Esta obra Ensino, pesquisa e extensão: uma abordagem pluralista -Volume XV constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores que se destacaram e qualificaram as discussões neste espaço formativo. Compreende-se que pesquisa é o processo de materialização do saber a partir da produção de novos conhecimentos baseado de problemas emergentes da prática social, e a extensão universitária pode ser entendida como processo educativo, cultural e científico, de intervenção nos processos sociais e identificação de problemas da sociedade.Resulta, também, de movimentos interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas de abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar e divulgar por meio de uma publicação científica ações interinstitucionais nacionais e internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conhecimentos das diversas áreas do Saberes. Agradecemos aos autores pelo empenho, disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) brasileiro, a partir de 2009, mudou a sua base filosófica e política, se configurando em uma importante política de compra institucional e de desenvolvimento da Agricultura Familiar. Este ensaio objetiva discutir a importância do serviço de extensão rural público na viabilização do mercado institucional da alimentação escolar. A pesquisa foi realizada em nove municípios no estado do Rio Grande do Sul - Brasil. Mesmo com um ambiente político favorável ainda são encontrados obstáculos para realização da compra da institucional, sendo um deles as deficiências da organização social e produtiva dos agricultores familiares. O estudo evidenciou que os agricultores necessitam de apoio e assessoria técnica para relocalizar e reordenar a lógica da produção. No entanto, a extensão rural pública não tem sido hábil para fazer isso.
A atividade leiteira no Rio Grande do Sul está relacionada à agricultura familiar. Esse artigo é baseado em estudo qualitativo que objetiva desenhar as variáveis para o desenvolvimento de sistemas de produção de leite de base ecológica no município de Santa Maria/RS. Foram estudadas sete propriedades produtoras de leite em sistema de Pastoreio Rotativo Voisin (PRV). A experiência trata de um processo de extensão rural diferenciado. As categorias de análise são: PRV, manejo de agroecossistemas, manejo agroecológico de solos, bem-estar animal, relação ser humano-natureza e reprodução social. Os principais avanços percebidos foram o aumento da renda, sistemas sustentáveis de produção e diminuição da penosidade do trabalho. A transição agroecológica dos sistemas de produção de leite de Santa Maria demonstra duas questões centrais: 1) Os referenciais que compõem o sistema agroecológico; 2) A importância de uma extensão rural capaz de realizar uma ruptura e a libertação dos agricultores dos sistemas de produção convencionais, bem como de estabelecer processos contínuos em vez de uma ação fragmentada e pontual.
Uma forma de resgate e manutenção da cultura alimentar é por meio dos mercados de circuito curto, principalmente as feiras de agricultores. Assim, o trabalho visa uma investigação dos consumidores e agricultores feirantes, considerando que o fornecimento de alimentos, através das feiras municipais, propicia além de emprego e renda aos agricultores, também, qualidade de produto aos consumidores. Neste espaço é possível comercializar e agregar valor aos produtos oriundos da agricultura familiar, além de criar elos de relação social. Neste sentido, aplicamos questionários com perguntas mistas em ambas categorias, agricultores e consumidores, nas feiras de Júlio de Castilhos e Tupanciretã. Observamos que há uma grande assiduidade por parte dos consumidores e também uma preferência por determinado agricultor. As feiras podem ser analisadas sob vários aspectos: a importância das feiras como espaços diferenciados de consumo; a identificação das feiras como locais onde é possível comprar um alimento de melhor qualidade; a busca por parte dos consumidores por alimentos com identidade cultural; a dimensão da contribuição social que as feiras possuem, no que tange a geração de renda para os agricultores; e um dos aspectos mais importantes, a consolidação de um espaço diferenciado e com identidade de agricultura diferente da hegemônica dos municípios.
O regime agroalimentar industrial demonstra uma série de problemas, consideradas questões chaves para o debate da Nova Equação Alimentar (NEA). Estão no centro do debate a segurança alimentar, os problemas de saúde, a sustentabilidade do sistema agroalimentar e a erosão dos vínculos entre produção e consumo. Parte-se do pressuposto que os PAE podem ser importantes instrumentos ou “portas de entradas do tipo” de relocalização da alimentação e de emergência de um novo regime agroalimentar. Assim, esse trabalho busca analisar em que medida as políticas de alimentação escolar estão alinhadas ou contribuem com o debate circunscrito no conjunto de ideias da NEA. Foram analisadas as contribuições da política do World Food Programme, da política brasileira estabelecida a partir de 2009, além disso, do referencial dos autores Morgan e Sonnino, basilares na discussão do potencial dos PAE na reconstrução do sistema agroalimentar. A base da discussão dos PAE “de production locale”: (home-grown school feeding) como porta de entrada para uma NEA está alinhada com quatro princípios básicos: i) compra de alimentos da agricultura local e de pequena escala; ii) valorização da cultura alimentar; iii) fornecimento de alimentos de qualidade e saudáveis aos escolares; iv) a alimentação escolar como estímulo ao desenvolvimento de sistemas de produção e de consumo alternativos. É possível apontar que a alimentação escolar tem potencial de construir uma nova cultura coletiva de desenvolvimento sustentável e um sistema agroalimentar amparado pela reconexão entre produção e consumo. No entanto, é necessário o Estado criar mecanismos e outras políticas intersetoriais que favoreçam a produção, o processamento e a comercialização em pequena escala. O caso brasileiro demonstra que se avançou significantemente na concepção de PAE, no entanto outras estruturas estatais mantiveram-se nos velhos padrões.
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