Ensinar a ler e escrever parece, mesmo que subliminarmente assumido, ser o fim maior do ensino de língua materna na educação básica brasileira. A despeito de toda a produção científico-pedagógica e linguís-tica existente sobre alfabetização e letramento, tenciono, neste artigo, levantar algumas questões e desencadear mais algumas discussões acerca da aprendizagem e, como decorrência, do ensino da leitura e da produção escrita de textos/discursos. Será o ensino de gêneros textuais/discursivos o melhor caminho para o desenvolvimento das complexas habilidades de ler e escrever? O que precisa ser ensinado para que essas habilidades sejam, ao menos, satisfatoriamente desenvolvidas, gêneros, tipos, sequências, modos de organização de texto/discurso? Essas são algumas das perguntas norteadoras da reflexão aqui apresentada à luz de autores como Saussure, Benveniste, Bakhtin e Ducrot. Palavras IntroduçãoAprender a ler e a escrever pelo ensino de língua materna que se tem atualmente na maioria das escolas de Educação Básica, sejam elas da rede pú-blica ou particular de ensino, requer que o aluno tenha aptidões sobrenaturais ou, no mínimo, mágicas. Explico: os alunos após, e mesmo durante, o chamado perí-odo de alfabetização são inseridos (e esse foi o termo mais suave que encontrei) no reino da gramática normativa da língua portuguesa, classificando palavras e frases, ou partes delas, conjugando verbos, flexionando substantivos, adjetivos, memorizando listas de coletivos, conjunções, preposições, enfim, dissecando um grande e aterrorizante monstro chamado
Este artigo tem por objetivo abordar a construção da identidade docente pelo viés da subjetividade na linguagem. Para isso, inicialmente é apresentado o aporte teórico que fundamenta essa proposta, os estudos benvenistianos, seguidos de uma breve incursão pela filosofia buberiana, assim como pelo olhar de alguns estudiosos da Educação, quanto a como o docente se vê e se constrói como professor, demonstrando, ainda, algumas das influências externas (culturais, sociais etc.) que interferem nesse processo de constituição docente. Por fim, é feita uma análise de alguns discursos de professores que falam sobre como se veem como docentes, bem como veem o profissional de maneira geral, a fim de ser demonstrado de que forma se marcam na e pela linguagem e como por ela manifestam a subjetividade no processo de construção de sua identidade docente.
Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR http://dx.doi. org/10.15448/1984-7726.2016.1.21558 Polifonia linguística: uma proposta de transposição didática para o ensino da leitura assumes that a competent reading is the one, which is able to understand the polyphonic "play" that constitutes the sense of discourse. The main aim of this study is to contribute to qualify the process of development of abilities of reading comprehension of students of the referred level, by means of the polyphonic conception of the sense of discourse, duly transposed to the school universe. To do that, I present for discussion an activity of reading comprehension, whose main objective is to show many voices that compose the sense of discourse.Keywords: Theory of Argumentation in Language; Theory of Polyphony; reading comprehension; didactic transposition.No Brasil, é, no mínimo, lamentável o desempenho da esmagadora maioria dos alunos de nível fundamental, médio, superior e, inclusive, de pós-graduação no que diz respeito à leitura. Se vários processos de avaliação com diversos métodos e instrumentos (PISA, Prova Brasil, ENEM, ENADE, por exemplo) atestam isso, nossa experiência docente comprova diariamente as dificuldades dos alunos em ler e, mais especificamente, em compreender o que é lido, seja o que não está declaradamente expresso, seja, mesmo, o que está manifesto no discurso 1 escrito.Pode-se perceber tais dificuldades não só na leitura de discursos científicos, portanto, mais formais e 1 Uso aqui o termo discurso, ao invés do comumente usado texto, para ser fiel a Ducrot (1984), teórico de base neste estudo, que diferencia essa entidade linguística concreta de nível complexo do texto, para ele, a correspondente entidade linguística complexa abstrata, construída pelo semanticista para descrever o sentido da entidade concreta.
Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons -Atribuição 4. RESUMO: Este estudo teve como principal objetivo a elaboração de uma proposta de transposição didática de alguns conceitos da Teoria da Argumentação na Língua, de Oswald Ducrot, Jean-Claude Anscombre e Marion Carel, com vistas a fornecer subsídios para que estudantes do Ensino Superior aperfeiçoem o desenvolvimento das habilidades de compreensão leitora dos articuladores mas e embora. Partimos da hipótese de que um número significante de universitários ainda precisa aprimorar suas habilidades linguístico-discursivas, para serem proficientes no uso do código escrito, suporte no alcance de seus objetivos de vida. A linguística saussuriana e a Teoria da Argumentação na Língua forneceram subsídios para a descrição semântica dos articuladores mas e embora. Os estudos sobre transposição didática, de Chevallard e Álvarez, foram redimensionados para a proposta de transformação didática, elaborada por Azevedo, visto que a aprendizagem de uma língua pressupõe o desenvolvimento de habilidades e não a formação de conceitos. Acreditamos que a partir desta proposta, novos direcionamentos metodológicos poderão ser pensados em relação ao desenvolvimento das habilidades pressupostas pela compreensão em leitura em diferentes níveis de ensino.Palavras-chave: Educação; Aprendizagem de língua; Compreensão leitora; Semântica Argumentativa; Transposição e transformação didática. ABSTRACT:The primary purpose of this study was to develop a proposal for the didactic transposition of some concepts from the Language Argumentation Theory, by Oswald Ducrot, Jean-Claude Anscombre and Marion Carel, in order to provide undergraduate students with resources to improve their reading comprehension skills of the articulators but and although. The fact that a significant number of students still need to master their linguistic and discursive abilities so as to be proficient in written language usage, support to life goals achievements, was assumption of the research. Saussure's linguistics and the Language Argumentation Theory based the semantic description of the articulators but and although. The studies on didactic transposition, by Chevallard e Álvarez, were revised for the proposal of the didactic transformation, developed by Azevedo, since language learning implies the development of abilities and not concept formation. I reckon that, from this investigation, new methodological directions might be thought towards the development of abilities implied in reading comprehension in all educational levels.
