RESUMO: Partindo da concepção marxiana de trabalho que compreende a atividade laboral como uma atividade vital, autodeterminada, dotada de sentido -o que não ocorre sob a lógica do capital -, buscamos neste artigo apontar algumas das principais mudanças ocorridas no universo do trabalho no século XX e suas conseqüências para a classe trabalhadora. O que pretendemos destacar é que ao longo do desenvolvimento do processo de trabalho -do taylorismo ao toyotismo -as transformações não significaram ruptura com o caráter capitalista do modo de produção e com seu complexo plano ideológico de controle da subjetividade do trabalhador. Exemplos disso são a apologia do individualismo, o aumento do desemprego, da intensificação e da precarização do trabalho, que marcam o mundo do trabalho na sociedade contemporânea. PALAVRAS-CHAVE: trabalho, reestruturação produtiva, subjetividade do trabalhador. DILEMMAS OF WORK IN CONTEMPORARY CAPITALISMABSTRACT: Starting from the Marxist conception of work, which considers labor as a vital, self-determined and meaningful activity -which is not the case in the logic of capital -, in this article, we attempt to indicate some of the main changes that occurred in the universe of work in the XX th -century and their consequences for the working class. What we aim to highlight is that, throughout the development of the work process -from Taylorism to Toyotismtransformations did not mean rupture with the capitalist character of the production mode, nor with its complex ideological plan to control the subjectivity of workers. Examples include the apology of individualism and the increase in unemployment, intensification and precariousness of work, which mark the world of work in contemporary society. KEYWORDS: work, production restructuring, subjectivity of workers. Foram marcantes as transformações ocorridas no mundo do trabalho na virada do século XX para o XXI e o crescimento em escala mundial do desemprego é, certamente, a face mais perversa deste quadro. Constatamos que, apesar de todo o desenvolvimento científico e tecnológico, de todas as importantes inovações operadas na base técnica dos processos produtivos, houve pouco alívio na labuta humana. Em realidade, tais mudanças no conjunto da economia e da sociedade resultantes da reestruturação produtiva, que ganhou maior visibilidade a partir dos anos 1990, acabaram por intensificar a exploração da força de trabalho e precarizar o emprego.Neste cenário, podemos observar uma contradição marcante: enquanto parte significativa da classe trabalhadora é penalizada com a falta de trabalho, outros sofrem com seu excesso. Além da precarização das condições de trabalho, da informalização do emprego, do recuo da ação sindical crescem, em variadas atividades, os problemas de saúde, tanto físicos quanto psíquicos, relacionados ao trabalho. A busca da compreensão desta questão nos remete à discussão acerca das mudanças do processo de trabalho no capitalismo que expressam a necessidade constante de reprodução ampliada do capital ao longo de sua história....
Este texto analisa os fatores de precarização do trabalho em relação com a qualidade de vida do trabalhador. Desenvolve uma linha de raciocínio crítico que começa entendendo os contornos do trabalho precário na ordem do capital, passa pela compreensão do que é Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) para chegar à análise dos desafios encontrados hoje pelos trabalhadores em relação às possibilidades de viver tanto o trabalho quanto a vida cheios de sentido, em direção a um projeto de emancipação humana. A ideia principal defendida é a de que políticas de QVT adotadas em empresas podem aliviar momentaneamente alguns sintomas, mas não ferem as causas estruturais dos problemas. A humanização da gestão da força de trabalho pode ser uma encenação necessária no interior das organizações, mas não deve ser vista como solução para os males do trabalho.
Este artigo visa a apresentar resultados de uma pesquisa qualitativa cujo objetivo principal foi analisar criticamente o sofrimento ancorado no trabalho precarizado de limpeza. Foram realizadas observações e entrevistas semiestruturadas com 12 trabalhadores de limpeza terceirizados de shopping centers no Brasil e no Canadá. A análise das entrevistas buscou regularidade dos assuntos recorrentes, agrupou elementos para constituir os núcleos temáticos de análise e construiu indícios para realizar a coerência teórica a partir da interpretação das descobertas sistematizadas. A pesquisa mostrou que o nojo e a humilhação dos trabalhadores de limpeza, ao lidarem com o lixo e a sujeira deixados pelos clientes em praças de alimentação e banheiros, são causa de sofrimento e demandam a performance de Trabalho Emocional. Foi possível encontrar, nos dois países, três núcleos temáticos de análise que se inter-relacionam no cotidiano do trabalho terceirizado de limpeza de shopping centers: o nojo, a humilhação e o controle.
Baseado principalmente na Psicodinâmica do Trabalho, este artigo resume uma pesquisa que objetivou conhecer as causas de sofrimento no trabalho gerencial; identificar como gerentes percebem o sofrimento e o prazer em seu trabalho e quais as principais causas de prazer laboral. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com gerentes de posições hierárquicas e setores distintos, no interior paulista. A interpretação das entrevistas deu-se pela Análise dos Núcleos de Sentido (ANS). Identificamos sete núcleos de sentido para entender as vivências de sofrimento e prazer no trabalho gerencial e identificar suas causas: a) Prescrição do trabalho; b) Culto às metas e desempenho; c) Relações interpessoais; d) Carga de responsabilidade; e) Autonomia; f) Reconhecimento e g) Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Confirmamos que há sofrimento laboral dos/das gerentes.
Este artigo trata do papel central do mestre de ofício no fazer artesanal, partindo da compreensão de que seu savoir-faire lhe permite atuar na produção e no produto, conferindo-lhes um caráter artesanal. Encontramos na produção da cerveja e da cachaça artesanais, no interior paulista, elementos que dão sustentação a essa premissa. A partir de uma pesquisa qualitativa elaboramos nossas análises segundo três eixos temáticos: (a) o savoir-faire do mestre na concepção, na produção e na comercialização do seu produto; (b) o aprendizado do mestre e; (c) a formação de aprendizes. Concluímos que o modo de produção artesanal mantém, com base na centralidade do mestre, a unidade entre concepção-produção-comercialização, mas que apresenta características que ora coincidem e ora se distanciam do perfil do mestre-artesão clássico apresentado na literatura. Finalizamos afirmando que há um lugar social e econômico para os mestres artesãos e para o fazer artesanal - ainda que num cenário em que predomina a produção industrializada em grande escala.
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