O problema da participação em cooperativas de trabalhadores rurais assentados têm sido estudado sob diferentes perspectivas, porém não há consenso na literatura. De todo modo, a literatura mostra que há diferentes fatores que contribuem para a falta de participação real dos trabalhadores, especialmente porque o acesso às políticas públicas está condicionado à criação de cooperativas ou associações, o que torna compulsório o associativismo. O objetivo deste artigo é discutir as formas de participação de trabalhadores rurais em cooperativas por meio da análise dos sentidos atribuídos ao trabalho. Estudamos o caso de uma cooperativa do Assentamento Mário Lago, Ribeirão Preto (SP), por meio de estratégias de observações diretas e de entrevistas semiestruturadas. Constatamos que a participação instrumental predominava no grupo, reforçada por dependências materiais, institucionais e afetivas dos sujeitos. Os sentidos atribuídos pelos sujeitos ao trabalho cooperado reforçaram a constatação de que o modo como as políticas de desenvolvimento rural têm sido pensadas no país traduzem a desproporcionalidade entre a prática cotidiana da cooperação e o cooperativismo institucionalizado.Palavras-chave: Participação, Sentidos, Cooperativa, Assentamento rural, Psicossociologia.Work senses and ways of participation: the case of a rural workers' cooperative of Mario Lago Settlement, Ribeirão Preto (SP), BrazilThe problem of participation in rural workers' cooperatives has been studied by different points of view, but the results are not consensual. In any case, the literature shows different elements that contribute to the lack of real participation of workers, especially because the access to family agriculture's public policies is conditional upon cooperatives or associations. The goal of this paper was to investigate the participation forms of rural workers into cooperatives through the analysis of the meanings attributed to work. We studied the case of a cooperative in Mario Lago Settlement, Ribeirão Preto (SP), Brazil, through observations and semi-structured interviews. We found out that the instrumental participation predominated in the group, reinforced by material, institutional and affective dependencies. The meanings given by the subjects reinforced the opinion that the way of rural development policies have been thought in country reflects the disproportionality between the daily experiences and the institutionalized cooperativism.
Pesquisas de diferentes áreas têm constatado uma série de problemas no processo organizativo de empreendimentos autogestionários em assentamentos rurais da reforma agrária, entre eles, a dificuldade dos trabalhadores rurais de participarem ativamente dessas organizações. Para pensar sobre esse problema, o objetivo do estudo apresentado neste artigo foi o de investigar as forças psicossociais e os sentidos atribuídos ao trabalho por assentados da reforma agrária organizados em cooperativas, que podem explicar as formas de participação dos cooperados na gestão dessas organizações. Foi realizado um estudo de caso em uma cooperativa localizada no Assentamento Mário Lago, região administrativa de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. A pesquisa qualitativa foi construída em três momentos: o levantamento teórico/bibliográfico/documental, as observações das reuniões da cooperativa e as entrevistas semiestruturadas com nove cooperados. A análise se deu pela triangulação entre as diferentes fontes de informações. Dos resultados, destaca-se que predominava a participação instrumental, produzida por uma conjunção de forças psicossociais que reforçavam as dependências econômicas e simbólicas do grupo. Por outro lado, a cooperativa cumpria a função de pertencimento para os sujeitos, mas sem ligação com a participação real na organização. Essas diferentes forças foram construídas na desproporcionalidade entre as vivências do cotidiano dos trabalhadores, as suas trajetórias de vida e o modo como o cooperativismo é institucionalizado e imputado aos sujeitos, tendo como pano de fundo a reafirmação de interesses hegemônicos no mundo rural.
Resumo Este artigo pretende refletir sobre a distância que separa a concepção de desenvolvimento rural presente nas políticas públicas para os assentamentos rurais e a realidade dos trabalhadores assentados organizados em cooperativas. Para tanto, tomou-se como exemplo um estudo de caso realizado em uma cooperativa de um assentamento rural, localizado em Ribeirão Preto (SP), por meio de levantamentos bibliográficos e documentais, observações empíricas e entrevistas semiestruturadas realizadas com cooperados e representantes do movimento social e do serviço de assistência técnica. O modo como o cooperativismo tem sido institucionalizado revela um modelo de formulação de política que desconsidera a existência das condições objetivas e subjetivas dos trabalhadores e aposta na ideia de que os dispositivos legais, por si só, garantem a organização das redes de sustentação política e cultural necessárias ao funcionamento das cooperativas.