Este artigo tem por objetivo analisar o conceito de gradualidade, criado e desenvolvido pela Semântica Argumentativa, de Oswald Ducrot e colaboradores. Esse conceito foi inicialmente divulgado em 1973, quando da publicação francesa de La preuve et le dire, de Ducrot, no capítulo 13, Les échelles argumentatives, e permanece, é o que tentarei mostrar neste estudo, ao longo das várias versões da Teoria da Argumentação na Língua, incluindo a última, a Teoria dos Blocos Semânticos. A gradualidade é uma relação semântica estabelecida entre palavras, no âmbito do sistema linguístico, a qual fortalece ou enfraquece argumentativamente as expressões assim relacionadas.PALAVRAS-CHAVE: Semântica Argumentativa. Conceito de gradualidade. Evolução do conceito. RÉSUMÉL’objectif de cet article est celui d’analyser le concept de gradualité, crié et développé par la Sémantique Argumentative, de Oswald Ducrot et collaborateurs. Ce concept a été initialement divulgué en 1973, lors de la publication française de La preuve et le dire, de Ducrot, dans son treizième chapitre, Les échelles argumentatives, et il demeure, c’est ce que j’essayerai de montrer dans cette étude, au long des différentes versions de la Théorie de l’Argumentation dans la Langue, y incluse la dernière, la Théorie des Blocs Sémantiques. La gradualité est une relation sémantique établie entre des mots, dans le domaine du système linguistique, qui renforce ou affaiblie argumentativement les expressions ainsi reliées.MOTS-CLÉS: Sémantique Argumentative. Concept de gradualité. Evolution du concept.
Pensar a leitura implica necessariamente pensar a construção/produção do sentido via interlocução leitor/texto; pressupõe, de igual forma, pensar que o sentido não se constrói somente a partir do que está explicitamente dito no texto, mas também (e, muitas vezes, principalmente) pelo que está pressuposto, pelo que está sugerido implicitamente no texto. E pensar assim nos faz refletir não apenas sobre a leitura como objeto de aprendizagem na Educação Básica, mas também (e até prioritariamente) como habilidade a ser constantemente desenvolvida por todo e qualquer sujeito conhecedor, mais especificamente, por aquele que tem por profissão ensinar a ler: o professor. Dito isso, a proposta deste artigo é apresentar e exemplificar, por meio da análise de um fragmento do documento introdutório dos PCN, a concepção polifônica do sentido expressa pela Teoria da Argumentação na Língua, que vem sendo desenvolvida pelos semanticistas franceses Oswald Ducrot e Marion Carel. Acreditamos que a polifonia pode contribuir substancialmente para qualificar a leitura em qualquer nível de instrução ou de formação continuada.
Apprentissage de la compréhension en lecture: proposition de transposition didactique de la Théorie de la Polyphonie et de la Théorie des Blocs Sémantiques T â n i a M a r i s d e A z e v e d o Universidade de Caxias do Sul -UCS -Caxias do Sul -Rio Grande do Sul -Brasil Resumo: Neste artigo trago à discussão uma proposta de ensino da compreensão leitora fundada na Teoria da Argumentação na Língua (TAL), de Oswald Ducrot e Marion Carel. Concebendo a compreensão leitora como uma habilidade a ser constantemente desenvolvida pelo sujeito leitor, penso que a transposição didática da Teoria da Polifonia e da Teoria dos Blocos Semânticos, versões mais recentes da TAL, pode contribuir significativamente para a aprendizagem ou a qualificação da leitura. A ideia que submeto aqui à apreciação da comunidade científica é a de que, por um lado, a concepção polifônica do sentido é capaz de subsidiar o desenvolvimento do nível analítico da compreensão em leitura. Por outro lado, a Teoria dos Blocos Semânticos fornece mecanismos que, devidamente transpostos para o contexto de aprendizagem, potencializam, in thesis, o desenvolvimento do nível sintético da compreensão leitora. Palavras-chave: Ensino e aprendizagem de leitura. Compreensão leitora. Teoria da Polifonia. Teoria dos Blocos Semânticos. Transposição didática.Résumé: Dans cet article je mets en discussion une proposition d'enseignement de la compréhension en lecture fondée sur la Théorie de l'Argumentation dans la Langue (ADL), d'Oswald Ducrot et Marion Carel. En concevant la compréhension en lecture comme une capacité à être développée en permanence par le sujet lecteur, je pense que la transposition didactique de la Théorie de la Polyphonie et de la Théorie des Blocs Sémantiques, les versions les plus récentes de l'ADL, peut contribuer de manière significative à l'apprentissage ou à la qualification de la lecture. L'idée que je présente ici à l'appréciation de la communauté scientifique est celle que, d'une part, la conception polyphonique du sens est capable de soutenir le développement du niveau analytique de la compréhension en lecture. D'autre part, la Théorie des Blocs Sémantiques fournit les mécanismes qui, bien transposés pour un contexte d'apprentissage, favorisent, in thesis, le développement du niveau synthétique de la compréhension en lecture.
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