No presente artigo, apresentamos os resultados de nossa pesquisa sobre as incidências da psicanálise nas equipes que atuam em instituições que atendem crianças e adolescentes. As reflexões sobre essas incidências são desenvolvidas desde a perspectiva da possibilidade de proposição de dispositivos clínicos para crianças e adolescentes com transtornos psíquicos graves. Nossa elaboração passa por um exercício da ampliação da práxis clínica psicanalítica que pode dar sustentação metodológica à proposição destes dispositivos clínicos. Nossa contribuição teórico-metodológica recupera o que Maud Mannoni (1988) denominou de "estouro" da instituição, praticado na Escola de Bonneuil desde 1969. Essa contribuição histórica repercute nos atuais processos da prática entre muitos. Essas práticas, realizadas atualmente em instituições no Brasil e em outros países, buscam orientar as intervenções não a partir das exigências dos especialistas, mas a partir da uma hipótese sobre a posição singular das crianças e adolescentes na relação como campo da fala e da linguagem.
A ampliação do campo das políticas públicas, a partir da década de 1980 no Brasil, tem provocado o surgimento de uma diversidade de práticas nas quais se dirigem novas demandas para o campo da psicologia. Com o intuito de problematizar o efeito destas demandas na reconfiguração deste campo, tomamos a naturalização como eixo norteador. Desenvolvemos inicialmente nosso argumento partindo da análise da naturalização como um elemento que se fez presente desde a instauração da psicologia, considerando as crises que operam em seu desenvolvimento desde o momento que ela se impôs a tarefa de renovação e ultrapassagem de modos de compreensão naturalizantes. Esta renovação é um fato histórico que se repete no desenvolvimento da psicologia mantendo-se como uma tarefa sempre incompleta. Assim, para formularmos aspectos relativos às especificidades dos efeitos da naturalização das demandas nas instituições nos dedicamos a um retorno às elaborações iniciais dos analistas institucionais que se realizaram no contexto das manifestações de maio de 1968. De posse destes elementos passamos à análise do contexto atual das políticas públicas, partindo de uma reflexão sobre a inteligibilidade neoliberal e o quanto ela vem transversalizando tanto a dimensão das demandas quanto das práticas da psicologia. Depois avançamos sobre algumas considerações do quanto o redimensionamento da relação da política com a clínica pode criar alternativas perante as modulações do capitalismo vigente.
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