In this paper, we argue the emotional life of corruption narratives underwrite the rise of the extreme Right in Brazil. Further, we argue that the talk of corruption is pervasive, polysemic, contested, racialized and emotional. It is deeply entwined with social struggles over the form, content and ends of political life. Drawing on this perspective, we analyze discourses of corruption in the wake of a seismic corruption scandal, Operation Lava Jato. We identify two competing narratives of corruption. The hegemonic form uses emotions to create political enemies, promote anti-Black punitivism and uphold social hierarchies. In contrast, a counternarrative of corruption rooted in Black feminist epistemology centers racialized spatial inequality as Brazil’s central challenge and offers pathways to reclaim political life from punitive neoliberalism. We contribute by specifying how the emotional life of corruption talk helps build support for Jair Bolsonaro’s cross-class project of revanchist populism. Ultimately, we argue that the Right has successfully mobilized corruption talk in the service of necropolitics.
O presente artigo problematiza a relação entre subjetividade e trabalho na pesquisa em Psicologia Social do Trabalho (PST). O objetivo é explicitar as características da PST e as possíveis relações com abordagens teórico-metodológicas distintas, especialmente, a partir de duas pesquisas de doutorado que abordaram a relação entre subjetividade e trabalho em contextos distintos, urbano e rural. A primeira delas, realizada entre 2010 e 2014, foi fundamentada na Psicologia Sócio-histórica e buscou compreender a trajetória e os sentidos atribuídos ao trabalho por jovens profissionais egressos de uma universidade da região metropolitana do Rio de Janeiro/RJ, Brasil. A segunda investigação, por sua vez, foi desenvolvida com base na Psicossociologia e Sociologia Clínica, e realizada entre 2015 e 2019 na região nordeste do Estado de São Paulo, Brasil, junto a um grupo de trabalhadores rurais assentados. Apesar de realizados em distintos espaços e tempos, observamos, ao revisitar as teses, a sinalização de uma tendência dos trabalhadores/as à luta pelos lugares de forma mais individualizada no mundo precarizado do trabalho, o que denota o quanto a produção das subjetividades é relacionada ao trabalho e às condições objetivas em que vivemos.
ResumoO Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) é uma estratégia utilizada desde o final da década de 1990 para recompensar os serviços ambientais prestados por agricultores, financiando ações de recomposição da vegetação em áreas desmatadas, práticas agrícolas de baixo impacto já desempenhadas, e incentivando para que estes passem a adotar práticas sustentáveis de agricultura. O objetivo deste artigo é conhecer os princípios contidos nas estratégias de PSA para a solução de problemas ambientais, bem como discutir como são implantados na prática, a partir da interpretação analítico-comportamental de uma experiência de PSA na região de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. Reconhece-se os argumentos que validam os ganhos ambientais obtidos, e considera-se a necessidade de problematizar a suficiência dos incentivos financeiros na promoção de mudanças comportamentais e sua manutenção ao longo do tempo. Palavras-chave: Pagamento por Serviços Ambientais; Políticas Públicas; Agricultura; Desenvolvimento Sustentável; Análise do Comportamento. PAYMENTS FOR ENVIRONMENTAL SERVICES (PES) AND PRACTICES OF SUSTAINABLE AGRICULTURE: CONTRIBUTIONS FROM BEHAVIOR ANALYSIS AbstractThis paper aims to know the Payment for Environmental Services (PES) principles and its implementation in practice, based on a behavior-analytic interpretation of a PES experience in the State of São Paulo, region of Ribeirão Preto. PES program is a strategy used since the 1990s to give financial incentives for farmers to provide environmental services. PES is a tool to fund actions of restoration at deforested areas, recognize low-impact practices already performed, and promote the adoption of sustainable practices. The arguments that support environmental gains provided by PES are recognized, but the effectiveness of financial incentives to promote behavior change and its maintenance for long term is questionable.
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