A pandemia do novo-Coronavírus, iniciada em março de 2020, implicou em várias pesquisas científicas com objetivo de esclarecer a natureza do vírus, sua infectividade e vários outros elementos importantes para entendê-lo e combatê-lo. Sabemos, até agora, que se trata de um vírus de RNA, com transmissão principalmente por gotículas das vias respiratórioas e porta de entrada principal pelas vias aéreas, que provavelmente infecta as células via proteína spike (proteína S), ligação ao receptor transmembrana da enzima conversora de angiotensina (ECA-2) e replicação intracelular via receptores toll-like, causando resposta imune, muitas vezes, desregulada. Tal resposta, se não controlada, generaliza-se em inflamação sistêmica que pode ocasionar a chamada “tempestade de citocinas”, com risco elevado de complicações e morte. Além desse risco para a população em geral, há também pacientes com peculiaridades e necessidade de cuidados especiais, como os portadores de comorbidades, coo no caso das condições reumatológicas. Tais condições geralmente necessitam de modulação imunológica para o controle da doença de base, com risco potencialmente maior de doença grave pelo SARS-COV-2. Apesar dessa preocupação, não foi encontrada evidência, até agora, de que a interrupção do uso dessas medicações seja benéfica para esses pacientes, sendo a recomendação principal seguir as recomendações de higiene respiratória e demais medidas sanitárias que evitam a exposição ao vírus e, consequentemente, diminuem o risco de infecção. Na residência de Medicina de Família e Comunidade (MFC) foi possível acompanhar vários pacientes portadores de doenças reumatológicas em sua relação dinâmica com o vírus e tudo o que ele implica, desde o ponto de vista físico, isto é, do adoecimento em si, até à perspectiva psicológica, pelo temor peculiar desses pacientes, tanto de adoecer quanto da morte, sobretudo sendo um grupo de risco. O objetivo do presente trabalho, portanto, é trazer tanto uma reflexão pessoal sobre a experiência de uma residente de MFC com esses pacientes durante a pandemia, bem como trazer dados da literatura científica sobre o vírus e sua fisiopatologia do ponto de vista do sistema imunológico.