Trata-se de uma conversação com a virada pragmático-linguística da informação, de um excurso filosófico através de uma leitura crítica-filológica a respeito do nome informação. A variação prefixal de sentido (in-) é analisada, assim como seus direcionamentos - dar e privar a forma. A forma-ideia platônica é rediscutida a partir do olhar crítico-filológico. Ao final, assinala-se para uma infância da informação indicativa de um possível experienciar desvinculado de mentalismos e tecnicismos que se desdobram multiplamente na sociedade rotulada como informacional.
Objetivo: As áreas da Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (BDCI) estiveram atravessadas pelas dinâmicas ocidentais da colonialidade histórica da metafísica moderna. Como objetivo, este texto busca situar algumas redes coloniais de objetificação do conhecimento que erigiram e institucionalizaram os domínios materiais da BDCI como lugares de racionalização instrumental da vida e desencantamento do mundo. Método: Perante a problemática inerente aos contextos de surgimento da BDCI, a questão-problema abordada é: quais elementos estruturais da colonialidade auxiliaram na formação do pensamento biblioteconômico, documentalista e informacional da modernidade ao contemporâneo? A hipótese defendida é que as relações coloniais de desencantamento operadas pelos processos de depuração epistêmica do conhecimento objetivo da ciência legaram aos campos da BDCI os modos de conhecer do Ocidente, deficitários em alteridade. O método está baseado em uma leitura filosófica da BDCI a partir do entrelaçamento da assinatura das coisas em Agamben, da desconstrução narrativa em Derrida e da geofilosofia em Deleuze e Guattari. Resultado: As colonialidades do ser, do saber e do poder apresentam-se como índices da cartografia dos territórios de conhecimento da BDCI e apontam para os elementos coloniais que tecem as redes de desencantamento do mundo presentes nos respectivos campos. Conclusões: A desobediência epistêmica de tematizar os campos da BDCI desde um ponto de vista colonial cria as condições de possibilidade para transformarmo-nos enquanto ciência e, por meio desta alteração, nos libertar das ruínas coloniais e seus modos de expressão. A conclusão está na eminência de reencantar o mundo com vista a adiar o seu fim.
RESUMOIntrodução: Os Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) podem ser considerados como os maiores detentores de prestígio e reputação acadêmica dentro do campo científico. Essa condição decorre do fato de possuírem um capital científico acumulado e reconhecido como legítimo. Objetivo: Analisar a produção científica da elite acadêmica da Sociologia, representada pelos bolsistas de produtividade PQ 1-A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no período de 2005 a 2011. Metodologia: O estudo foi realizado por meio de pesquisa documental na Plataforma Lattes do CNPq. Os dados da produção científica dos pesquisadores foram considerados dentro do período de 2005 a julho de 2011. Resultados: Os resultados mostraram que no Brasil existem 20 bolsistas PQ 1-A na Sociologia. A produção científica desses pesquisadores totalizaram 679 publicações, sendo 5,6% em livros, 35,34% em capítulos de livros, 30,49% em artigos de periódicos e 28,57% em anais de congressos. A média de trabalhos por autor corresponde a 33,95. Conclusões: Os resultados permitem concluir que os pesquisadores da Sociologia, no Brasil, publicam mais sob a forma de autoria única e em idioma nacional, ratificando estudos anteriores sobre produção científica no campo das Ciências Humanas. Palavras-chave:Produção científica -Sociologia. Bolsista de produtividade em pesquisa -Sociologia.
