A análise interseccional dos marcadores de raça, classe, gênero tem sido uma importante ferramenta ética e metodológica para a compreensão das condições de opressão vividas pelas pessoas em situação de pobreza. Reconhece-se que esses marcadores podem gerar tanto opressões como processos de resistências que afetam seus modos de vida. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar os impactos das intersecções do gênero, da raça, e da pobreza no modo de vida das mulheres de uma comunidade no Nordeste do Brasil. A proposta foi realizada a partir de uma perspectiva qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas com sete mulheres pretas. Elas são moradoras de uma comunidade em situação de pobrezas em cidade com menos de 30 mil habitantes. Foi realizada análise de conteúdo do material produzido. Identificou-se que as estruturas macrossociais patriarcais, classistas e racistas exercem influência sobre os modos de vida destas mulheres. Como consequências, observou-se a existência de trajetórias de violências e de pobreza, fomentando processos específicos de opressão, por vezes reproduzidos pelas próprias mulheres. Contudo, é relevante pontuar que estas mulheres também têm produzido dissonâncias, permitindo experimentar resistências e novas formas de agenciamentos para a produção de novos modos de vida que desvelam possibilidade de enfrentamento destas mazelas sociais.
Resumo O presente estudo objetivou apresentar, a partir de uma análise interseccional quantitativa, em que medida os marcadores de raça/classe interferem no medo do crime e no autoritarismo em contexto brasileiro. Participaram 2.087 pessoas de todas as regiões do país, em uma amostra representativa da população brasileira, majoritariamente com idades entre 25 e 34 anos (26,3%), negros (60,0%) e pertencentes à classe D/E (27,3%), tendo respondido à Escala F de Adorno (versão 17 itens) e escalas para mensurar o medo, a vitimização e as chances de ocorrência de crimes. Análises de Variância não indicaram diferenças significativas entre raças para o autoritarismo (F = 2,600; p = 0,017), quando não considerado o efeito das classes. Contudo, houve diferença significativa entre classes (F = 14,265; p <= 0,001), principalmente dentre os brancos (F = 11,08 e p < 0,05). Já na comparação para negros e brancos em classes específicas, apenas no estrato B1 houve diferença significativa (F = 4,54; p <= 0,05). Níveis elevados de medo do crime aparecem em todas as intersecções de raça/classe, destacadamente dentre os negros de classe A (F = 6,52; p <= 0,05). A partir da análise discriminante dois perfis de agrupamentos com maior e menor medo do crime foram formados a partir de fatores como gênero, idade, raça, classe, chances de sofrer crime, autoritarismo. Discute-se as implicações dos resultados à luz dos estudos decoloniais em uma interlocução entre autores como Hannah Arendt e Crochik, além de teóricos pós-coloniais, como Mbembe, Spivak e Martin-Baró.
O presente estudo objetiva analisar as relações comunitárias de mulheres em situação de pobreza de uma comunidade no Nordeste do Brasil. A pobreza tem tido implicações psicossociais sobre as vidas das pessoas causando efeitos nocivos relacionados a falta de trabalho e renda, como também nas relações comunitárias. Desta forma, entende-se que apesar desses efeitos perversos, as pessoas, e especialmente as mulheres em contextos de pobrezas tem forjado estratégias de resistências a esta a partir do fortalecimento das relações comunitárias. Foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa com a realização de entrevistas semi-estruturadas. Participaram dez mulheres em situação de pobreza de uma comunidade de uma cidade no interior do Nordeste. Foi realizada análise de conteúdo. As desigualdades sociais de gênero baseadas em uma estrutura patriarcal e classista também estavam presentes em seus discursos, influenciando na participação comunitária. Contudo, observaram-se igualmente as relações comunitárias fortalecidas como estratégias de resistência de combate a pobreza. Foram identificadas essas relações como micro resistências frente às desigualdades de gênero.
Resumo: O objetivo é apresentar uma revisão sistemática da literatura científica que busca compreender a partir da literatura levantada quais as concepções e/ou estratégias que têm sido desenvolvidas a respeito da prevenção de álcool, crack e outras drogas em contexto escolar com adolescentes e os fatores de risco envoltos ao uso. Pela base BVS e Periódico Capes (2006-2016), a partir de critérios de inclusão/exclusão, foram recuperados e analisados 19 trabalhos. Os estudos abordam os fatores de risco e proteção relacionados ao uso de drogas e a relação destes com as abordagens realizadas em contexto escolar em relação às drogas, a partir de ações de Educação em Saúde. Entre as principais contribuições apresentadas estão possibilidades de intervenções ancoradas em métodos interventivos para a promoção em saúde com enfoque na participação ativa dos adolescentes. Constatou-se a necessidade de investimento em processos contínuos de educação em saúde que incluam a formação de professores para atuação na temática de drogas.Palavras-chave: Drogas; Educação; Educação em saúde; Escola. Abstract: The aim of this study was to present a systematic review that seeks to understand, from the scientific literature, which conceptions and / or strategies have been developed in the prevention of alcohol and other drugs in the school context with adolescents and the related risk factors. Based on the VHL and Periódico Capes database (2006-2016), based on eligibility criteria, 19 studies were retrieved and analyzed. The studies address the risk and protection factors related to drug use and the relationship with approaches carried out in the school context on drugs, based on Health Education actions. The main contributions presented are interventions anchored in interventional methods for health promotion with focus on the active participation of adolescents. There was a need to invest in continuous health education processes that include the training of teachers to work on drugs.Keywords: Drugs; Education; Health education; School.
A realização do trabalho em rede mostra-se eficaz em relação a prevenção ao uso e abuso de álcool e outras drogas com crianças e adolescentes, no entanto, existem muitos desafios na efetivação dessa atuação. Diante disso, essa revisão tem por objetivo analisar o trabalho em rede desenvolvido com adolescentes para a prevenção ao uso de drogas na produção científica de artigos no contexto brasileiro. Para tanto, foi realizada uma investigação sobre as publicações no período de 1 de janeiro de 2006 até 31 de dezembro de 2020, nas bases de dados BVS e Periódico Capes. Após a avaliação dos critérios de inclusão/exclusão, foram recuperados e analisados 6 artigos. Os achados foram organizados em dois eixos temáticos em que tratavam-se sobre o trabalho intersetorial e o trabalho em rede com adolescentes. Destaca-se que um grupo de artigos tratava mais especificamente sobre “Compreensão dos atores sobre drogas e seus impactos no trabalho em rede”, e outro grupo, sobre “Diagnóstico e avaliação de programas com enfoque no trabalho em rede”. De maneira ampliada, foi possível apreender que a importância do trabalho em rede era percebida pelos participantes das pesquisas, porém variadas dificuldades eram apresentadas para a realização deste trabalho. Observou-se também a escassez de atuações relacionadas à prevenção ao uso e abuso de drogas e à promoção de saúde, constatando-se a necessidade de maior desenvolvimento de atuações práticas na área.
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