Este artigo objetiva resgatar o conceito de "sentido" como recurso analítico nas investigações psicológicas, a partir de deslocamentos e conexões construídas na história epistemológica das ideias de Lev Vygotsky. Para isso, apresentam-se interlocuções e rupturas desse autor com matrizes de pensamento e correntes psicológicas do início do século XX, o que fornece um panorama das possibilidades até então construídas para a compreensão do conceito de "sentido". Posteriormente, tematizam-se nuanças epistemológicas e metodológicas do tratamento dispensado por Vygotsky ao conceito em questão. Conclui-se que, nessa perspectiva, o "sentido" é concebido como acontecimento semântico particular constituído através de relações sociais, nas quais uma gama de signos é posta em jogo, o que permite a emergência de processos de singularização em uma trama interacional histórica e culturalmente constituída. Salientam-se, por fim, algumas implicações dessa concepção para as investigações psicológicas que abordam as práticas sociais e seus processos de significação.
ResumoEste artigo propõe uma discussão teórica acerca dos processos interacionais infantis concebidos como mediadores para a construção de conhecimento e subjetividade. Tem como pressuposto a compreensão da atividade discursiva como processo que integra ação e linguagem e que se define como atividade mediada semioticamente, constituindo-se espaço de construção de conhecimento compartilhado. Os referenciais que embasam esta discussão estão pautados na teoria histórico-cultural de Vygotsky e na teoria da linguagem de Bakhtin, focalizando 3 categorias conceituais específicas: mediação semiótica, zona de desenvolvimento proximal e dialogia. O foco central da discussão volta-se para a temática da linguagem e dos processos de desenvolvimento cognitivo e subjetividade. A linguagem é abordada como inter-ação, dentro do enfoque da teoria da enunciação, e o desenvolvimento cognitivo e a construção da subjetividade compreendidos como resultantes dos intercâmbios da criança no seu contexto histórico-cultural, ou seja, linguagem, desenvolvimento e subjetivação como construções sociais. Palavras-chave: Processos interacionais; mediação semiótica; zona de desenvolvimento proximal; subjetividade; dialogia. Children s Interactional Processes and the Production of Knowledge and SubjectivityThis paper discusses childrens interactional processes in terms of their mediation in the production of knowledge and subjectivity. Discoursive activity is conceived as a semiotically mediated process which integrates action and language, constituting a space of construction of shared knowledge. This discussion is based on Vygotsky sociohistorical theory and Bakhtin s theory of language, particularly on three specific concepts: semiotic mediation, zone of proximal development and dialogism. The argument focuses on themes of language and the processes of cognitive development and subjectivity. Language is understood on terms of the nature of interaction as presented in the theory of enunciation. Cognitive development and subjectivity production are viewed as a result of children s interchanges within their historical and cultural environment, that is, language, development and production of subjectivity are conceived as social constructions. Keywords: Interactional processes; semiotic mediation; zone of proximal development; subjectivity; dialogism.A análise que apresento neste artigo se refere a uma discussão teórica acerca dos processos interacionais infantis concebidos como mediadores para a construção de conhecimento e subjetividade. Essa análise parte da minha pesquisa de Tese de Doutorado em Educação, defendida em 2001, na qual investiguei a atividade discursiva de crianças em interação no contexto de sala de aula.Tomo como pressuposto básico o caráter social do desenvolvimento humano, e foi nesta direção que procurei problematizar o processo investigativo empreendido na pesquisa de tese. Estando o sujeito inserido num ambiente de significações construídas numa determinada cultura, ou seja, num ambiente social e culturalmente organizado, o...
Esse estudo analisou como jovens de escolas públicas identificam e avaliam vivências de violência no ambiente familiar e comunitário, partindo de um recorte de uma pesquisa sobre risco e proteção na população juvenil. Para tanto, foram selecionados 529 estudantes, de 14 a 24 anos e ambos os sexos, que afirmaram ter sofrido algum tipo de violência naqueles ambientes. Aplicou-se um instrumento com 77 questões sobre situações cotidianas e fez-se análise dos itens relativos à vivência de situações de violência. Os resultados demonstraram a ocorrência mais frequente de violência física na família. Já, na comunidade, ameaça ou humilhação. A percepção negativa dos jovens sobre o ambiente de ocorrência da violência, destacou-se o familiar. Os dados sobre autoestima e autoeficácia revelaram aspectos protetivos. As análises conduzem à conclusão de que a percepção da violência como fator de risco precisa ser compreendida no contexto de participação do jovem e na sua história.
Este trabalho discute processos de resiliência e redes de apoio social a partir de entrevistas narrativas realizadas com jovens socioeconomicamente desfavorecidos de escolas públicas de Fortaleza. O objetivo do estudo foi analisar como contavam suas histórias de vida, especialmente como enfrentavam adversidades em busca de recursos promotores de saúde e bem-estar. Os relatos foram analisados temática e narrativamente a fim de compreender como os jovens recrutam recursos pessoais, familiares, comunitários e culturais disponíveis e como esses recursos e as formas de manejo atuam de modo protetivo. Considerando que a resiliência também implica a disponibilidade dos recursos buscados pelo jovem, atenção especial foi dada à capacidade de suas comunidades em fornecê-los apropriadamente. Um resultado significativo é sua percepção do poder público como ineficaz ou ausente. Frente ao declínio da esfera pública, o jovem tende a refugiar-se na família e em seus próprios recursos pessoais para enfrentar o futuro.
