RESUMEN / RESUMO / ABSTRACTEl presente trabajo intenta realizar una revisión de la poesía marginal brasileña surgida en los años setenta. Para eso, se la considera como una manifestación estética desajustada de los patrones poéticos modernos, con lo cual pasa aquí a proponerse la idea de que esta poesía habría modificado algunos de los parámetros tradicionales del quehacer poético, sobre todo a partir de la entrada en escena de nuevos agentes sociales y de sus modos sensibles diferenciados. Al mismo tiempo, se pone en discusión la pertinencia de algunos principios críticos utilizados para su interpretación y valoración por parte de la crítica académica.
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Estudos Feministas 1 PRADO, 1976. O homem caça e luta. A mulher intriga e sonha; é a mãe da fantasia, dos deuses. Possui a segunda visão, as asas que lhe permitem voar para o infinito do desejo e da imaginação.Jules Michelet. A feiticeira É harto conhecida a maneira pela qual Adélia Prado, no paradigmático poema inicial de seu livro de estréia, 1 se coloca perante a condição de mulher. A existência de uma clara oposição à figura masculina, desenhada aí como um confronto em termos de negativo (masculino) e positivo (feminino), permite a insubordinação do eu contra a situação aviltada dessa "espécie" reprimida por um mundo de preeminência masculina. É por conta disso que o sujeito lírico, num gesto de ousada contestação, pode sentir-se à vontade para declarar a aceitação das artimanhas ("subterfúgios") que sua própria circunstância menoscabada lhe impõe, e que se tornam necessárias caso pretenda demarcar seu lugar num espaço que a mantém "ainda envergonhada".Vê-se o subterfúgio inicial no caráter dúbio dessa "licença poética" que vai compor o título do texto, e que, pela aparente deferência, converte-se na senha de acesso TERESA CABAÑAS 546 Estudos Feministas, Florianópolis, 13(3): 545-566, setembro-dezembro/2005 a um território de domínio alheio. Já nele, a "licença" trocase em livre alvedrio, em transgressão, de modo que esse espaço pode passar a ser reconfigurado com características de outra natureza, que no caso da poetisa mineira, já sabemos, conectam-se aos temas da rotina doméstica provinciana, até então rejeitados por miúdos e desluzidos. Assim, a condição geral da mulher (gênero), "essa espécie ainda envergonhada", define-se ao mesmo tempo como a condição específica do sujeito produtor (poetisa), que decide sua emancipação pela via da diferença -"Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem" -, justamente para trazer à cena a densidade existencial que se esconde por trás desse aparente cinza do universo da mulher comum. No patamar ideológico do poema isso vai significar assumir plenamente sua constrangedora condição histórico-social e fazer dela sua grande vantagem: "Mulher é desdobrável".Quase vinte anos depois desse primeiro livro de Adélia Prado, uma outra poetisa, a paulista Maria Lúcia Dal Farra, se achega ao cenário literário nacional, para surpreendê-lo dessa vez com o que me permito chamar de uma poesia desdobrável. As marcas da evolução social, gerada no intervalo entre Bagagem e Livro de auras 2 de Dal Farra, podem ser vistas sintetizadas no sugerido deslocamento da característica aludida, que no último me parece acomodar-se mais à condição produtora de poesia que à explicitação dessa situação geral de acanhamento historicamente sofrida pela mulher. Não digo que a poesia de Dal Farra não atravesse essa parcela miúda do universo feminino; pelo contrário, é evidente sua presença em muitos dos poemas de seu primeiro livro, seja na rememoração que atualiza o cotidiano familiar da infância, seja no sensível e ávido olhar que penetra situações, objetos e seres naturais. Contudo, além de introduzir-no...
Resumo O texto propõe uma linha de comunicação entre a poesia de Adélia Prado, a partir de Bagagem (1976), e a de Maria Lúcia Dal Farra e seu Livro de auras (1994). A intenção radica em observar como os modos de suas respectivas estratégias discursivas, além de revitalizar o código poético local, sugerem mudanças no estatuto da condição histórico-social dos agentes femininos produtores de poesia. Acreditase que isso pode assinalar uma ampliação dos rumos da poesia brasileira, como mostrar uma trajetória de evolução dessa entidade feminina na sua definição de ser social dentro das circunstâncias históricas do seu existir.
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