O objetivo principal deste livro é compreender uma economia dita “de Antigo Regime” a partir do estudo das formas como o crédito era praticado na dinâmica das relações pessoais, tendo como pano de fundo uma sociedade católica, corporativa, com uma hierarquia social baseada na política que incluía, no seu devido lugar, capitães, brigadeiros, pardos, donas, pretos, tenentes e forras. O contexto para isso é uma rota mercantil que interligava as localidades de Viamão e Sorocaba, passando por diversos outros lugares, mais ou menos importantes, como Vacaria, Lages, Lapa, Castro e Itapetininga. Uma rota comercial de um produto único, praticamente: os animais, especialmente mulas, cavalos e reses. Nesse sentido, falar de uma economia de Antigo Regime não é fazer desta definição uma simples forma de rotulagem. É preciso, antes, tomá-la em suas especificidades, procurando entender a originalidade de suas formas. Este trabalho é sobre os homens que faziam a rota das tropas e seus negócios. Procura entender como funcionava o acesso ao crédito, o crédito financeiro, mas também o crédito como sinônimo de confiança. E aqui entram todos: capitães, índios, criminosos, brigadeiros, conselheiros ultramarinos e secretários de estado e ultramar.
O objetivo deste artigo é apresentar algumas inquietações teóricas e metodológicas sobre a forma como os historiadores representam o conhecimento histórico, dando especial atenção ao uso de gráficos interativos, mapas dinâmicos e animações. Se o objeto do conhecimento histórico tem diferentes movimentos, distintas intensidades, por que seria o papel impresso o principal (senão único) veículo de divulgação deste conhecimento? Diante de objeto tão escorregadio e de difícil apreensão, os historiadores optaram, desde o século XIX até o presente, por narrar (através da escrita) as dinâmicas sociais, sem preocupação com formas alternativas de representação. Muito recentemente, o fenômeno das mídias digitais e da internet trouxe inspiração para os profissionais do tempo social, permitindo algumas experiências inovadoras. É sobre algumas destas experiências que o texto tratará.
O texto conta a história do "Atlas Digital da América Lusa", enfatizando como as diferentes "gerações" de alunos e pesquisadores que participaram do projeto modificaram completamente sua natureza. É uma avaliação pessoal e, portanto, sujeita a esquecimentos e lapsos, além da própria reinterpretação feita, que acaba, de um modo ou de outro, buscando atribuir uma coerência ao que é narrado. Procurarei enfatizar as rupturas, conforme me foi possível. Escreverei no plural, na medida em que acreditar que expresso um ponto de vista compartilhado com os diversos participantes do projeto.
O objetivo deste artigo é refletir sobre a construção do “Mapa Etno-histórico” de Curt Nimuendajú, obra que buscou cartografar de modo exaustivo os grupos nativos da América do Sul. Esse estudo foi uma das representações mais utilizadas por pesquisadores desde sua criação, em 1944. Partiremos da ideia de que os mapas são constructos retóricos que devem ser lidos como textos, discutindo limites e possibilidades de um vocabulário visual adequado para entender as opções teóricas e metodológicas explícitas e implícitas na elaboração cartográfica. Vamos nos valer da reconstrução cartográfica digital do “Mapa Etno-histórico” para fazer emergir as diferenças entre o projeto enunciado pelo autor e o que foi dito em termos cartográficos. Iniciaremos com uma descrição da obra e de suas opções mais evidentes, demonstrando uma relativa seletividade nas escolhas realizadas por Nimuendajú. Na parte final, abandonaremos os procedimentos técnicos para interpretar os resultados em um diálogo com a nova cartografia crítica e com a etnogeografia.
Resumo: Tomando dados que apontam as relações de grupos subalternos (quase sempre associados ao caos social e ao crime), indígenas e escravos com membros das elites locais na região oriental do Rio da Prata, o artigo salienta a importância destas relações para desenvolvimento e manutenção de negócios atlânticos que envolviam o comércio de couros, tabaco, aguardente e escravos. O texto analisa também as estratégias sociais de criação destas redes e sua extensão geográfica, alinhavando pontos entre Buenos Aires, Rio de Janeiro, Lisboa e Madrid, sem descuidar dos vizinhos da Lagoa Mirim.Palavras-chave: contrabando, comércio atlântico, redes sociais.Abstract: Taking into account data showing the relationship of subaltern groups (frequently associated with social chaos and criminal life), indigenous and slaves with members of local elites in the eastern part of the River Plate, this article emphasizes the importance of these relationships for developing and maintaining Atlantic business which meant trade of hides, tobacco, rum and slaves. Th e text examines the social strategies of the creation of these networks and their geographic extensions, between Buenos Aires, Rio de Janeiro, Lisbon and Madrid, without neglecting the Mirim Lagoon neighbors.
O objetivo deste trabalho é explorar a possibilidade de considerar as diferentes densida des de relações sociais que estariam associadas a diferentes graus de interação e confiança, tendo em conta a região meridional da América Portuguesa no final do século XVIII. Para realizar esta investigação, utilizamos fontes diversas, incluindo inventários postmortem, regis tros paroquiais e correspondências. Para este estudo, foi criada uma base de dados centrada nas relações e interações sociais. Os resultados indicam uma aproximação estreita entre a densidade das relações e a confiança.
El objetivo de este artículo es considerar algunas cuestiones teóricas relacionadas con el crédito, sobre la base del debate sostenido en la historiografía brasileña en los últimos años. En esa discusión el crédito ha sido bien estudiado, no sólo en obras dedicadas exclusivamente a este tema, sino también en otras publicaciones sobre la economía colonial en general. En este sentido, se propone analizar ese estado de la cuestión en cuatro temas específicos. El primero se refiere a la jerarquía social, extremadamente importante en las sociedades del Antiguo Régimen. El segundo, sobre el llamado microcrédito, con referencia a pequeños prestatarios y prestamistas que manejan pequeñas cuantías. Esta actividad puede revelar elementos fundamentales de las economías de tipo antiguo. También discutiremos aspectos como la confianza y la información, ya que fueron analizados con poca profundidad en la historiografía brasileña sobre el período colonial. Finalmente, proponemos reflexionar sobre el carácter opaco del crédito como objeto de estudio, ya que es un fenómeno muy visible y evidente si - y sólo si - consideramos las fuentes disponibles, ignorando los arreglos orales.
This article reflects on the construction of Curt Nimuendajú's “Ethno-historical map”, an exhaustive work that sought to map the native groups of South America. This map was one of the most widely-used representations by researchers since its creation in 1944. The theoretical framework adopted in this paper stresses maps as rhetorical constructs that should be read as texts. The article also discusses the limits and possibilities of a visual vocabulary to understand explicit and implicit theoretical and methodological decisions in cartography. Digital cartography will be employed to bring out the differences between what the author of the project intended and what was presented in the "Ethno-historical map". The text starts with a description of the work and its most evident options, showing a relative selectivity in Nimuendajú's choices. In the last part, technical procedures will be abandoned to interpret the results considering the new critical cartography and ethno-geography positions.
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