Muito Importante ter participado dos grupos e 63,9% Indicaria com Certeza os grupos para os colegas. Os comentários registrados abrangiam temas relativos à "Momentos de reflexão", "Trabalhar o lado humano", "Entender melhor o colega", "Relacionamento entre chefia e funcionário", "Ética", "Comunicação", "Elogios ao conteúdo/palestrante", "Manifestação de interesse em outros encontros". do total de 63 profissionais da enfermagem, 59 participaram das oficinas assistenciais. de 57 avaliações preenchidas, 73,7% considerou a Oficina Muito Importante e 78,9% Indicaria com Certeza a oficina para colegas de trabalho. Conclusões: Transpondo o objetivo de preparo para mudanças, o projeto Cuidar e Ser Cuidado funcionou como importante dispositivo de resgate de valores e de promoção da cultura de humanização no hospital.
Atualmente a gestão de pessoas nas organizações públicas é um grande desafio. Estas têm dificuldades em atrair e manter profissionais capazes de atender as demandas exigentes e com qualidade. Os servidores parecem não ter relevância estratégica às organizações públicas, causando, desmotivação dos funcionários (Madureira, 2009, Divaldo, 2009). Diante desta realidade, a
Burnout ou Síndrome por Exaustão Profissional é o resultado de largos períodos de contato com as contínuas pressões frente às ameaças vindas de fora, como por exemplo, o ambiente profissional, que pode tornar-se a fonte de circunstâncias geradoras de emoções, sentimentos e de uma gama de pensamentos que podem abater o corpo, afetar as relações de trabalho e da vida pessoal.O organismo humano foi capacitado para viver diferentes experiências que demandam diferenciados níveis de respostas, todas elas ativam um sistema de retornos que integram o físico, o psíquico, o social a uma forma consciência do que acontece, provocando mais ou menos pressão interna, pois o organismo está exposto a uma gama diversificada de estímulos dos quais a maior parte deles relacionados às expectativas frente ao desconhecido.Diante do que desconhecemos somos impelidos a criar estratégias para sobreviver. O auto-domínio, o controle emocional, o pensamento claro e a disposição para o enfrentamento frente aos múltiplos níveis do que podemos chamar de ameaça, real ou imaginária, vivenciamos no corpo em sua totalidade como descrevemos acima, e este por sua vez é impelido a reagir para se defender, na fuga ou no confronto com o inesperado. No entanto, no mundo de imprevisibilidades e mudanças tão velozes em que vivemos, os períodos de tensão frente ao novo parecem ter se estendido, provocando a sensação de serem ininterruptos e certas vezes até esmagadores, exigindo maior contato e apropriação com nossos recursos internos de enfrentamento.As profissões que lidam com o sofrimento alheio apresentam maior necessidade de controle emocional e autoconhecimento, devido aos desgastes inerentes aos sentimentos muitas vezes paradoxais presentes no contato com a dor, seja física ou psíquica, fator que pode desencadear e acelerar o processo de adoecimento do cuidador. Diferentes profissionais de saúde estão expostos à doença, independentemente da área de atuação ou especialidade. Estudos demonstram que os riscos de desenvolvimento de burnout e estresse são eminentes dentro da área da saúde [1]. Shanafelt et al. [2], relata que um terço dos médicos oncologistas experienciam um significante grau de burnout na carreira. Morse et al. [3], constataram em uma série de pesquisas, o acometimento de burnout em 21% a 67% dos profissionais que trabalham com saúde mental. Estes dados revelam alto nível de acometimento da doença nos profissionais de saúde.Rotinas desafiadoras no contato com a transitoriedade e finitude da vida podem ser disparadoras de sinais como exaustão emocional, despersonalização, desmotivação e redução do compromisso profissional são recorrentes, com estes sintomas como angústia, depressão, humor variável, irritação, insônia e pânico podem surgir.Diante deste cenário, os profissionais da área da saúde e líderes de equipe precisam estar atentos à sua saúde. Perceber os sinais de cansaço mental, instabilidade emocional ou dificuldades nas relações sociais são determinantes para buscarem algum nível de ajuda na melhoria da relação consigo mesmo e com tudo o que o cerca.A importância de reverem os seus hábitos e a maneira como pensam e sentem o mundo, pode ajudá-los para produzir novos significados frente aos imprevistos e desafios que despontam. O autocuidado pode iniciar com a leitura dos sinais do corpo, emoção, mente e espírito.Quando realizado conscientemente, ou seja, tempo de repouso, alimentação balanceada, busca do sagrado, atividade física e relacionamentos construtivos, pode fazer emergir uma realidade de maior unidade consigo mesma e percepção das necessidades do corpo, emoções e mente. Por isto, precisamos buscar o autocuidado na perspectiva de que temos outras tantas pessoas para cuidar com excelência técnica e relacional.A atuação de forma preventiva na relação dos líderes e sua equipe ou profissionais de saúde com seus pacientes passa primeiramente pela experiência de autocuidado do cuidado que envolve: Planejar as suas atividades administrando bem o tempo para respeitar os horários de atendimento a seus pacientes e clientes.Atendimento humanizado por meio de uma escuta compassiva, ouvindo com atenção e de forma empática.Comunicação clara, como utilizar linguagem não técnica, simples e compreensível ao paciente, ler o não verbal e a checagem do que o interlocutor compreendeu.Planejar o tratamento, tornando claro quais os próximos passos para a melhora dos sintomas, posicionando o paciente sobre as fases do cuidado e como ele pode participar ativamente do processo. Para tornar realidade os pontos acima descritos, o profissional de saúde, neste caso o fisioterapeuta que lidera a sua prática, precisa estar bem consigo mesmo, com seus colegas, equipe e liderança, com o genuíno desejo de se auto cuidar, crescer e aprender sempre mais.
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