RESUMO O artigo avança a hipótese de que David Hume não define consciência como ‘percepção ou pensamento refletido’, como parece sugerir uma passagem do vigésimo oitavo parágrafo do ‘Apêndice’ ao Tratado da natureza humana. A partir da observação de algumas dificuldades relativas às compreensões de consciência como ‘percepção’ e como ‘pensamento refletido’, argumenta-se que, na referida passagem, Hume tem em vista o fenômeno da autoconsciência, o modo como o eu está consciente de si próprio.
O objetivo do artigo é apresentar e discutir o modo como a filosofia do senso comum de Thomas Reid responde ao ceticismo sobre a fiabilidade epistêmica das faculdades da mente. A hipótese aqui apresentada estabelece que a resposta reidiana possui três argumentos. Em primeiro lugar, Reid mostra porque é impossível provar a fiabilidade das faculdades da mente e porque os filósofos podem começar suas investigações aceitando a verdade das crenças devidas a estas faculdades. Em segundo lugar, Reid mostra que é inconsistente escolher uma destas faculdades como única fonte de crenças verdadeiras. Isto é arbitrário. Aqueles autores que escolhem, por exemplo, a consciência como única fonte de conhecimento fiável, apenas reforçam a defesa de que todas as faculdades da mente são igualmente fiáveis. Em terceiro lugar, se as faculdades da mente operam apropriadamente, isto é, quando a mente não é afetada por uma desordem ou doença, não há boas razões para colocar em questão sua fiabilidade e, portanto, questionar a verdade das crenças devidas a elas.
Resumo: Neste artigo, pretende-se oferecer uma interpretação sobre a explicação da origem da ideia (relativa) de substância pura em geral, na filosofia de John Locke, a partir da noção de “sugestão natural” de Thomas Reid. Para tal, após contextualizar a noção de substância pura em geral para Locke e distingui-la da ideia de substância particular (seção 1), explicita-se que as suas palavras sobre a fonte (empírica ou racional) da ideia da segunda na mente são ambíguas e inconclusivas (seção 2). Depois, argumenta-se que os paralelos entre essa ideia e a de “relação”, assim como a de “poder”, não auxiliam nessa resposta, devido a alguns problemas que neles se identificam (seção 3). Finalmente, argumenta-se que a explicação reidiana para a origem da ideia de “mente”, com base na noção de “sugestão natural”, permite i) contornar aqueles problemas e, ii) na medida em que, de acordo com essa proposta, a ideia de substância pura em geral teria uma origem empírica, o empirismo lockiano se manteria intacto (seção 4).
O artigo avança a hipótese de que, na leitura de Thomas Reid, o ceticismo de David Hume apresentado no Tratado da natureza humana não é devido apenas à sua adoção da ‘hipótese ideal’ – o princípio de que as ideias são objetos imediatos das operações da mente –, mas também deriva de outra fonte: a dúvida sobre a fiabilidade das faculdades mentais, em específico, dos sentidos, da memória e da razão. Ademais, argumenta-se que essa distinção entre duas raízes para o ceticismo humiano permite uma avaliação mais precisa da leitura reidiana de Hume e soluciona alguns equívocos interpretativos.
Palavras-chave: História da filosofia, ceticismo, Thomas Reid, David Hume.
O objetivo do artigo é discutir em que medida Thomas Reid está comprometido com uma teoria fundacionalista da justificação epistêmica. Para tal, apresentam-se duas discussões. Em primeiro lugar, argumenta-se que apesar de ser um fundacionalista em geral, Reid não o é em relação a todos os âmbitos do conhecimento - como é o caso da política. Para compreender essa hipótese, distingue-se sua concepção axiomática de ciência de sua visão fundacionalista da estrutura do conhecimento. Em segundo lugar, apresentam-se objeções às interpretações que pretendem que Reid é um antifundacionalista, um coerentista, ou um fundarentista.
O artigo avança a hipótese de que a filosofia de David Hume pode explicar a dimensão corporal do eu, mais especificamente, a crença de um indivíduo em um corpo como sendo ‘seu corpo’, como parte de seu eu, a partir de três perspectivas distintas: por meio das operações da imaginação, dos princípios associativos e da percepção de estados mentais e físicos paralelos; a partir da ocorrência de certas paixões na mente, particularmente, orgulho, humildade e interesse por si próprio, que direcionam a atenção do indivíduo para um corpo que é sentido como sendo seu corpo; pela consciência da capacidade da vontade de orientar o poder de movimentar certas partes corporais. Argumenta-se, por fim, que o fenômeno mental da crença em um corpo é uma construção mútua da mente humana, isto é, ela é produzida simultaneamente por processos intelectuais, afetivos e volitivos.
O objetivo do artigo é discutir a noção de ‘senso comum’ na filosofia de Thomas Reid. Duas hipóteses são apresentadas. A primeira delas afirma que o senso comum a que Reid recorre em questões filosóficas não é senão o conjunto de princípios originais da mente que determinam o ser humano no tocante às suas noções, crenças e inclinações, assim como os juízos e crenças que são devidos a estes princípios. A segunda hipótese afirma que Reid compreende uma espécie de ‘senso comum desenvolvido’, um senso comum que se desenvolve ao longo da vida humana pelo cultivo apropriado dos poderes da mente.
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