Resumo: Neste artigo, pretende-se oferecer uma interpretação sobre a explicação da origem da ideia (relativa) de substância pura em geral, na filosofia de John Locke, a partir da noção de “sugestão natural” de Thomas Reid. Para tal, após contextualizar a noção de substância pura em geral para Locke e distingui-la da ideia de substância particular (seção 1), explicita-se que as suas palavras sobre a fonte (empírica ou racional) da ideia da segunda na mente são ambíguas e inconclusivas (seção 2). Depois, argumenta-se que os paralelos entre essa ideia e a de “relação”, assim como a de “poder”, não auxiliam nessa resposta, devido a alguns problemas que neles se identificam (seção 3). Finalmente, argumenta-se que a explicação reidiana para a origem da ideia de “mente”, com base na noção de “sugestão natural”, permite i) contornar aqueles problemas e, ii) na medida em que, de acordo com essa proposta, a ideia de substância pura em geral teria uma origem empírica, o empirismo lockiano se manteria intacto (seção 4).
Resumo: O artigo apresenta uma interpretação que procura sistematizar a compreensão humiana dos princípios da ciência da política. Por um lado, argumenta-se que a ciência da política é uma ciência sobre formas políticas de organização (monarquia, aristocracia e democracia, por exemplo), fundada sobre axiomas cuja verdade é eterna e imutável e independe de fatores contextuais - como cultura, moral e educação. Por outro lado, a ciência da política é também uma ciência sobre a conduta dos seres humanos em sociedade (a ação de um corpo de indivíduos que resiste à tirania de um governante, por exemplo), baseada em máximas ou princípios gerais cuja verdade é contingente, mutável e dependente de fatores contextuais.
O artigo avança a hipótese de que a filosofia de David Hume pode explicar a dimensão corporal do eu, mais especificamente, a crença de um indivíduo em um corpo como sendo ‘seu corpo’, como parte de seu eu, a partir de três perspectivas distintas: por meio das operações da imaginação, dos princípios associativos e da percepção de estados mentais e físicos paralelos; a partir da ocorrência de certas paixões na mente, particularmente, orgulho, humildade e interesse por si próprio, que direcionam a atenção do indivíduo para um corpo que é sentido como sendo seu corpo; pela consciência da capacidade da vontade de orientar o poder de movimentar certas partes corporais. Argumenta-se, por fim, que o fenômeno mental da crença em um corpo é uma construção mútua da mente humana, isto é, ela é produzida simultaneamente por processos intelectuais, afetivos e volitivos.
RESUMO O artigo avança a hipótese de que David Hume não define consciência como ‘percepção ou pensamento refletido’, como parece sugerir uma passagem do vigésimo oitavo parágrafo do ‘Apêndice’ ao Tratado da natureza humana. A partir da observação de algumas dificuldades relativas às compreensões de consciência como ‘percepção’ e como ‘pensamento refletido’, argumenta-se que, na referida passagem, Hume tem em vista o fenômeno da autoconsciência, o modo como o eu está consciente de si próprio.
O objetivo do artigo é apresentar e discutir o modo como a filosofia do senso comum de Thomas Reid responde ao ceticismo sobre a fiabilidade epistêmica das faculdades da mente. A hipótese aqui apresentada estabelece que a resposta reidiana possui três argumentos. Em primeiro lugar, Reid mostra porque é impossível provar a fiabilidade das faculdades da mente e porque os filósofos podem começar suas investigações aceitando a verdade das crenças devidas a estas faculdades. Em segundo lugar, Reid mostra que é inconsistente escolher uma destas faculdades como única fonte de crenças verdadeiras. Isto é arbitrário. Aqueles autores que escolhem, por exemplo, a consciência como única fonte de conhecimento fiável, apenas reforçam a defesa de que todas as faculdades da mente são igualmente fiáveis. Em terceiro lugar, se as faculdades da mente operam apropriadamente, isto é, quando a mente não é afetada por uma desordem ou doença, não há boas razões para colocar em questão sua fiabilidade e, portanto, questionar a verdade das crenças devidas a elas.
O artigo discute as noções de ‘consciência’ e ‘reflexão’ no Ensaio sobre o entendimento humano de John Locke. Apresentam-se dois critérios para se distinguir entre ambas as atividades mentais. Primeiramente, a consciência é uma atividade passiva, involuntária e não depende de atenção para ser exercida, diferentemente da reflexão, que, ao menos em um de seus graus – pois Locke concebe a existência de dois graus de reflexão –, é uma atividade ativa, voluntária e atenciosa da mente. Em segundo lugar, a consciência se distingue da reflexão na medida em que ela é uma atividade mental geradora de juízos / crenças, diferentemente da reflexão, cujas atividades apenas produzem ideias. Enquanto a consciência permite ao ser humano conhecer – julgar sobre e acreditar em suas atividades e estados mentais –, a reflexão é apenas uma capacidade mental de ter ideias e, enquanto tal, não é passível de ser verdadeira ou falsa.
O artigo compreende a discussão de três aspectos do pensamento político de Thomas Reid. Inicialmente, apresenta-se e discute-se a compreensão reidiana de ciência política. Na sequência, argumenta-se que, diferentemente dos princípios primeiros de outros campos do saber, como, por exemplo, a matemática, a filosofia da mente e a moral, os princípios primeiros da ciência política não são princípios primeiros do senso comum. A política é fundada sobre uma forma de conhecimento empírico que não pode ser identificada com o senso comum, com os julgamentos e crenças devidos à constituição original da mente que são compartilhadas pela maior parte dos seres humanos. Por fim, argumenta-se, a partir de um paralelo com a filosofia da natureza, que o senso comum possui apenas um papel metodológico no âmbito da ciência política.AbstractThe paper covers the discussion of three aspects of Thomas Reid’s political thought. Initially, it presents and discusses Reid’s understanding of Politics. Secondly, it is argued that, unlike the first principles of other branches of knowledge, such as Mathematics, Philosophy of Mind and Morals, the first principles of Politics are not the first principles of common sense. Politics is founded on a form of empirical knowledge that cannot be identified with common sense, with the judgments and beliefs due to the original constitution of mind that are shared by most humans. Finally, it is argued, from a parallel with the philosophy of nature, that common sense has only a methodological role in Politics.
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