ResumoO texto aborda uma perspectiva histórica e crítico-conceitual do campo informacional, através da reflexão de Rafael Capurro. O objetivo está em compreender o desenho das cartografias epistemológico-históricas da Ciência da Informação refletidas nas duas fases do pensamento capurriano, demarcadas entre os anos 1990 e 2000. Em dois momentos distintos, via duas descrições teóricas, o epistemólogo procura reconhecer modos de classificar, em termos de uma teoria do conhecimento como pano de fundo, o percurso metateórico do campo informacional. Por meio do uso de uma noção nãokuhniana de paradigma, o que pode resultar em análises precipitadas de seu pensamento, o epistemólogo nos apresenta duas possibilidades distintas e relacionais de compreensão do campo, uma de fundo filosófico-extemporânea, outra de fundo epistemológico-fronteiriça. O resultado da compreensão dos discursos de Capurro demonstra as interfaces e as especificidades de cada cartografia epistemológico-histórica, bem como as consequências de uma perspectiva filosófica de fundo epistemológico. A carta filosófica aponta para a direção de uma tradição linguístico-pragmática que fundamenta a Ciência da Informação. A carta epistemológica resulta na fronteira de um dado espaço-tempo de fundo críticolinguístico-social. Eis as cartas que são como duas páginas da mesma folha cartográfica da informação: a folha do mapa angelicó de Capurro. Palavras-chave:Epistemologia da Ciência da Informação. Filosofia da Informação. Rafael Capurro. História da Ciência da Informação. Epistemologia histórica. AbstractThe text deals with a historical and critical-conceptual perspective of the informational field, based on Rafael Capurro's reflection. The objective is to understand the design of the epistemological-historical cartographies of Information Science reflected in the two phases of Rafael Capurro's thought, demarcated between 1990 and 2000. In two distinct moments, he saw two philosophical descriptions, the epistemologist seeks to recognize ways of classifying, in terms of a knowledge theory as background, the metatheoretical course of the informational domain. From the use of a non-Kuhnian notion of paradigm, which can result in hasty analyzes of his thinking, the epistemologist presents us with two distinct and relational possibilities of understanding the domain, one of philosophical-extemporal background, another of epistemological-frontier background. The result of the understanding of Capurro's discourses demonstrates the interfaces and specificities of each epistemological-historical cartography, as well as the consequences of a philosophical epistemological background. A philosophical letter of direction of a linguistic-pragmatic tradition that bases the Science of Information. The epistemological chart results in the frontier of a given space-time based on critical-linguistic-social background. Letters that are like two pages of the same cartographic sheet of information: the sheet of map angelicó of Capurro.
O texto se move através do debate da ontologia da informação entre os campos da Biblioteconomia, da Ciência da Informação e da Antropologia, em especial, os estudos indigenistas do pensamento ameríndio. Dentro desta geografia conceitual, o texto aborda três questões centrais: i) a representação do conhecimento, ii) a perspectivação multinaturalista do conhecimento e iii) a decolonidade. A representação do conhecimento é analisada por meio da ontologia informacional e seus gestos ontológicos de exclusão, seja em Platão e a expiação dos dessemelhantes, em Aristóteles e a exceção da univocidade decisão do sentido até a Modernidade e a realização dos contornos da metafísica da colonialidade e da colonialidade da metafísica. A partir desta estância americanista propõe-se uma perspectiva de(s)colonial da informação. Sob a tez ameríndia apresenta-se elementos de perspectivação do conhecimento, como uma alternativa de alteração radical dos regimes coloniais de captura dos seres, dos saberes e dos poderes. Por fim, perante os argumentos acionados, fica a sugestão propositiva do informe como uma diferença informacional para desver o mundo em novas coisas de ver, uma tarefa de perspectivar em saberes, outros seres. Nas dobras do corpo, a pele de outros mundos germina uma filosofia da informação outra outra. Encontrar as veredas do que está em vias de brotar é a contraconduta de(s)colonial do texto.
Objetivo: (Re)situar a Biblioteconomia e as bibliotecas para além das fronteiras desencantadas do Ocidente e das suas “unidades de conteúdo”, a partir de duas proposições de origem indígena: i) o conhecimento vivo do mundo é o plano epistêmico de orientação da Biblioteconomia indígena (Indigenous Librarianship) e, ii) a terra é a biblioteca dos povos indígenas. Método: o equívoco controlado é o método do texto. Ele está articulado com a agenda metodológica indígena de pesquisa e os pressupostos do perspectivismo ameríndio e do multinaturalismo indígena, elos configuradores do cogito canibal e da autodeterminação dos povos originários. Resultado: A gramática transformacional dos povos indígenas, encantada pela terra, desconcerta e altera os planos de configuração da teoria clássica da Biblioteconomia e do imaginário objetivista e desencantado dos saberes ocidentais. O conhecimento vivo e ancestral da terra, corpos e línguas se apresenta como um feixe contemporâneo capaz de reencantar o mundo biblioteconômico através de um resgate historiográfico de longa duração das práticas “bibliotecárias” dos povos indígenas. Conclusões: A vida é o néctar do pensamento indígena. Instalar-se no espaço do equívoco entre os nativos e nós, e encaracolar-se, é a tarefa tradutora e conclusiva deste texto. Traduzir não para silenciar o outro ao presumir uma univocidade originária e uma redundância última entre o que ele e nós estamos dizendo, mas, ao avesso, trata-se de fazer morada no pensamento indígena biblioteconômico para que ele enquanto língua originária deforme, descolonize, subverta e transforme os destinos e as geografias conceituais da nossa língua bibliotecária, documentária, informacional e além.
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