O objetivo deste artigo é promover uma discussão sobre psicologia e teatro, buscando compreender algumas relações e efeitos possíveis quando ambos se aproximam e se voltam para a produção de subjetividade nas comunidades populares. Um conceito central é o de partilha do sensível, formulado por Jacques Rancière. O texto discute as formas que a partilha do sensível configura tanto no teatro quanto na psicologia comunitária quando estes se propõem a ser vetores da transformação social, e aponta entraves quando estes se limitam à representação convencional dos conflitos sociais. Outro aspecto considerado é a necessidade de dar mais relevo aos processos de produção de desejo na comunidade.
O artigo discute como as práticas em psicologia comunitária constituem um campo de produção de subjetividade, atentando para as políticas cognitivas derivadas de seus pressupostos epistemológicos, teóricos e políticos. Observa-se o compromisso de transformação social defendido por esta área da psicologia, ressaltando seus efeitos para a subjetividade produzida em comunidades. A partir das considerações levantadas, observou-se que a ideia de conscientização, bem como a concepção dos conflitos a partir de um esquema opressor-oprimido, dentre outros aspectos, incorrem em políticas recognitivas. Por outro lado, a postura dialógica do psicólogo comunitário, além da valorização atribuída às potencialidades existentes nos espaços populares, aproxima-se de uma política da invenção.
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