RESUMO Este artigo propõe-se a discutir as fronteiras entre tradução e adaptação literária, utilizando-se, para isso, das observações feitas a partir da comparação entre uma tradução e duas adaptações da obra A Cabana do Pai Tomás (Uncle Tom's Cabin), de Harriet Beecher Stowe. Levando-se em consideração critérios como a época de publicação de cada reescrita e a ideologia declarada pelas editoras, levantamos trechos problemáticos que exigiam que tradutor ou adaptador apresentassem algum tipo de solução, e com isso demonstramos que os limites entre as duas práticas, apesar do que se poderia esperar, não são tão claros e absolutos. Foram destacados também fragmentos que expunham a imagem construída, em cada reescrita, dos personagens negros e, por extensão, da identidade negra, teorizando se por trás dessas imagens haveria uma relação com o rótulo de tradução ou adaptação, ou se esse constructo estaria mais ligado a outros fatores. O que se observou foi uma relação mais sólida entre identidade e contexto histórico e ideologia do que entre identidade e rótulos, confirmando assim a importância de fatores extratextuais nas reescritas analisadas e a fragilidade da oposição que tradicionalmente separa tradução de adaptação.
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