Este artigo objetiva resgatar o conceito de "sentido" como recurso analítico nas investigações psicológicas, a partir de deslocamentos e conexões construídas na história epistemológica das ideias de Lev Vygotsky. Para isso, apresentam-se interlocuções e rupturas desse autor com matrizes de pensamento e correntes psicológicas do início do século XX, o que fornece um panorama das possibilidades até então construídas para a compreensão do conceito de "sentido". Posteriormente, tematizam-se nuanças epistemológicas e metodológicas do tratamento dispensado por Vygotsky ao conceito em questão. Conclui-se que, nessa perspectiva, o "sentido" é concebido como acontecimento semântico particular constituído através de relações sociais, nas quais uma gama de signos é posta em jogo, o que permite a emergência de processos de singularização em uma trama interacional histórica e culturalmente constituída. Salientam-se, por fim, algumas implicações dessa concepção para as investigações psicológicas que abordam as práticas sociais e seus processos de significação.
Este artigo traz como principal foco de discussão o conceito de identidade de lugar. A proposta é fazer, inicialmente, uma contextualização do tema a partir das categorias espaço, lugar e não-lugar. Esta discussão inicial visa compreender essas categorias como construções semióticas e ideológicas, as quais se moldam a partir das interações humanas com o ambiente para além da simples ocupação física. Em seguida, apresentaremos a metodologia histórico-cultural de base materialista histórico-dialética, que possibilitará compreender a argumentação final do artigo; nesta etapa, o método será abordado historicamente com o objetivo de apontar as bases fundamentais à sustentação da visão de homem adotada por este estudo. Finalmente, discorreremos criticamente sobre identidade de lugar. Para esta tarefa, elegemos como principal centro de revisão teórica a concepção defendida por Proshansky, Fabian e Kaminoff. Identificamos que a linha de argumentação epistemológica desses autores segue uma vertente marcada pelo pragmatismo de Dewey e o interacionismo simbólico de George Mead. Assim, pensamos que pesquisar a relação de identificação das pessoas com os ambientes, tendo como método a abordagem histórico-cultural, exige definir esta categoria não pelo modelo de Proshansky et al., mas centrado epistemologicamente no próprio método histórico-cultural sob o risco de incongruência teórica. Portanto, defendemos uma concepção de identidade de lugar amalgamada à teoria da afetividade proposta por Bader Sawaia, onde afeto está ontologicamente ligado às dimensões ética e política. Consequentemente, identidade de lugar é pensada não apenas em termos de identificação com o ambiente, mas como possibilidade de vinculação afetiva e transformadora da realidade psicossocial.
ResumoO presente artigo propõe uma abordagem comparativa entre as noções de infância em Jean Piaget e de infantil em Sigmund Freud, tomando como conceitos básicos a noção de tempo e de moral em ambos os autores. Sustenta-se ser possível afirmar, a partir de uma leitura da epistemologia genética, que a infância vai-se transformando à medida que agimos e conhecemos de acordo com estruturas cognitivas operatórias. No entanto, segundo a psicanálise, é possível nos remeter ao infantil, presente também na vida adulta. O infantil escapa à racionalidade que subjaz àquela noção de estrutura piagetiana. A permanência do infantil é fonte das experiências criativas e da instauração de um movimento permanente de subjetivação. Palavras-chave:Infantil; infância; tempo. Childhood in Piaget and infancy in Freud: temporality andmoralities AbstractThis article proposes a comparative approach between childhood notions of Jean Piaget and infancy in Sigmund Freud, it takes as basic concepts the notion of time and moral in both authors. It claims to be possible to state, from a reading of genetic epistemology, that childhood will be transformed as we act and we know according to operative cognitive structures. However, according to psychoanalysis, it is possible to refer to infancy, also present in adulthood. The infancy escapes the rationality that underlies to that notion of Piaget's structure. The permanence of the infancy is a source of creative experiences and the establishment of a permanent movement of subjectivity.Keywords: Infancy; childhood; time. La infancia en Piaget y el infantil en Freud: Temporalidad y moralidades ResumenEl presente artículo propone un abordaje comparativo entre las nociones de infancia en Jean Piaget y de infantil en Sigmund Freud, tomando como conceptos básicos la noción de tiempo y de moral en ambos autores. Se sostiene ser posible afirmar, a partir de una lectura de la epistemología genética, que la infancia se va transformando a medida que actuamos y conocemos de acuerdo con estructuras cognitivas operatorias. Sin embargo, según el psicoanálisis, es posible remeternos al infantil, presente también en la vida adulta. El infantil escapa a la racionalidad que refuerza a aquella noción de estructura piagetiana. La permanencia del infantil es fuente de las experiencias creativas y de la instauración de un movimiento permanente de subjetivación.