ResumoO presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa cujo objetivo era investigar as estratégias de mediação simbólica em situações de interação entre crianças em sala de aula, que possibilitam a construção de conhecimento compartilhado e de subjetividades. O estudo foi realizado em duas turmas de quarta série do ensino fundamental de uma escola particular da cidade de Fortaleza. Foram tomadas como unidade de análise as atividades discursivas de dois grupos de quatros crianças, quando realizavam conjuntamente tarefas escolares. A partir de um enfoque teórico-metodológico fundamentado na perspectiva histórico-cultural de Lev Vygotsky e na teoria da linguagem de Mikhail Bakhtin, os diálogos das crianças foram analisados, de desenvolvimento proximal nas situações de interação das crianças, ao mesmo tempo em que formas de comunicação e conduta eram forjadas no jogo de papéis que se constituíam nessas interações.Palavras-chave: interação; mediação simbólica; zona de desenvolvimento proximal; construção de conhecimento; subjetividade Abstract Strategies of mediating children's interaction situations in classroom.The present paper has provided research results that aimed at investigating strategies symbolically mediating children's interaction situations in classroom enabling common knowledge and subjectivity construction. We have studied two primary school classes of the fourth year in a private school in Fortaleza, Ceará. We have analysed discursive activities of two four-child groups who worked together in learning tasks. We have focused on children's dialogues, identifying semiotic strategies enabling learning and proximal development zone emergence in children's interaction situations, all from a theoretical and methodological viewpoint based upon the historical and cultural perspective by Lev Vygotsky and the language theory by Mikhail Bakhtin, while communication and conduct practices were created in the game of roles that were formed in these interactions.
RESUMO -Drogas na Escola: análise das vozes sociais em jogo. O artigo visa analisar vozes sociais em jogo na produção de sentidos sobre drogas entre adolescentes, em um grupo de discussão sobre saúde no contexto escolar. Ancorando-se na Saúde Coletiva e nos legados de Vigotski e Bakhtin sobre os processos de significação, são utilizados dados de uma pesquisa de mestrado operacionalizada por observações-participantes e pela formação de um grupo de discussão em uma escola pública de Fortaleza/CE. Os resultados apontam tensões entre vozes sociais nos posicionamentos dos adolescentes sobre drogas, destacando a força com que vozes alusivas a um discurso de guerra às drogas e a estratégias proibicionistas ainda circulam no contexto escolar, em que pese a emergência da perspectiva de redução de danos. Palavras-chave: Adolescência. Drogas. Escola. ABSTRACT -Drugs in School: analysis of social voices.This article aims to analyze social voices at play in the production of meanings about drugs among adolescents in a group discussion on health in the school context. Based on Public Health and the legacy of Vigotski e Bakhtin on the processes of signification, data for a Master thesis, developed by means of participant observation and a discussion group in a public school in Fortaleza/CE, are used. The results indicate tensions between social voices on the claims of adolescents about drugs, highlighting the strength with which a speech alluding to the war on drugs and prohibitionist strategies voices still circulate in the school context, despite the emergence of the harm reduction perspective.
RESUMO. Este artigo apresenta a segunda etapa de uma pesquisa que visou a investigar as estratégias de mediação realizadas por crianças em situações de interação no contexto de sala de aula. Também intentou envolver os professores, através de colaboração e intervenção. O estudo, de base etnográfica, foi desenvolvido em duas escolas do município de Fortaleza, das quais uma era particular e outra, filantrópica. Os procedimentos envolveram observações e vedeogravações das atividades discursivas das crianças no cotidiano de sala de aula quando realizavam conjuntamente tarefas escolares, para posterior análise microgenética. Ao tentar resolver as atividades escolares, as crianças expressavam seus pensamentos, reorganizavam suas ações e buscavam modos viáveis e eficientes para solucionar os problemas. Foram percebidas as peculiaridades de entonação e expressão da linguagem, bem como formas de liderança e modos de legitimação da posição enunciativa de cada criança que reafirmam os processos subjetivos em curso no espaço interativo da sala de aula.
Em 2013 a Universidade Federal do Ceará inaugurou a Política de Cotas no Estado. Diante disso, objetivou-se analisar a compreensão dos estudantes negros de escolas públicas de ensino médio de Fortaleza acerca das implicações do sistema de cotas para eles próprios e para os cursos universitários. Participaram 464 estudantes, a maioria do sexo feminino, com idade entre 14 e 16 anos e que se autodeclararam pardos ou pretos. A partir da Análise de Conteúdo foram examinadas as justificativas dadas pelos estudantes aos itens 09, 12 e 13 do questionário utilizado na pesquisa. Os resultados indicam que os estudantes estão considerando que há maiores possibilidades de ingresso no ensino superior, mas poucos consideram mudanças para os cursos universitários. Foram encontradas diversas opiniões contraditórias acerca desse sistema. Atenta-se para a importância de reflexões acerca do processo de embranquecimento da sociedade brasileira, do racismo estrutural e do lugar privilegiado do branco na sociedade.
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