Resumo A relação entre humano e ambiente torna-se problema ético no século XX, quando a aceleração do desenvolvimento econômico e científico acompanhou profundas alterações nos sistemas ecológicos globais. A ética ambiental reivindicou limites na relação dicotômica homem/natureza. Em 1970, Van Potter propôs a bioética como espaço interdisciplinar para o estudo da “sobrevivência humana”. Nos anos seguintes, a disciplina restringiu-se a conflitos clínicos e hospitalares, afastando-se das questões da ética ambiental. Este artigo analisa o conceito de “bioética ambiental” como perspectiva teórica que acompanha um processo de resgate histórico da abordagem de Van Potter da bioética, caracterizado pela perspectiva das dimensões interpessoais, socioeconômicas e políticas dos dilemas éticos ambientais.
Resumo Embora as áreas verdes urbanas levem a benefícios biopsicossociais, a inserção em ambientes estigmatizados pode gerar vulnerabilidades. Este texto objetivou caracterizar os usuários e usos do passeio público de Curitiba por meio de pesquisa quantitativa da percepção e de condutas dos visitantes. Os resultados atestaram que o Parque está atrelado a referenciais emocionais, contudo a identificação de riscos tem conduzido a substituição por parques mais modernos. Famílias ainda frequentam o parque usufruindo dos animais para interação, no entanto essa satisfação as impede de perceber questões éticas. O conflito entre a importância do espaço para o cidadão e as vulnerabilidades sociais e dos animais conclama pela intervenção da bioética ambiental na intermediação do diálogo com a saúde global visando subsidiar o estabelecimento de uma solução consensual e justa para todos.
Este trabalho é o resultado da dissertação de Mestrado em Educação sobre a primeira Escola Alemã Católica de Curitiba, num período de 1896 até 1938. O período estudado envolve a época da sua fundação até o seu fechamento enquanto uma escola étnica. Investigamos por que esta adotava um padrão de escolaridade da Alemanha e só posteriormente adotou o padrão das escolas brasileiras. Destinava-se aos meninos desta etnia e posteriormente foi aberta aos meninos de outras etnias, inclusive os brasileiros e outros credos religiosos. Utilizamos como fontes de pesquisa as leis e decretos de Educação do Paraná e do Brasil, os jornais Diário da Tarde e Der Kompass (A Bússola), que circularam durante o período estudado. Estas fontes nos permitiram reconstituir a trajetória histórica desta escola por meio da análise do seu cotidiano, das mudanças curriculares e do envolvimento comunidade étnica e religiosa e igreja.
O presente artigo tem como tema o papel dos professores das escolas étnicas do Paraná. O recorte temporal situa-se desde o fim do século XIX até os anos de 1940. O objetivo geral é compreender o papel social dos professores dessas escolas, que deveriam atender as comunidades étnicas na manutenção da identidade cultural por meio da escola e ao mesmo tempo cumprir a legislação nacionalizadora. As fontes de pesquisa são os documentos escolares das ex-escolas étnicas, os relatórios de governo, a legislação escolar, as correspondências de governo e também os depoimentos de ex-alunos que frequentaram essas escolas no período estudado. A contextualização dos documentos revela diferentes olhares sobre a organização escolar e do ofício do magistério. A partir do método de análise histórica, as fontes serão confrontadas e possibilitarão compreender o papel dos professores ante a resistência das escolas à nacionalização. As fontes permitem fazer inferências sobre a ação do Estado fiscalizando e inspecionando as escolas para homogeneizar o ensino por meio do currículo único. Este estudo contribui para desvelar como as escolas e os professores encontravam mecanismos de burlar a legislação, manter a identidade cultural, até a nacionalização compulsória e o fechamento das escolas étnicas, em 1938.
O combate à insegurança alimentar (IA) é um dos alvos do segundo objetivo do desenvolvimento sustentável: fome zero e agricultura sustentável. Este estudo buscou avaliar a segurança alimentar de titulares de um programa de transferência de renda (PTR) brasileiro, na perspectiva da Bioética de Proteção. Para avaliação da IA utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, aplicada em 298 mulheres titulares do PTR. Os resultados revelaram que 58,1% (n=173) apresentavam IA leve, 16,4% (n=49) IA moderada, e 8,1% (n=24) IA grave. Estes dados suportam que beneficiários de PTR possuem índices alarmantes de IA e que há necessidade urgente no apontamento de soluções para tais questões para mitigar as vulnerabilidades a que essas famílias estão expostas.
Resumo Este artigo analisa os discursos enunciadores da bioética na área médica do Paraná entre 1970 e 2005, identificando autores e sentidos atribuídos ao termo. Trata-se de pesquisa historiográfica sobre a revista Arquivos, publicada pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná desde 1983, e a Revista Médica do Paraná, publicada pela Associação Médica do Paraná desde 1931. O corpus documental foi analisado a partir da perspectiva da história cultural. A bioética foi mencionada pela primeira vez na revista Arquivos em 1988, em artigo sobre morte cerebral, e depois na Revista Médica do Paraná, em 1996, em artigo sobre princípios da bioética, ambos escritos por médicos e professores. Os periódicos são dispositivos educacionais, pois divulgam ideário ético e bioético da classe médica que pode reverberar na sociedade e mudar comportamentos. A bioética enunciada nas fontes mostra proximidade com o principialismo e a ética médica.
Resumo Nesse artigo, pretendemos discutir a presença do mínimo ético da beneficência nas diretrizes de inclusão dos alunos com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), adotada pelo estado de Santa Catarina, pioneiro em diretrizes norteadoras de inclusão. Para tanto, foi realizada uma análise de conteúdo das diretrizes da Educação Especial de Santa Catarina, no período de 2006 a 2016, a partir de um referencial da bioética. No contexto de Educação inclusiva, faz-se necessário superar a visão paternalista, priorizando a promoção da autonomia dos alunos. A partir da análise de um mínimo ético nas relações escolares, identificou-se que as diretrizes contemplam o princípio da beneficência num contexto em que os alunos com TDAH são vistos apenas como um problema de saúde. Contudo, a garantia efetiva da inclusão escolar carece da inserção de princípios como os preconizados na Declaração Universal em Bioética e dos Direitos Humanos.
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