<p>Este artigo problematiza o uso dos conceitos “social” e “cultural”, apensos à Psicologia, como categorias teóricas centrais para pensar implicações que decorrem dos diversos significados que eles podem assumir nas práticas psicológicas. Trazemos questões que versam sobre a relação desses conceitos na teoria histórico-cultural, já que concepções diferentes têm reverberado historicamente na tessitura da práxis psicológica. É um estudo bibliográfico no qual tratamos do significado que autores contemporâneos atribuem às categorias “social” e “cultural” e tecemos relações entre essas ideias e a construção teórico-metodológica proposta por Vygotsky. Observamos que a ligação entre tais categorias se faz principalmente pela compreensão da dimensão histórica, uma vez que é a história que faz surgir, no social, a construção da cultura. Este estudo se faz relevante por trazer elementos úteis para problematização e compreensão mais consistente dos termos “social” e “cultural” e das práxis a eles associadas.</p>
Este trabalho representa um esforço reflexivo, no sentido de auxiliar os educadores na busca de parâmetros pedagógicos neste final de século. Baseados nas premissas centrais da Psicologia Genética (Piaget), propomos uma revisão das práticas pedagógicas, que estão baseadas preferencialmente no Instrucionismo, tomando como referencial o Construtivismo. A temática básica que perpassa todo este estudo fundamenta-se na noção piagetiana de autonomia, tanto no campo cognitivo como no campo afetivo, pois os dois não podem ser dissociados, conforme o pensamento de Piaget. Concluímos este estudo salientando que a recorrência às premissas da Psicologia Genética sobre o desenvolvimento da autonomia cognitiva e moral, redirecionará a educação rumo aos desafios e premências do século que se aproxima.
RESUMOO tratamento dado às emoções como objeto de investigação em psicologia transitou entre a negligência e a depreciação. Contudo, observamos atualmente o ressurgimento do interesse pelo estudo acerca dessa temática. Nesse contexto, consideramos pertinente retomar e discutir algumas contribuições de Vigotski concernentes às emoções. O presente trabalho buscou analisar aspectos apontados por Vigotski no manuscrito intitulado Teoría de las emociones -estúdio histórico-psicológico. Centramo-nos na crítica do autor ao dualismo que caracterizava tanto a teoria organicista das emoções (explicativa), quanto à apropriação puramente filosófica, idealista (descritiva) dessas. Discutimos ainda o possível entrave de cunho teórico-metodológico ao projeto de Vigotski de fundamentar a sua teoria nas contribuições do filósofo Espinosa: as divergências entre a perspectiva materialista histórico-dialética e o racionalismo/idealismo de Espinosa. Embora não tenha alcançado o seu objetivo de produzir uma teoria materialista-dialética das emoções, Vigotski inovou ao buscar integrar arte, ética e ciência em sua análise. Palavras-chave: emoções; psicologia; Vigotski. ABSTRACTAs a topic of research in psychology, emotions were treated with neglect and depreciation. However, we observe today a resurgence of interest in research of this topic. We consider it appropriate to retake and discuss some contributions of Vigotski related to emotions. This paper examined aspects pointed on the book Teoría de las emociones -estudio histórico-psicológico. He commented the dualism present in the organic theory of emotions (William James and Carl Lange). He also criticized the philosophical theories of emotions. We also pointed out the possible hindrance to support his theory of emotions on the contributions of the philosopher Spinoza: differences between the historical-dialectical materialist outlook and Rationalism-idealism of Spinoza. Although the goal of building a dialectical-materialist theory of emotion has not been reached, Vigotski innovated since sought to integrate art, ethics and science in his analysis. Keywords: emotion; psychology; Vigotski. IntroduçãoO trabalho buscou analisar e discutir aspectos relativos aos processos emocionais que Vigoski (1933Vigoski ( /2004b apontou no manuscrito Teoría de las emociones -estúdio histórico-psicológico (depois transformado em livro).O tratamento dado às emoções como objeto de investigação no âmbito da psicologia transitou entre a negligência e a depreciação. Não obstante, observamos atualmente o ressurgimento do interesse pelo estudo acerca da temática das emoções, principalmente como reação aos excessos provocados pelo enaltecimento da racionalidade (Lacroix, 2006).A gênese da postura de negligência às emoções tem sido apontada como desdobramento do paradigma cartesiano (século XVII), que preconizou a tendência à dicotomização sujeito/objeto, corpo/ mente, matéria/espírito, razão/emoção, repercutindo significativamente sobre o pensamento científico moderno (Plastino, 2001) e, consequentemente,...
As emoções são uma temática bastante suscitada atualmente em pesquisas e estudos científicos na área de psicologia e outros saberes. Para tanto, a presente investigação teve por objetivo problematizar deforma diferenciada e aprofundada o estudo das emoções a partir dos pressupostos e conceitos teóricos na psicologia histórico-cultural, na psicologia social crítica e na filosofia. Ao longo do texto, apresentaremos a concepção de Espinosa e Descartes sobre o monismo e o dualismo na relação entre mente e corpo. Destacam-se também alguns críticos posteriores que estudaram esta temática como Vygotsky, na psicologia histórico cultural; Teixeira, na filosofia da mente e o Damásio, na neurociência. Desta forma, elaboramos uma discussão no cenário interdisciplinar contemporâneo entre a Filosofia e a Psicologia Social Crítica, na tentativa de superar as dicotomias entre o intelectivo e o afetivo, mente e corpo, subjetivo e objetivo, entre outros. Por meio de estudos teóricos, foi interessante analisar e aprofundar o estudo sobre as emoções nestas concepções investigadas e também foi possível relacionálas. Desta forma, percebemos na literatura referências que indicam as emoções como mobilizadoras do compromisso social e do engajamento em práxis de transformação positiva da realidade, ou seja, foi observado que as ações transformadoras são embasadas por fortes manifestações emocionais.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.