Resumo: Ouve-se dizer que o feminismo acabou. Que tudo já foi conseguido pelas mulheres, conquistas em todos os campos sociais. Apesar de evidentes modificações nas relações de gênero em alguns países do Ocidente, o que aqui se pretende analisar é a dimensão das representações sociais do feminino, constitutivas das configurações identitárias e corpóreas, já que presentes na apreensão do real. A mídia e as revistas femininas compõem um locus especial de análise da ação do discurso e das imagens modelando corpos e assujeitando-os a uma certa representação do feminino. Palavras-chave: feminismo; revistas femininas; representações sociais; corpo e identidade sexual. ue rumor é este, "trocas verbais no interior de uma sociedade", 1 que se ouve nas esquinas, nos bares, nas salas de jantar e nas de aula, nos ôni-bus superlotados e nos carros de luxo? O femisões físicas, humilhações, palavras, gestos, é apenas um marco de imagens e representações que instauram um corpo genitalmente definido e reduzido a um sexo bioló-gico.A noção de "gênero" criada pelos estudos feministas desmascara a ação do social contida nos discursos sobre a "natureza" humana e seu valor heurístico é incontornável; entretanto, a força compreendida nas análises da generização humana tende a se diluir nos aspectos demonstrativo e relacional como se o diagnóstico pudesse por si só curar o mal.As composições de gênero determinam os valores e modelos desse corpo sexuado, suas aptidões e possibilidades, e criam paradigmas físicos, morais, mentais, cujas associações tendem a homogeneizar o "ser mulher", desenhando em múltiplos registros o perfil da "verdadeira mulher". Se o masculino também é submetido a modelos de performance e comportamento, a hierarquia que funda sua instituição no social desnuda o solo sobre o qual se apóia a construção dos estereótipos: o exercício de um poder que se exprime em todos os níveis sociais.A análise dos mecanismos de condensação discursiva e representacional da carne em corpos sexuados permite detectar agentes estratégicos na reprodução, reatualização, ressemantização de formas, valores e normas definidoras de um certo feminino naturalizado, travestido em slogans modernos, em imagens de "liberação", cujos sentidos, nismo acabou? O infinito e insidioso ruído do discurso social sussurrado, explicitado, demonstrado, sugere a desnecessária continuidade de um movimento tornado obsoleto diante das "evidentes" conquistas das mulheres: no plano político, já podem votar e ser votadas, qual a queixa? São minoria nos altos postos legislativos e judiciá-rios? Questão de tempo. No campo profissional as portas se abrem, para algumas eleitas. Questão de competência. Salários desiguais para tarefas idênticas? Os ajustes se fazem aos poucos… Decreta-se assim no senso comum e na análise teórica o fim do feminismo: afinal, os gêneros não são igualmente construídos socialmente? Entretanto, colocando-se no mesmo assujeitamento ao social a constituição do feminino e do masculino, esquece-se facilmente o caráter hierárquico da generização do hu...
Os discursos sobre o real tendem a mascarar a multiplicidade que os habita sob o perfil do unívoco, do mesmo, cristalizando identidades em torno de um eixo, o sexo biológico, binário, "natural". Definidor de corpos e papéis sociais, o sexo se desdobra em sexualidade normatizada, a heterossexualidade, cujo caráter reprodutivo confere-lhe o selo da normalidade. Interessa-nos aqui questionar as evidências e investigar os mecanismos de produção das relações sociais, propondo como categoria de análise o heterogênero, que se enunciando revela a coerção da sexualidade em uma só direção. Todos seríamos, finalmente, queers? Palavras chave: Heterogênero, Queers, Sexualidade.
O uso da categoria gênero, de forma acrítica, contribui para a repetição de uma divisão binária "naturalizada" dos sexos. Fundada na procriação, a heterossexualidade aparece como uma instituição política que define papéis e status no social, criando corpos atrelados aos gêneros feminino e masculino. Constroem-se assim identidades fictícias em torno do sexo biológico, erigindo a sexualidade em essência do ser. A utilização da categoria "heterogênero" aponta, em sua enunciação, para esta construção, dando lugar a perspectivas múltiplas de análise da construção do social.
RESUMOOuve-se dizer que o feminismo acabou. Que tudo já foi conseguido pelas mulheres, conquistas em todos os campos do social. Apesar de evidentes modificações nas relações de gênero em alguns países do Ocidente, o que aqui se pretende analisar é a dimensão das representações sociais do feminino, constitutivas das configurações identitárias e corpóreas, já que presentes na apreensão do real. A mídia e as revistas femininas compõem um locus especial de análise da ação do discurso e das imagens, modelando corpos e assujeitando-os a uma certa representação do feminino.Palavras-chave: feminismo, revistas femininas, representações sociais, corpo, identidade sexual. ABSTRACTSome say that Feminism is over. That women have obtained everything and conquered all they wanted on the social level. Although many changes have obviously modified gender relations in the West, I would like to analyze here the dimension of social representations of the feminine that constitute identity and corporeal configurations and a present time apprehension of reality. The media and feminine magazines represent a special locus for an analysis of the action of discourse and images, of their modeling bodies and subduing them to a certain representation of the feminine.
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7976.2016v23n35p11O lesbianismo vem sendo tratado pela história e pelo discurso social como uma curiosidade ou como um estigma a ser revelado/escondido. Num mundo em que o binário heterossexual é a norma, a ameaça do lesbianismo éa recusa do contrato sexual instituído pela heteronormatividade. Mas, afinal, o que seria uma identidade lesbiana? Que sentidos se escondem numa categoria que supõe uma homogeneidade grupal baseada em uma sexualidade plural.
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